Reitor da UFRN, Daniel Diniz contou com auxílio da Fundação no doutorado e no pós-doutorado, ambos na Universidade de Stanford
José Daniel Diniz Melo é presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É graduado em Engenharia Mecânica e Engenharia Civil pela UFRN, mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade do Maine, nos Estados Unidos, e doutor na mesma área pela também norte-americana Universidade de Stanford, onde foi bolsista da CAPES.
O senhor foi bolsista no doutorado e no pós-doutorado. Fale sobre seus trabalhos para os quais teve bolsa da CAPES.
No doutorado, meu trabalho de pesquisa foi na área de materiais compósitos, que são materiais com amplo espectro de aplicações, incluindo desde estruturas aeronáuticas e aeroespaciais a pás de aerogeradores e implantes médicos. A pesquisa realizada envolveu o desenvolvimento de modelos para caraterização mecânica desses materiais e resultou em vários artigos de publicação científica em periódicos internacionais com revisão por pares.
O estágio pós-doutoral teve também o apoio da CAPES. Tive a oportunidade de desenvolver pesquisas no Departamento de Aeronáutica e Astronáutica da Universidade de Stanford, que contava com professores considerados entre as maiores referências internacionais na área de materiais compósitos. Nesse período, tive oportunidades extraordinárias, como a de realizar pesquisa na Agência Espacial Japonesa, a Japan Aerospace Exploration Agency (JAXA). Lá, estudei temas que envolveram os efeitos da presença de furos na resistência mecânica de placas de compósitos laminados utilizadas em estruturas aeronáuticas e aeroespaciais.
Qual foi a importância da CAPES na sua trajetória? Quanto a Fundação te ajudou a ter uma formação internacionalizada?
O estímulo à internacionalização das instituições de ensino superior promovido pela CAPES foi de grande importância para a minha trajetória profissional. A oportunidade que tive de realizar estudos no exterior me possibilitou ter uma formação com maior inserção internacional. A profícua relação e colaboração com o colega na Universidade de Stanford permanece até o presente e resultou em uma série workshops organizados para participantes de todo mundo, livros publicados e vários artigos em periódicos internacionais com revisão por pares. A partir dessa colaboração, recebi um convite para que me tornasse editor associado do Journal of Reinforced Plastics and Composites, um importante periódico na área. Permaneci como professor/pesquisador visitante do Departamento de Aeronáutica e Astronáutica de Stanford por dez anos.
Hoje, o senhor representa reitores de instituições federais de ensino superior como presidente da Andifes. Quais os principais objetivos da gestão?
A Andifes congrega todas as universidades federais e os centros federais de educação tecnológica (Cefets) do País. Essas instituições são fundamentais para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, e a Andifes é um importante espaço de discussão para formulação de propostas, para a promoção de cooperações e para a articulação junto ao governo federal, Congresso Nacional, Poder Judiciário e organizações da sociedade civil.
As universidades federais têm muitos desafios, mas destaco alguns, como a questão da autonomia didático-científica, administrativa, orçamentária e de gestão financeira e patrimonial. Temos dialogado com o Ministério da Educação (MEC) e representantes no Congresso para buscarmos o adequado orçamento para as universidades federais em 2025. Esperamos avançar também na regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e na ampliação de ações afirmativas e de acessibilidade.
E como reitor da UFRN?
Na UFRN, temos um plano de gestão que busca o fortalecimento contínuo do valor público da instituição, com diretrizes que reforçam o compromisso de avançar na excelência acadêmica, na inovação e no empreendedorismo, na inclusão, na gestão universitária, na valorização das pessoas e na sustentabilidade.
Em que pontos a relação da Andifes (e, consequentemente das instituições) com a CAPES é mais nevrálgica?
O diálogo permanente da Andifes com a CAPES é essencial. Ao longo de décadas de existência, a Associação tem discutido políticas importantes para as universidades federais e para o aperfeiçoamento da pós-graduação no nosso País. Várias temáticas têm sido abordadas, como a formação de professores para todos os níveis de ensino e o fortalecimento das bases científica, tecnológica e de inovação, em consonância com o que propõe o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Destaca-se ainda a internacionalização do sistema de pós-graduação, observando o sistema federal e as especificidades das instituições mais recentes. A redução de assimetrias entre as regiões e entre as instituições é um ponto fundamental, que envolve o fortalecimento da pós-graduação também nas áreas mais distantes dos grandes centros.
Fonte: CAPES