Andifes recebe comando de greve e diretoria da Fasubra

Servidoras e servidores-técnico administrativos pediram apoio nas negociações com governo federal.

Presidente da Andifes, Márcia Abrahão (UnB), se reúne com a diretoria da Fasubra – imagem: Beto Monteiro (Ascom UnB)

A presidente da Andifes, Márcia Abrahão (UnB), recebeu nove pessoas do comando de greve das servidoras e servidores técnico-administrativos, que compõem a diretoria da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). Os servidores têm a expectativa que a Andifes possa auxiliar na mediação junto ao Governo Federal para o fim da greve, que já dura quase 90 dias, após ter sido deflagrada em 11 de março. A reunião ocorreu nesta terça-feira (4), no Salão de Atos da Universidade de Brasília.

O pedido da reunião com a presidente da Andifes foi motivado pelo anúncio de um encontro entre o presidente Luíz Inácio Lula da Silva e as reitoras e reitores na quinta-feira (6), remarcado para a próxima segunda-feira (10).

“Estamos à disposição para ajudar a construir os consensos possíveis. Todos nós temos interesse que essa greve termine o mais rápido possível. É um momento difícil para o país e para o governo”, afirmou a reitora Márcia Abrahão, que lembrou ter recebido a Fasubra por duas vezes em reuniões do Conselho Pleno da Andifes. 

A coordenadora da Mulher Trabalhadora da Fasubra, Rosângela Costa (UFMG), destacou que a Andifes apoia a Fasubra desde o início da greve. “Sempre contamos com o apoio da Andifes e da maioria das reitorias. Precisamos destravar essa negociação. Nós temos compromisso com as nossas instituições, mas também com a nossa condição de sujeitos produtores dessa educação pública de qualidade e inclusiva.”

Segundo Rosângela, o movimento considera os desafios que o governo enfrenta e tem uma pauta enxuta do ponto de vista financeiro: reestruturação da carreira e recomposição salarial com início em 2024. “A proposta de reajustar benefícios em 2024 deixa muita gente de fora, especialmente aposentados e pensionistas. Precisamos buscar alternativas para 2025 e 2026 que supram essa ausência de reajuste em 2024, por exemplo”, sugeriu. “Precisamos achar saídas, mas tem uma inabilidade do governo em conduzir essa negociação que está nos deixando sem alternativa senão a continuidade do movimento.” 

A servidora da UnB e do Comando Nacional de Greve da Fasubra, Carla Simone Vizzotto, reforçou as dificuldades com a mesa de negociação. “Aquela visão antiga que tanto combatemos internamente nas nossas instituições com relação a desvalorização dos técnicos, que são considerados desqualificados, repercute na mesa. Muitas vezes, o governo se refere a greve dos docentes, pouco se fala em greve da educação.” A servidora contou que além da diretoria da Andifes, os servidores das universidades foram orientados a procurar as reitoras e reitores de suas instituições.

REUNIÃO COM LULA – Na próxima segunda-feira (10), será realizado o encontro convocado pelo presidente Lula com todas as reitoras e reitores das universidades e institutos federais. “Não conhecemos a pauta da reunião. A nossa expectativa é que seja tratado sobre orçamento e sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das universidades, que ainda não temos nenhuma informação. Esperamos também que seja abordado o tema da greve, mas gostaríamos que até lá já estivesse estabelecido um acordo entre governo e sindicatos”, disse a presidente da Andifes. 

A reitora Márcia Abrahão contou que, em janeiro, a Andifes e o Conselho Nacional de Instituições de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) solicitaram uma reunião com o presidente Lula. Em 11 de abril, o presidente e ministros receberam a diretoria da Andifes para uma reunião menor, que resultou em um encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar do orçamento das universidades. “Nós teríamos reunião na semana passada com o ministro Camilo (educação), mas foi desmarcada.”

Ela contou também que mantém diálogo constante com o ministro da Educação, Camilo Santana, sobre o orçamento. “Me ligou em 28 de dezembro dizendo que ia trabalhar para recompor aquele valor que tinha sido retirado na aprovação da Lei Orçamentária Anual. E realmente foi realizada a recomposição dos R$ 242 milhões. É muito pouco ainda. Mas foi um compromisso que o governo tinha assumido com a Andifes e cumpriu. E todos sabem que não é o suficiente”, reforçou a reitora.

NA UnB – Participaram da reunião, o assessor para Assuntos Estratégicos do Gabinete da Reitora, Benny Benny Schvasberg, e servidores do Comando de Greve e da direção da Fasubra Clodoaldo Oliveira (coordenador de educação), Giovani Giacomini, José Almiran Rodrigues, Lucimara da Cruz (coordenadora de comunicação), Lucineide Paiva, Mary Caroline Ribeiro e Naara de Aragão.