UFU, UFMA e UFRGS desenvolvem projeto voltado a detectar e remover resíduos de medicamentos na água

Diversos medicamentos foram utilizados em supostos tratamentos contra a Covid-19 durante a pandemia. A hidroxicloroquina e a ivermectina são exemplos. O uso em larga escala resulta na contaminação de águas naturais com a presença destas substâncias. Um projeto financiado pela CAPES por meio do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) – Impactos da Pandemia busca desenvolver sensores para detectar esses contaminantes em águas, assim como removê-los por meio de processos oxidativos avançados. Abaixo, uma entrevista com Rodrigo Muñoz, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordenador da proposta.

Imagem: Mestre e doutoranda em Química pela UFU, Mayane Carvalho é uma das pesquisadoras do projeto (Arquivo pessoal)

Qual foi o objetivo do projeto?
O objetivo do projeto foi desenvolver sensores para detectar a presença de medicamentos usados no tratamento da Covid-19 em águas, afluentes e efluentes de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) – tanto urbanas quanto hospitalares. Além disso, avaliar o potencial de Processos Oxidativos Avançados (POA) como opção de tratamento complementar aos comumente aplicados em uma ETE visando à máxima degradação desses compostos-alvo e redução da toxicidade.

O que você destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
Nossa pesquisa desenvolveu sensores inovadores e de baixo custo capazes de detectar, na água, medicamentos usados no tratamento da Covid-19. Isso permite um monitoramento mais simples, eficiente e acessível da presença desses compostos no meio ambiente. Além disso, também investigamos estratégias para remover essas substâncias da água de forma eficaz, contribuindo para a redução da toxicidade nas estações de tratamento de esgoto. Dessa forma, oferecemos soluções que ajudam a proteger o meio ambiente e a saúde da população.

Quantos pesquisadores se envolveram no trabalho?
Ao todo são 27 pesquisadores. Da UFU, 5 docentes, 1 pós-doutor e 6 discentes de pós-graduação. Da UFMA, 4 docentes, 4 discentes de pós-graduação e 2 de graduação (Iniciação Científica). Da UFRGS, 2 docentes, 2 pós-doutores e 1 discente de pós-graduação.

Quais os resultados alcançados?
Conseguimos desenvolver soluções simples para a detecção de alguns fármacos que foram amplamente empregados durante a Covid-19, tais como a ivermectina, hidroxicloroquina, paracetamol e nitazoxanida. Como desafios desta vertente do projeto, nós estamos investigando novas estratégias para melhorar a detectabilidade dos sensores usado no monitoramento destes contaminantes em águas. Além disso, com emprego de luz solar e catalisadores em solução aquosa, foi possível promover a degradação destes fármacos em águas com grande eficiência. Também foi possível identificar os produtos gerados deste processo de oxidação avançada e avaliar a toxicidade dos mesmos. 

De que forma esse trabalho pode contribuir com a sociedade?
Este projeto pode trazer importantes benefícios para a sociedade, ao desenvolver métodos simples e baratos para detectar medicamentos na água, especialmente aqueles usados no tratamento da Covid-19. Além de identificar esses compostos, também propomos soluções para removê-los, contribuindo para melhorar a qualidade da água tratada nas estações de esgoto.

Com isso, a pesquisa ajuda a proteger o meio ambiente e a saúde pública. Além disso, promove a conscientização da população sobre como esses contaminantes estão ligados ao nosso dia a dia, à ciência e ao papel dos cientistas na busca por soluções sustentáveis.

Qual a importância do investimento neste tipo de tema?
Investir nesse tipo de pesquisa é fundamental porque traz benefícios diretos para a saúde das pessoas e para a preservação do meio ambiente. Desenvolver novas tecnologias para identificar e tratar contaminantes na água, como medicamentos, é essencial para garantir que tenhamos um futuro mais seguro, sustentável e com melhor qualidade de vida para todos.

Fonte: Redação CGCOM/CAPES)