UFRGS – População pode ajudar a mapear os impactos dos eventos climáticos recentes no Rio Grande do Sul

Reportagem do Jornal da Universidade mostra ação conjunta de ciência cidadã, pesquisadores do IPH/UFRGS e Univates que recebem relatos e imagens de deslizamentos de terra e locais atingidos pelas cheias

Flávio Dutra/JU-UFRGS

Além de doações e do trabalho voluntário, a população gaúcha pode auxiliar em outra frente no cenário de catástrofe climática, ajudando pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS e da Universidade do Vale do Taquari (Univates) a mapear os danos causados pelas enchentes.

A partir dos relatos e imagens de deslizamentos de terra e outros impactos, os pesquisadores querem identificar áreas que ainda apresentam risco, considerando as chuvas previstas para esta semana. A ideia também é montar um mapa cidadão que futuramente possa embasar estudos científicos e trabalhos técnicos. As imagens e localizações informadas pela população ainda serão cruzadas com dados e softwares especializados para atualização de modelagens.

Com a participação da população, os pesquisadores podem obter um conjunto de dados que, devido aos problemas de acesso e ao tamanho da área atingida pelas enchentes, seriam de difícil obtenção.

Para contribuir, é simples:
1. Vá com o celular até o local onde ocorreu o deslizamento ou onde foi o limite da inundação – atenção à segurança: não se arrisque!
2. Acione pelo whatsapp o número (51) 3308-7976 (é possível fazer isso clicando no link wa.me/555133087976);
3. Na conversa, clique no ícone de clipe e escolha “Localização”, e em seguida “Localização Atual”;
4. Compartilhe a foto do local, clicando no clipe e escolhendo a opção “Câmera”, e em seguida tirando uma foto do local atingido;
5. Você pode incluir mais informações como data e hora da ocorrência, descrição ou qualquer outro detalhe adicional.

Doutorando em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela UFRGS, Alessandro Franck explica que qualquer informação que ajude a identificar os locais onde ocorreram o desastre é bem-vinda. O pesquisador reforça, porém, que as pessoas não devem se colocar em risco para obter os dados.

“A ideia é que elas possam compartilhar informações indo aos locais de maneira segura, ou com dados que tenham coletado em momentos anteriores mas que elas possam identificar o local e a hora”, complementa Gean Paulo Michel, professor do IPH. Ele também ressalta que as pessoas devem ter cuidado para não enviar informações de origem desconhecida, pois isso pode prejudicar a análise que ocorrerá posteriormente.

Gean afirma que a data e a hora das ocorrências é uma informação relevante para os pesquisadores. “Quanto à localização, para inundação o ideal seria que o ponto enviado fosse do local mais alto atingido pelo rio, ou seja, um ponto até onde a margem do rio chegou. Já para os deslizamentos, [o registro] pode ser o local mais próximo que seja possível chegar em segurança”, orienta Alessandro.

“Essas informações são de extrema importância para nós, pois vão nos ajudar a entender a magnitude desse desastre e planejar medidas futuras”, completa o doutorando.

Uma iniciativa similar já ocorreu em setembro do ano passado, quando houve uma grande cheia no Vale do Taquari. Com as contribuições da população, os pesquisadores do IPH e da Univates desenvolveram um mapa atualizado da enchente.

O que é ciência cidadã?

A ciência cidadã é uma modalidade que, a partir da união de tecnologia, atuação de voluntários e trabalho de pesquisadores, possibilita um mapeamento mais amplo de informações em áreas extensas e/ou de difícil acesso. Nesse formato, a população em geral participa do processo científico – não só coletando dados, mas analisando e interpretando informações e contribuindo para a formulação de perguntas e divulgação de resultados.

Leia mais sobre isso em https://www.ufrgs.br/jornal/voluntarios-transformam-vivencia-com-a-natureza-em-base-de-dados-que-aproxima-ciencia-e-sociedade/.

MAIS

Confira neste link mais uma edição especial do Jornal da Universidade, publicada nesta quarta-feira, 8 de maio, com reportagens que mostram a articulação da Universidade e da sua comunidade acadêmica no atual cenário de emergência.

Fonte: UFRGS