No dia 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A Universidade Federal do Piauí (UFPI) desempenha um papel essencial na inserção no universo da pesquisa científica. Segundo a reitora Nadir Nogueira, as mulheres representam mais de 50% da população brasileira, um índice que se reflete na produção acadêmica das universidades.
“É fundamental criar um ambiente que favoreça a geração de conhecimento e a transferência de tecnologia. Nós, mulheres, temos demonstrado nossa capacidade, assumindo a liderança em laboratórios de grande porte e em diversas áreas da ciência”, destaca a reitora.
Nesse contexto, a UFPI destaca-se como a única Instituição do Nordeste a integrar a proposta coordenada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), intitulada “Conversas entre Meninas e Engenheiras: Construindo Redes”. A iniciativa é coordenada localmente pela professora Luciana Barbosa e tem como vice-coordenadora a professora Mayra Fernandes, ambas do Departamento de Recursos Hídricos, Geotecnia e Saneamento Básico da Universidade.
O projeto “Conversas entre Meninas e Engenheiras: Construindo Redes” tem foco na base escolar, fase em que as dificuldades para ingresso em áreas científicas começam a se manifestar. A iniciativa visa formar uma rede de apoio que fortaleça a presença feminina na Engenharia e na Construção Civil, promovendo cursos de formação sobre gênero, questões étnico-raciais e interseccionalidade. O projeto também incentiva a troca de experiências sobre práticas pedagógicas e de extensão em instituições de ensino básico localizadas na periferia, zona rural, cursinhos comunitários e escolas de aplicação.
Outra iniciativa relevante da Universidade é o projeto “Athena”, coordenado pela professora Fabíola Linard, do curso de Engenharia Elétrica. O projeto tem como objetivo levar conhecimento científico a meninas da educação básica. Surgiu como uma iniciativa de alunas do Programa de Educação Tutorial (PET) de Engenharia Elétrica da UFPI e realiza atividades dentro do próprio bloco do curso. As estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio são introduzidas ao ambiente universitário e estimuladas a considerar as áreas das ciências exatas como opção profissional.
“Percebi uma maior integração entre as alunas do curso nos últimos dois anos; o projeto serve como uma base para elas e também incentiva outras meninas a ingressarem na Engenharia Elétrica. Houve um aumento no número de alunas, mas ainda é pequeno. Por isso, vamos continuar com o projeto para ampliar sua divulgação e impactar ainda mais a comunidade”, afirma a professora Fabíola.

Ellen Vieira, estudante de Engenharia Elétrica e participante do projeto “Athena”, destaca que as aulas priorizam o ensino voltado para a Engenharia Elétrica, mas também incentivam outras áreas correlatas. “As aulas são divididas em três etapas: Ômega, Alfa e Beta, que representam respectivamente ‘Mulheres na Comunidade’, ‘Mulheres do Ensino Fundamental’ e ‘Ensino Médio’. As aulas gratuitas acontecem aos sábados, em módulos que abordam temas como energias renováveis, física, matemática, noções de programação, potência, entre outros”, enfatiza Ellen.
Outra iniciativa de destaque é o projeto “Saphira”, coordenado pela professora Renata Shirley, que busca despertar o interesse de jovens estudantes para a área da Engenharia Civil e contribuir para sua permanência na graduação. Kailane Anchieta, estudante de Engenharia Civil da UFPI e participante do “Saphira”, ressalta que o projeto surge como uma estratégia para reduzir a alta taxa de desistência feminina e aumentar a presença de mulheres na área.
Kailane aponta que ainda há pouca motivação para que mulheres ingressem no setor ou assumam determinadas funções, como construção de materiais e montagem de sistemas, atividades frequentemente associadas ao gênero masculino. Para mudar essa realidade, o grupo realiza experiências práticas e lúdicas utilizando materiais acessíveis, como garrafas PET, amido de milho, papel toalha e copos descartáveis.
“Essas atividades ajudaram as meninas a perceber que podem ingressar na universidade e que têm capacidade para atuar na Engenharia. Para as universitárias, o projeto foi um estímulo para se envolverem em iniciativas acadêmicas, e para as alunas da educação básica, despertou um espírito de liderança e a vontade de entrar em uma universidade federal”, conclui Kailane.
Além dos projetos mencionados, a UFPI possui outras iniciativas que incentivam a participação feminina nas ciências exatas. O projeto “Mulheres Iluminadas: Desvendando o Mundo da Energia Solar”, coordenado pelo professor Marcos Lira, busca estimular meninas e mulheres a seguirem carreira na Engenharia Elétrica, com ênfase na área de energia solar. O projeto “Protagonistas”, coordenado pela professora Nayara Cardoso, valoriza a presença feminina na Engenharia de Produção. O projeto “Faísca”, liderado pela professora Simone dos Santos, fortalece a presença das mulheres na Engenharia Mecânica. Já o projeto “Dorothy Piauí”, organizado por alunas do curso de Computação da UFPI, promove a diversidade de gênero nas áreas de tecnologia. O nome do grupo é uma homenagem a Dorothy Vaughan, matemática estadunidense que se tornou a primeira mulher negra a chefiar um departamento na NASA, ao assumir o comando da West Area Computing Unit.
Por fim, a reitora Nadir Nogueira ressalta a importância de celebrar o 11 de fevereiro. “Quero aproveitar a ocasião para cumprimentar todas as mulheres e meninas que atuam na ciência e na pesquisa. Que a investigação científica continue trazendo soluções para os desafios que enfrentamos nas mais diversas áreas. Parabéns a todas que fazem parte desse universo do conhecimento e da inovação”, conclui.
Fonte: UFPI