Projeto em parceria com outras universidades monitora os impactos nos ecossistemas da região.
Por Túlio Daniel

Pesquisadores enfrentaram ventos de até 100km/h e temperaturas quase negativas para coletar dados. (Foto: arquivo pessoal)
Em um esforço para compreender os impactos das mudanças climáticas, os professores Guilherme Resende Correa, do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (IG/UFU), e Eduardo Osório Senra, do Instituto de Ciências Agrárias (Iciag/UFU), estão entre os pesquisadores de um amplo projeto de pesquisa sediado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). A iniciativa tem como objetivo monitorar as alterações climáticas nos solos afetados pelo congelamento e descongelamento, e os impactos nos ecossistemas ao longo da Cordilheira dos Andes.
O projeto iniciou-se em 2003 por meio do Programa Antártico Brasileiro, com pesquisas de Carlos Ernesto Schaefer, da UFV, na Antártica. Desde 2010, os trabalhos se ampliaram para os Andes. Atualmente, a parceria acontece com o Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFU, com o Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas da UFV, além da participação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Professores da UFU ficaram oito dias em campo e também estiveram na Bolívia e Peru. (Fotos: arquivo pessoal)
Com o aumento das preocupações sobre os efeitos das mudanças climáticas, compreender como esses fenômenos afetam os ecossistemas é crucial. A Cordilheira dos Andes é uma região de extrema importância ambiental e sua vulnerabilidade às mudanças climáticas é motivo de preocupação. “O interesse [pela pesquisa] veio durante nossa formação acadêmica, mas principalmente durante a Pós-Graduação em Solos, que ampliou os conhecimentos e potencialidades da Ciência do Solo para o entendimento do sistema Terra e dos vários componentes da paisagem, todos cruciais à nossa existência”, explica Senra.
No final de março, os pesquisadores estiveram em campo, enfrentando ventos de até 100km/h e temperaturas quase negativas para coletar dados e completar a manutenção de dois sistemas de sensores instalados desde 2011 no Monte Ferrier, localizado no Parque Nacional Torres del Paine, no extremo sul do Chile. “A última campanha durou oito dias e incluiu o download dos dados dos sensores, realocação de um sistema e instalação de placas solares. Além disso, estivemos na Bolívia e Peru no final do ano passado”, detalha o pesquisador.
Pesquisadores da UFU na Cordilheira dos Andes
Os professores destacam que a participação projeta o nome da UFU e eleva o nível científico, com participação em projetos com temáticas de relevância global. “Para a sociedade, de um modo geral, tais pesquisas são cruciais, pois envolvem o entendimento das dinâmicas globais que afetam os serviços ecossistêmicos e bem-estar de todos. Poucos sabem, mas as principais correntes atmosféricas e oceânicas que definem o nosso clima partem das diferenças de pressão e temperatura das regiões polares e frias. Outro efeito direto dessas regiões, especialmente a dos Andes Tropicais, é o impacto nos fluxos hídricos e de sedimentos que afetam o nosso território, como é o caso da Bacia Amazônica que tem suas cabeceiras nos Andes Peruanos e Bolivianos”, finaliza Senra.
Fonte: UFU