Andifes discute propriedade intelectual e transferência de tecnologia para inovação e sustentabilidade

A Andifes analisou o cenário sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para inovação e sustentabilidade e defendeu uma política nacional de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) robusta. Ou seja, uma política que assegure, entre outros pontos, financiamento adequado e incentivos a projetos em áreas estratégicas e prioritárias que possam contribuir com o avanço social e econômico do País.

Vice-presidente da Andifes, reitor Valder Steffen Júnior (UFU), na conferência livre do MCTI
Foto: Divulgação

O vice-presidente da Andifes, o reitor Valder Steffen Júnior (UFU), representando a entidade na conferência livre realizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em 26 de março, destacou que, mesmo diante de dificuldades, o Brasil conseguiu montar um significativo sistema nacional de CT&I, entre universidades, centros de pesquisa, empresas, parques tecnológicos e diversos fóruns e grupos organizados.

O reitor avalia, no entanto, que os resultados obtidos, até agora, são insuficientes para atender toda sociedade brasileira porque falta uma política nacional de CT&I abrangente que possa contemplar todas as áreas necessárias para o desenvolvimento socioeconômico, incluindo, por exemplo, produção de energia limpa, acesso à água potável e uso sustentável dos biomas.

“A política nacional de ciência, tecnologia e inovação tem que ser robusta o suficiente para poder acolher o sistema nacional de CT&I e para que esse sistema seja, de fato, produtivo e relevante”, sugeriu o reitor ao ser questionado pela mediadora Samantha Cunha, gerente de política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), como sugestões para a nova Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia.

Papel dos NITs

O dirigente da Andifes analisou ainda a atuação dos chamados NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica) na gestão dos ativos de política institucional de inovação das universidades e na busca de parcerias com empresas para transferência de tecnologia. Para ele, a transferência de tecnologia é um processo em que o conhecimento científico e tecnológico, gerado nas instituições cientificas e tecnológicas (ICTs), é traduzido em produtos, processos ou serviços que podem ser comercializados pelas empresas ou outros parceiros.

Sob essa ótica, o reitor Valder Steffen Júnior acrescentou que os NITs atuam como intermediários facilitando a conexão entre as necessidades e capacidades das empresas e o conhecimento gerado nas ICTs.

“Inovação não é um fim em si mesmo. É consequência daquilo que a universidade realiza em termos de ensino e pesquisa. É chegado o momento em que isso precisa transbordar para atender as necessidades da sociedade de maneira geral”, acrescentou.  

Já o presidente do Fortec (Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia), Gesil Sampaio Amarante Segundo, em sua participação, falou sobre os gargalos que ainda interferem na atuação dos NITs na busca de parcerias de empresas para transferência de tecnologia. Ele pontuou problemas regionais e acrescentou que a política de inovação hoje se concentra principalmente nos grandes centros urbanos.

Vice-presidente da Andifes, reitor Valder Steffen Júnior (direita), presidente do Fortec, Gesil Sampaio Amarante (esquerda) e Samantha Cunha (centro) na Conferência livre realizada pelo MCTI
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O dirigente do Fortec relatou ainda as dificuldades que os NITs enfrentam para contratar e manter pessoal adequadamente capacitado e acrescentou que a relação desses núcleos com o setor empresarial depende muito da região. “A política de inovação não é generalizada e nem atende a todas as regiões.  Não temos uma política de inovação fundamentada”.

O vice-presidente da Andifes, o reitor Valder Steffen Júnior (UFU), que participou da comissão responsável pelo novo PNPG (Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2024-2028), em processo de consulta pública, alertou que o novo plano cobrará cada vez mais impacto das universidades e dos programas de pós-graduação na sociedade brasileira.

“A questão da relação das universidades com o setor empresarial vai aparecer no novo PNPG de forma bastante clara e isso é muito importante para nossas universidades federais”, disse. O reitor, nesse caso, reforçou que as universidades federais já representam 30% da totalidade dos projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) conduzidos pela Embrapii.

A partir da publicação do novo PNPG, na avaliação do vice-presidente da Andifes, a inovação deverá ser olhada com mais atenção e, nesse caso, ele defendeu um alinhamento institucional e esforços conjuntos para que os projetos inovadores brasileiros possam ganhar novos patamares.

O dirigente da Andifes relatou ainda a falta de espaço nas universidades e nos centros de pesquisa capaz de absorver todo o contingente de 22 mil doutores formados por ano. O entendimento é de que o país precisa criar condições para que a indústria possa absorver esses profissionais qualificados.

“É indispensável que nossos doutores possam estar na empresa e, lá estando, as empresas possam perceber a influência e a diferença que os nossos doutores podem fazer, internamente, no processo de desenvolvimento de tecnologia, de criação e de inovação”.

Você pode assitir a conferência na íntegra no canal do Youtube.