Número de universidades federais entre as melhores do país cresce mesmo em meio a grave crise financeira

Bruno Alfano 02 Abril 2024

Mesmo em meio a uma grave crise financeira durante a pandemia de Covid-19, as universidades federais ampliaram seu espaço entre as melhores do país, apontam dados divulgados nesta terça-feira, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em 2018, 68% ocupavam as faixas 4 e 5 de desempenho do Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC). Em 2022, 85% atingiram esse patamar.

Esse período analisado foi o de maior aperto orçamentário das instituições. Um levantamento do GLOBO em agosto de 2022 apontou que 17 instituições federais de ensino superior tinham risco de interromper suas atividades até o fim daquele ano por falta de dinheiro para pagar contas básicas, como água e luz. Um valor extra foi liberado para o fechamento das contas daquele ano e, em 2023, o orçamento voltou a crescer com a mudança de governo de Jair Bolsonaro (2019 a 2022) para o de Luiz Inácio Lula da Silva.

O IGC é um indicador de qualidade de universidades, faculdades e centros universitários. Ele leva em consideração cinco aspectos: a nota do Enade (prova que os formandos fazem) de cada curso; o quanto o aluno melhorou do Enem para o Enade; um questionário respondido pelos estudantes sobre as condições de estudo que tiveram; o nível de formação dos professores e o tipo de contratação deles; além da avaliação da pós-graduação que a Capes faz da instituição.

Dos 111 institutos federais e universidades avaliados, 20 ocuparam uma posição entre as melhores instituições do país (faixa 5) e 74 estiveram no segundo melhor nível de desempenho (faixa 4). Os 17 restantes ocuparam a faixa 3. Nenhum ficou abaixo disso.

Estão na faixa 5 as universidades de Brasília (UnB), de São Carlos (UFSCar), de Viçosa (UFV), do Rio Grande do Norte (UFRN), do Paraná (UFPR), de Minas Gerais (UFMG), da Bahia (UFBA), de Pernambuco (UFPE), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Santa Maria (UFSM), do Ceará (UFC), de Santa Catarina (UFSC), do Rio de Janeiro (UFRJ), de São Paulo (Unifesp), de Lavras (UFLA), de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), do ABC (UFABC), do Sul da Bahia (UFSB), além do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e do Instituto Militar de Engenharia (IME).

Entre as instituições privadas, as comunitárias foram as que mais melhoraram nesse período. Em 2018, 37% estavam nos melhores índices, o que pulou para 49% em 2022. Instituições comunitárias são aquelas sem fins lucrativos que pertencente a uma comunidade e aplicam seus recursos integralmente na manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais, sem nenhuma distribuição de dividendos ou bonificações.

Ainda que tenham uma leve melhora, as instituições com fins lucrativos tiveram os piores desempenho entre as privadas. Passaram de 18% nas faixas 4 e 5 para 21%.

Entenda o IGC

O IGC é baseado em dois critérios: a nota que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) atribui à cada curso de pós-graduação da instituição e a média de cada curso do Conceito Preliminar de Curso (CPC), que também é mensurado pelo Inep.

O CPC também é uma reunião de diferentes variáveis: o Conceito Enade tem 20% do peso; a porcentagem de professores com mestrado ou doutorado corresponde a 30% da nota; a percepção do estudante sobre o curso que fez resulta em 15% do índice; e, por fim, o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), que mede a evolução do aluno comparando a nota dele do Enem com a do Enade, tem 35% de peso no CPC.

Depois de quantificar todos esses indicadores, o Inep atribui uma nota a cada instituição e, a partir de uma média dessas notas, distribui as instituições em cinco faixas de desempenho: das piores (faixa 1) para as melhores (faixa 5). Isso significa que, com base nesse critério, é possível afirmar quais são as melhores e quais são as piores instituições de ensino superior do país e o que leva a esse desempenho.

Presenciais x EAD

Neste ciclo do Enade, foram avaliados os seguintes cursos: Administração, Administração Pública, Ciências Contáveis, Ciências Econômicas, Comunicação Social (Jornalismo), Comunicação Social (Publicidade e Propaganda), Direito, Psicologia, Relações Internacionais, Secretariado Executivo, Serviço Social, Teologia e Turismo.

Também foram analisados os tecnólogos de Comércio Exterior, Design de Interiores, Design Gráfico, Design de Moda, Gastronomia, Gestão Comercial, Gestão de Qualidade Gestão Pública, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais.

Nesse grupo, dos mais de 1,4 milhão de alunos matriculados em cursos EAD em 2022, apenas 11,3% estavam registrados em cursos de nota 4 ou 5. Já no ensino presencial, dos mais de 1,5 milhão de estudantes, 42,3% estavam em cursos de nota 4 e 5.

Fonte: O Globo