Um ano após as devastadoras enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024, é essencial relembrar o papel decisivo das universidades federais no apoio à população gaúcha. Desde o início da crise, as instituições de ensino superior, tanto do próprio estado quanto de outras regiões do Brasil, demonstraram uma ação rápida, solidária e comprometida, contribuindo com assistência humanitária e com a produção de conhecimento científico essencial para a gestão de desastres e o enfrentamento das mudanças climáticas.

Durante as Enchentes
Durante os momentos mais críticos, as universidades federais estiveram na linha de frente, organizando campanhas de doação de alimentos, roupas, produtos de higiene e medicamentos. Equipes multidisciplinares, incluindo profissionais de saúde, psicólogos e assistentes sociais prestaram auxílio em abrigos e comunidades afetadas. Espaços universitários foram adaptados para abrigar desabrigados, armazenar donativos e servir como centros logísticos para a distribuição de recursos. Além disso, as universidades produziram e divulgaram informações científicas para apoiar a ação das autoridades locais e orientar a população.
As seis universidades federais gaúchas – UFCSPA, UFPEL, UFSM, Unipampa, FURG e UFRGS – estiveram entre as principais instituições a oferecer apoio às vítimas das enchentes. Mesmo com instalações comprometidas e desafios orçamentários, elas não hesitaram em mobilizar recursos para apoiar as comunidades atingidas e as autoridades locais. A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), situada na região de fronteira, também desempenhou um papel fundamental no auxílio à população gaúcha.
As ações começaram imediatamente após a tragédia, quando chuvas fortes inundaram o estado a partir de 30 de abril. Entre as diversas iniciativas:
- Abrigo e acolhimento: Universidades abriram suas portas para abrigar pessoas desalojadas e prestaram apoio nas áreas de alimentação, saúde e assistência social.
- Campanhas de arrecadação: Foram realizadas campanhas para arrecadar roupas, alimentos, medicamentos e itens de higiene e limpeza, além de recursos financeiros.
- Apoio à saúde: Atendimento médico emergencial foi oferecido tanto a seres humanos quanto a animais, com resgates realizados por equipes de voluntários.
- Previsões climáticas e pesquisas: Pesquisas sobre os impactos do evento climático e modelagem de cenários para a gestão de riscos e prevenção de novas tragédias foram realizadas.
- Apoio psicológico: A comunidade acadêmica também se mobilizou para oferecer suporte psicológico e promover o bem-estar das vítimas.
Algumas ações específicas das universidades federais durante as enchentes:
- UFRGS: A UFRGS acolheu cerca de 600 pessoas em seu Ginásio da Escola de Educação Física e organizou campanhas de arrecadação de alimentos e produtos de higiene. A Faculdade de Farmácia, em parceria com a UFCSPA, arrecadou medicamentos e materiais necessários para a assistência médica. Além disso, o IPH da universidade fez análises diárias sobre a cheia do Guaíba.
- UFSM: Em Santa Maria, a UFSM ajudou na organização de uma rede de assistência, arrecadando alimentos, itens de higiene e criando um abrigo para animais resgatados. A universidade também se dedicou à recuperação do acervo histórico, afetado pelas inundações.
- UFPel: A universidade criou programas de auxílio aos estudantes afetados pelas enchentes e disponibilizou seus próprios espaços para abrigar as vítimas. Além disso, o Centro de Pesquisas Meteorológicas da UFPel (CPPMET) foi essencial para a previsão de desastres futuros.
- FURG: A FURG modelou o fenômeno climático e ajudou na organização de um dos maiores abrigos do município, com capacidade para até 2.000 pessoas. Também lançou um edital de auxílio emergencial para estudantes em situação de vulnerabilidade.
- UFCSPA: A universidade se destacou na prestação de serviços médicos emergenciais, oferecendo atendimento em abrigos e pontos de triagem. Além disso, auxiliou na limpeza de moradias e na produção de mobiliários de baixo custo e colaborou com a logística e apoio psicológico.
- Unipampa: A Unipampa formou um Comitê Técnico para coordenar suas ações de apoio, como a arrecadação e distribuição de doações nas cidades afetadas, além de manter os restaurantes universitários abertos para garantir a segurança alimentar dos alunos.
- UFFS: Mesmo não tendo sido fortemente afetada pelas chuvas, a UFFS se mobilizou para ajudar as cidades vizinhas, oferecendo infraestrutura e transporte para levar doações às áreas atingidas e disponibilizando profissionais para a elaboração de projetos de recuperação.
Campanhas solidárias durante as enchentes:
▶️ Ufersa envia dois caminhões-baú com doações para vítimas no Rio Grande do Sul.
▶️ UFMG – HC doa quase meia tonelada de medicamentos e insumos a hospital de Santa Maria
▶️ UFPB lança campanha para ajudar pessoas desabrigadas após enchentes no Rio Grande do Sul
▶️ UFMS arrecada doações para a campanha SOS Rio Grande do Sul
▶️ UFABC e região fazem campanha de doações para atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul
▶️ UFSC amplia campanha para arrecadação de donativos às vítimas das enchentes no RS
▶️ UFSB apoia População do Rio Grande do Sul
▶️ UFPE recebe donativos para apoiar as famílias do Rio Grande do Sul
▶️ UFPR realiza entrega de donativos para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul
▶️ UFTM lança campanha SOS Rio Grande do Sul
▶️ Univasf realiza campanha para arrecadar doações para o Rio Grande do Sul
▶️ UFRJ cria campanha de arrecadação para vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul
▶️ UFAM arrecada doação em prol das vítimas do Rio Grande do Sul
▶️ UFJF apoia campanha em favor das vítimas das enchentes no RS
▶️ UFG recebe doações para auxiliar vítimas das enchentes no RS
Após as Enchentes: Recuperação e Ações de Longo Prazo
Um ano depois das enchentes, as universidades federais, especialmente aquelas situadas nas regiões afetadas, continuam desempenhando um papel fundamental no apoio à recuperação das populações e das áreas impactadas. Entre elas:
- Recuperação de Acervos: Restauração de documentos e materiais históricos que foram danificados pelas enchentes. Essas iniciativas são essenciais para preservar o patrimônio cultural da região, que sofreu grandes perdas durante o desastre. O trabalho de recuperação busca não apenas resgatar acervos acadêmicos, mas também garantir que a memória histórica da comunidade seja preservada para as gerações futuras.
- Pesquisas Climáticas: Estudo das mudanças climáticas e gestão de riscos, com o objetivo de antecipar e mitigar os impactos de futuros desastres naturais. Diversas universidades estão envolvidas em pesquisas que buscam melhorar os sistemas de alerta precoce e desenvolver modelos climáticos mais precisos. Além disso, há um foco crescente em estratégias de recuperação ambiental e práticas sustentáveis, com o intuito de reduzir os danos provocados por desastres climáticos e preparar melhor as comunidades para eventos extremos.
- Estudos sobre os Impactos ambientais: Pesquisadores analisaram os impactos socioambientais do desastre e propuseram soluções para a prevenção de novos eventos climáticos extremos, além de medidas para a recuperação das comunidades afetadas. Destacam-se as iniciativas para a melhoria dos sistemas de alerta, o planejamento urbano resiliente e a implementação de uma governança ambiental inclusiva.
- Apoio Psicossocial: O apoio psicológico às vítimas das enchentes tem sido uma prioridade para as universidades, que continuam oferecendo suporte contínuo e ações focadas na recuperação emocional e social das pessoas afetadas. As universidades têm promovido atendimentos psicoterapêuticos, implementado programas de reintegração social e apoiado a saúde mental de grupos vulneráveis, como comunidades periféricas.
Essas ações demonstram o impacto positivo das universidades federais no enfrentamento das consequências das enchentes de 2024. Um ano depois, as universidades continuam empenhadas na recuperação das populações e das áreas afetadas, reforçando seu papel essencial na sociedade e na promoção de soluções baseadas em conhecimento e solidariedade.