Assinatura da ordem de serviço para iniciar obras do campus simboliza reparação histórica e inclusão da Transamazônica no mapa da educação superior.
A Administração Superior da Ufopa protagonizou uma iniciativa histórica que rompeu barreiras geográficas, simbólicas e institucionais, escrevendo de forma definitiva o nome da universidade na trajetória da educação superior no Pará. Lideradas pela reitora Aldenize Xavier e pela vice-reitora Solange Ximenes, as equipes da alta gestão, com técnicos, docentes, pró-reitores e dirigentes de áreas estratégicas, embarcaram juntas em um ônibus institucional e percorreram os 219 quilômetros entre Santarém e Rurópolis, na tarde do domingo, 15 de junho, com o objetivo de participar da cerimônia que autorizou oficialmente o início da construção do primeiro campus definitivo da Ufopa na Transamazônica.
A assinatura da ordem de serviço entre Ufopa e a empresa M. Moraes de Oliveira Eireli ocorreu na manhã desta segunda-feira, 16 de junho, e mobilizou amplamente a sociedade de Rurópolis. Em um clima de celebração e pertencimento, moradores da região testemunharam a concretização de um sonho, que foi a chegada da universidade federal ao território transamazônico, região marcada pela diversidade cultural e por décadas de invisibilidade nas políticas educacionais. A sede da Ufopa em Rurópolis, que começa a ser construída em um terreno doado pelo município, tem previsão de ser inaugurada no primeiro semestre de 2027.
O evento marcou um novo capítulo da educação pública no Sudoeste do Pará, reforçando os laços do governo federal com a interiorização do ensino superior gratuito na Amazônia. A obra do campus de Rurópolis será a primeira do país, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), a erguer uma sede universitária definitiva, com investimento de R$ 25 milhões.
O novo PAC prevê a criação de dez novos campi universitários em todo o país. Rurópolis foi contemplada com uma unidade da Ufopa graças à articulação institucional e política que reuniu esforços da universidade, do Ministério da Educação (MEC), do poder público local e da bancada federal paraense.
A reitora da Ufopa, Aldenize Xavier, ressaltou a importância de pensar a educação de forma estratégica para levar o ensino a quem precisa e agradeceu, especialmente, aos líderes políticos que contribuíram para que um passo tão importante na história da Ufopa se concretizasse: “Se formos olhar só para as demandas atuais de onde estamos implantados, ninguém cria campi novos. Tem que ter a vontade política de fazer e entender que aquela região, se não tiver a formação, é um prejuízo para todo o país. A Ufopa é essa semente que pauta um modelo de desenvolvimento do Brasil que nunca existiu; o modelo que, por várias décadas, diria até por séculos, deixou que a formação do ensino superior fosse centralizada nas capitais”.
A reitora ainda lembrou em que momento no Brasil se abriu oportunidade para se pensar em política de interiorização do ensino superior: “Só se pensou em efetivação de uma política de interiorização desse ensino há pouquíssimo tempo na história do país, há 15 anos, e quando essa história começa, a gente senta à mesa para conversar, e a gente tem lugar de fala e tem a oportunidade de discutir a importância do ensino superior em uma região como a nossa, que diferente do que muita gente pensa, não é uma região com vazio demográfico. Anualmente temos 40 mil alunos no ensino médio que precisam de ensino superior, tanto quanto qualquer outra região em nosso país”.
A vice-reitora da Ufopa e presidente do grupo de trabalho responsável pela implantação do campus, professora Solange Ximenes, destacou a dedicação da equipe envolvida no processo: “A concretização desse projeto só foi possível graças ao trabalho coletivo e ao compromisso com a missão institucional da Ufopa. O Campus Rurópolis representa mais do que uma estrutura física, ele simboliza a interiorização do conhecimento e a valorização das comunidades locais”.
O diretor de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Educação Superior do MEC, Juscelino Pereira Silva, também participou da solenidade e enfatizou a importância estratégica do investimento: “Estamos falando de uma estrutura que, além de ampliar o acesso à educação superior pública, fortalece a interiorização do conhecimento e da ciência. Nossa missão é cumprir o compromisso do presidente Lula e do ministro Camilo Santana de consolidar e expandir nossas universidades federais para todas as regiões, principalmente aquelas carentes de políticas públicas”.
Representando a população local, o prefeito de Rurópolis, José Filho Cunha de Oliveira, celebrou o momento histórico: “A chegada da Ufopa é uma conquista sonhada há décadas. Rurópolis ganha mais do que uma universidade, ganha perspectivas, juventude valorizada e uma nova esperança para as próximas gerações”.
Presente à cerimônia, o deputado federal Airton Faleiro ressaltou o papel do campus no fortalecimento da cidadania amazônida: “A interiorização das universidades é a chave para o desenvolvimento regional sustentável. Rurópolis passa a fazer parte do mapa da ciência, da pesquisa e da formação superior. Isso é justiça social”. Embora o Campus Rurópolis tenha iniciado sua história em gestões anteriores, Faleiro lembrou da luta que chamou de “implacável” feita pela atual reitora, Aldenize Xavier: “A Aldenize foi incansável, foi implacável junto ao MEC para que esse campus viesse pra cá, e isso precisa ser reconhecido”.
A ex-aluna da Ufopa e atual gestora da Escola Almir Gabriel, Giusandra Rodrigues, disse que não tem tamanho a gratidão pela oportunidade de a Ufopa se instalar no município de Rurópolis. Ela reuniu em caravana alguns alunos da escola e marcou presença na assinatura da ordem de construção do prédio: “Estamos gratos por termos uma universidade pública, que trará ensino de qualidade aos nossos estudantes, que a partir de agora estarão mais motivados a pertencerem a uma instituição federal alocada em nosso município, sem que precisem se deslocar para outras regiões”.
A aluna do curso de Agronomia em Rurópolis, Elizandra Scalabrin, assegura que o fato de a Ufopa estar no município evita a fuga de estudantes para outros lugares e pode garantir a permanência da mão de obra local: “Com a Ufopa aqui, as pessoas não vão mais precisar se deslocar para outras unidades, elas estarão em Rurópolis contribuindo com conhecimento. Oriento para que as pessoas façam a inscrição no processo seletivo, que está aberto; participem e não percam essa oportunidade”.
Após os discursos, foi assinada a ordem de serviço para o início imediato das obras, formalizando o compromisso institucional com o cronograma de implantação.
Cursos – O novo campus iniciará suas atividades com dois cursos de graduação: Agronomia e Letras/Língua Portuguesa, já aprovados pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Ufopa (Consepe). O projeto acadêmico-pedagógico tem como foco a formação cidadã e o compromisso com o desenvolvimento sustentável da região. Futuramente, mais quatro cursos deverão ser implantados no Campus Rurópolis.
Estrutura – A área total de construção do campus da Ufopa em Rurópolis é de 3.810 m², espaço que beneficiará aproximadamente 2,8 mil estudantes. A estrutura, de acordo com o superintendente de Infraestrutura (Sinfra) da Ufopa, Vítor Viana, que esteve na solenidade em Rurópolis, “terá quatro pavimentos, compostos por um auditório, biblioteca, seis salas de aula, salas de professores, salas administrativas, laboratórios científicos, além de espaços de vivência, restaurante universitário e urbanização para o campus”.
A solenidade também contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Rurópolis, Maciel Albuquerque (PP), e da deputada estadual Maria do Carmo Martins (PT). Com a criação do Campus Rurópolis, a Ufopa segue firme na missão institucional de integrar ensino, pesquisa e extensão com as demandas socioterritoriais da Amazônia, promovendo inclusão, inovação e respeito à diversidade cultural dos povos da floresta.
Texto e imagens: Albanira Coelho – Ascom/Ufopa