Brincalhão, dorminhoco e dono do próprio espaço: conheça Silveira, o cão famoso que conquistou o campus da UFSM

Cachorro tem mais de 37 mil seguidores nas redes sociais. Projeto Zelo UFSM cuida de animais abandonados, promovendo castrações, buscando lares responsáveis e educando para a guarda consciente. É estipulado que Silveira tenha cerca de 10 anos.

Quem caminha pelos corredores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) já deve ter se deparado com Silveira: peludo, divertido, um pouco ranzinza com quem ousa invadir seu território, mas sempre pronto para um cochilo sob o sol ou uma escapada até o restaurante universitário.

O cão famoso que conquistou os alunos da instituição tem mais de 37 mil seguidores nas redes sociais e é a estrela do projeto Zelo UFSM, dono de um fã-clube e morador oficial da Biblioteca Central da instituição.

“Dos registros que se tem, é que ele está nesse período de dez anos, mas não saberia dizer quando e como ele chegou, porque já ouvimos várias versões. Hoje, como temos uma equipe maior, é muito mais fácil pra conseguir ter essa identificação com os novos animais”, explica a coordenadora do projeto Zelo, Fabiana Stecca.

Aos poucos, o vira-lata conquistou não só território — com caminha na frente da União Universitária e sofá na Biblioteca Central —, mas também o coração da comunidade acadêmica.

A professora explica que não sabe a origem do nome de registro “Silveira”, mas que o cão também tem vários outros apelidos, como “Podrão”.

“Começaram a dizer ‘Podrão’ porque ele dorme em sala de aula”, comenta.

As fotos de Silveira comprovam o apelido que ganhou. Um dos hábitos preferidos dele está em ficar de barriga para cima para as pessoas fazerem carinho.

Ele também “participa” das atividades do campus. Um vídeo mostra o doguinho em meio à uma aula de capoeira, interagindo com os dançarinos. Veja acima.

Cão Silveira da UFSM dorme durante as aulas dos alunos — Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Cão Silveira da UFSM dorme durante as aulas dos alunos — Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Assim, para alguns estudantes, o animal tem nome e sobrenome “Podrão Silveira“.

Desde então, o perfil nas redes sociais criado pelos alunos só fez crescer a fama. Hoje, Silveira é estampa de adesivos, ilustra calendários e é símbolo da luta por guarda responsável e contra o abandono de animais.

Dono do campus (e das atenções)

Silveira é daqueles que conhecem cada cantinho do campus como a palma da pata. 🐾

Ele tem os blocos preferidos, sabe exatamente quem sai da Casa do Estudante e escolhe com cuidado a quem acompanhar entre uma aula e outra.

Na pandemia, se instalou ao lado do pronto-socorro do hospital universitário e virou amigo dos motoristas de ambulância. Mas voltou para a Biblioteca Central assim que os alunos retornaram. A coordenadora Fabiana explica que ele gosta mesmo é de ficar com o povo.

“Ele sofreu muito com o período da pandemia porque ficamos dois anos sem ter aulas presenciais, então deu aquela esvaziada”, relembra Fabiana.

Cão Silveira na Biblioteca Central da UFSM — Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Cão Silveira na Biblioteca Central da UFSM — Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Silveira também é cão de personalidade. Brinca, corre quando o clima ajuda, mas não é qualquer um que entra no seu “território”.

“Muitas pessoas até falam que ele é bem implicante, mas ele é implicante no território dele, então às vezes ele embravece. Apesar de todo o carinho, ele é bem dono do espaço dele”, comenta Fabiana.

Saúde frágil e uma aposentadoria sonhada

Idoso com idade estimada a mais de 10 anos, Silveira sofre de artrose, já machucou patas e tem medo de carro, de agulhas e de “pessoas de branco”, ou seja, com jaleco de veterinário.

Os tratamentos que podem ser realizados no campus são feitos ali mesmo: o profissional vai até o local, sem uniforme, e aplica as vacinas de forma discreta. No entanto, manter uma rotina de medicação é quase impossível, já que Silveira não se deixa domesticar com facilidade.

Outro cuidado com a saúde do cão faz parte de uma campanha da universidade, que orienta os alunos a não alimentarem os animais com “comida humana”.

O esforço se alinha ao sonho da equipe do projeto Zelo: que ele ganhe uma “aposentadoria“, como chamam.

“É uma vida difícil de estar ao ar livre, todo mundo quer ter um cantinho pra chamar de seu e uma família”, comenta Fabiana.

Projeto Zelo: saiba como adotar

Desde 2014, o projeto Zelo atua no campus da UFSM, cuidando de animais abandonados, promovendo castrações, buscando lares responsáveis e educando para a guarda consciente. Hoje, a contagem de animais registrados no campus é em torno de 80.

Com apoio de bolsistas e voluntários, o projeto faz campanhas, realiza feiras de adoção e promove ações para arrecadação de recursos, incluindo um brechó sustentável, passando por parcerias com empresas locais.

“A gente vive de doações”, expõe a coordenadora.

“Nós não temos um fundo específico, nós fazemos parte da da extensão, nós temos apenas uma verba de recurso público, que é para os nossos bolsistas”, comenta Fabiana.

Apesar da fama, Silveira ainda não encontrou um lar. A professora acredita que o motivo principal seja a idade, já que ele é idoso. No entanto, a equipe do Zelo acredita: há de existir alguém que entenda que adotar um cão mais velho, cheio de manias, é uma forma de devolver ao mundo um pouco do amor que ele espalhou.

Para adotar Silveira ou qualquer outro animal registrado no Zelo é preciso primeiro passar por uma pré-entrevista para conhecer melhor e entender a rotina do candidato. O interesse na adoção deve ser manifestado mandando uma mensagem para o perfil do Zelo no Instagram. Por lá também é possível saber mais sobre o projeto e como colaborar com doações.

Cão Silveira da UFSM — Foto: Arquivo pessoal
Cão Silveira da UFSM — Foto: Arquivo pessoal

Por Madu Brito, g1 RS