‘Um dos filhos mais ilustres da UFMG’, diz reitoria sobre Ziraldo

O criador do Menino Maluquinho morreu neste sábado (6) no apartamento em que morava, no Rio de Janeiro.

Por Jader Xavier, G1 minas — Belo Horizonte

A reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lamentou a morte do desenhista e escritor Ziraldo neste sábado (6). O ‘pai do Menino Maluquinho’ morreu dormindo, em casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele tinha 91 anos.

Ziraldo morreu aos 91 anos — Foto: Foto: divulgação

Ziraldo Alves Pinto se formou em direito na UFMG em 1957, em Belo Horizonte, mas nunca exerceu a advocacia. Por meio de nota, a reitora da instituição, Sandra Regina Goulart, lembrou que o desenhista foi homenageado em vida, como ex-aluno de destaque.

“Ziraldo é um dos orgulhos do Brasil. Gênio do traço e do humor, um dos líderes do Pasquim, ele é um dos filhos mais ilustres da UFMG, formado no curso de Direito em 1957. Em outubro de 2016, Ziraldo esteve na UFMG para um encontro com seus ex-colegas de turma e recebeu a Medalha de Honra como ex-aluno de destaque. Uma homenagem das mais justas a um grande brasileiro que fará muita falta”, diz a nota assinada pela reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart.

A Faculdade de Direito da UFMG também se posicionou, por meio de nota sobre a morte do desenhista e se solidarizou aos familiares e amigos de Ziraldo:

“A Faculdade de Direito da UFMG comunica o falecimento ocorrido hoje, dia 06.04.2024, no Rio de Janeiro, de seu ex-aluno, da turma de 1957, Ziraldo Alves Pinto. A Casa de Afonso Pena abraça a família e os amigos na saudade deste momento e celebra a vida deste homem que com criatividade e alegria coloriu o mundo e criou caminhos iluminados para a reflexão sobre as pessoas e suas relações”

No início da noite deste sábado (6), o Governo de Minas Gerais enviou uma nota de pesar sobre a morte de Ziraldo. O texto afirma que o governador Romeu Zema recebeu a notícia “com o espírito de menino sonhador entristecido” e ressalta que o escritor marcou história com a sua obra.

Ziraldo nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo). Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.

Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez…”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.

Três anos depois, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia sete anos. Tiveram três filhos; Daniela, Fabrizia e Antônio.

Também chargista, caricaturista e jornalista, ele foi um dos fundadores nos anos 1960 do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater a ditadura militar no Brasil.

Menino Maluquinho

Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, foi publicado pela primeira vez em 1980. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos.

A história do personagem ganhou adaptações no cinema e na televisão. Lançado em 1995, o filme do menino com panela gigante na cabeça, vestindo um blazer azul enorme, foi gravado em Belo Horizonte e Tiradentes, na Região do Campo das Vertentes.

O principal cenário do filme é a Rua Congonhas, no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de BH. Quando as gravações ocorreram, em 1994, as casas históricas tombadas – incluindo aquela onde viveu Guimarães Rosa – aparecem intactas e cheias de cor.