Reitoras de universidades baianas discutem ações para o desenvolvimento do estado

Realizado na Reitoria do IFBA, em Salvador, o encontro reuniu as reitoras da UFRB, UFSB, Uneb, Uefs e IFBA. Juntas, as instituições contam com mais de 90 mil estudantes em municípios de todos os territórios de identidade da Bahia. Entre outros temas, as gestoras avançaram na discussão sobre a proposta de constituição de um Fórum de Reitores(as) para interlocução com as diferentes esferas de governo e o fortalecimento do papel das universidades para o desenvolvimento local e da sociedade baiana.

No último dia 11, a reitora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Luzia Mota, recebeu reitoras de quatro universidades para a Reunião de Reitoras da Bahia. Participaram do encontro a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Angélica Guimarães da Luz, a reitora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Georgina Gonçalves dos Santos e as reitoras da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Adriana Marmori Lima e da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Amali de Angelis Mussi.  Juntas, as instituições contam com mais de 90 mil estudantes em municípios de todos os territórios de identidade da Bahia.

“Nos reunimos para tratar, entre outros temas, da organização das reitorias baianas e como as instituições federais e estaduais podem colaborar com o desenvolvimento da Bahia, pensarmos sobre quais os projetos estratégicos na ciência, na tecnologia, na inovação, meio ambiente e na educação básica, por exemplo, que contribuam para diminuir a pobreza e fortalecer o desenvolvimento do nosso estado”, afirmou a reitora do IFBA, Luzia Mota. Ela explicou que um dos objetivos da reunião foi o de propor e discutir “ações efetivas” que “possam garantir melhores condições de vida para o povo baiano”. 

Luzia Mota, reitora do IFBA

Luzia qualificou como “a pauta mais importante” que foi discutida pelas reitoras a constituição de um Fórum de Reitores e Reitoras da Bahia, “para dialogar com o governo estadual, dialogar com o governo federal, no sentido de termos uma ação mais conjunta e particularmente na pauta do desenvolvimento do estado, e o papel das universidades, dos institutos federais e das universidades estaduais nos projetos estratégicos de desenvolvimento da Bahia”.

Joana Angélica da Luz, reitora da UFSB

“Estamos discutindo a criação de uma agenda para as universidades, para a gente fazer uma discussão sobre o papel das universidades no estado da Bahia, em todos os aspectos, desde o desenvolvimento regional, educação, saúde. Enfim, o que é a universidade, qual é o papel da Universidade e do ensino superior na Bahia, fazendo essa articulação entre todas as universidades”, complementou a reitora da UFSB, Joana Angélica da Luz. Segundo ela, a ideia inicial era realizar uma reunião com todos os reitores, com as reitoras e reitores, mas, como não foi possível, a gente resolveu fazer essa reunião só com as reitoras para a gente tentar impulsionar esse processo”.  

A gestora da Universidade Federal do Sul da Bahia ressaltou a importância dessa articulação – “porque a gente não trabalha isoladamente e nós estamos presentes em todas as regiões da Bahia” -, e explicou que o objetivo “é potencializar e fortalecer a atuação das universidades e do que a gente já faz individualmente também”.

AMBIENTE “ACOLHEDOR”, POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO INFANTIL

O enfrentamento à violência política de gênero e à violência de gênero também esteve em pauta na reunião das gestoras. “São questões que atravessam, não só o desenvolvimento humano e socioeconômico, mas também da melhoria da qualidade de vida das pessoas, fator indispensável para que possamos falar em desenvolvimento”, ponderou a reitora do IFBA, Luzia Mota.

Nessa perspectiva, as reitoras discutiram sobre a proposta de um Protocolo de Acolhimento para mulheres em situação de violência, a realização do Fórum das Universidades baianas e o Fórum Mundial de Mulheres.

Na avaliação da gestora do IFBA, reunir reitoras das instituições públicas de ensino superior para tratar de temas tão caros à área de educação e à sociedade pode ser considerado “um marco para o avanço no enfrentamento à violência de gênero dentro e fora das universidades, na consolidação das políticas públicas para mulheres, no respeito às diversidades e aos direitos das mulheres”.

Georgina Gonçalves, reitora da UFRB

Primeira mulher a ser eleita reitora da UFRB, a professora Georgina Gonçalves, indagada sobre o fato de, na sua experiência como primeira mulher à frente do cargo ter vivenciado algum tratamento ou abordagem específica por conta de ser uma mulher, disse que “a questão de gênero e de violência de gênero atravessa a sociedade como um todo e não é diferente, infelizmente, nas universidades, ainda que este seja um espaço crítico e de debate importante. Lá na universidade, é impossível, no lugar em que estou, escamotear a existência desse tipo de problema”. A reitora da UFRB ressaltou que, entretanto, “para além de reconhecer a existência de problemas relacionados à violência de gênero, a gente precisa ter ações propositivas: resoluções internas, dispositivos internos que protejam e que possam prevenir situações como essa, mas também uma articulação entre nós”. Georgina disse ainda que “estamos nesse momento, desenhando um dispositivo que possa nos deixar próximas das outras instituições para, por exemplo, garantir mobilidade para mulheres que forem vítimas de situações como essa”, e ressaltou que, mais fundamental que “reconhecer que sofremos e somos vítimas de violência, é termos a certeza de que a própria comunidade, que entre nós, nós vamos garantir um ambiente formativo, acolhedor, um ambiente disposto a enfrentar essa questão”. 

Adriana Lima, reitora da Uneb

Na avaliação da reitora da UFRB, ter mulheres à frente de cargos “que emanam poder” é importante “no sentido, inclusive, de ser um dispositivo garantidor do enfrentamento de situações como esta”.

Ao destacar a importância das políticas públicas para as mulheres, a reitora da Uneb, Adriana Lima – que integrou a equipe da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) da Bahia, afirmou que “são políticas assumidas por todas as mulheres que produziram de forma coletiva e que a gente ainda busca a concretização disso enquanto garantia de direitos das mulheres” e defendeu que assegurar recursos para a efetivação das políticas para as mulheres é “pensar que as mulheres têm o lugar dentro da sociedade baiana, brasileira, e que essas políticas precisam deslanchar e ter sustentação, para este coletivo importante que produz a própria sociedade”.

Adriana Lima qualificou a reunião das reitoras como “extremamente importante” por ter reunido cinco mulheres reitoras, “o que significa dizer que nós nos encontramos com o afeto, com a pautas que nos unem, mas também com os desafios que são postos desse lugar de gestão pública de universidade pública, que é fazer educação superior pública na Bahia”.

Amali Mussi, reitora da UEFS

A reitora da Universidade Estadual de Feira de Santana, Amali Mussi, que além da atuação como docente do Ensino Superior e de Pós-graduação, tem experiência na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, falou sobre a importância da formação antirracista e de respeito às diversidades desde a infância e mencionou que, na Uefs,  já é realizado um trabalho “desde a creche com os formadores, as pessoas que trabalham com crianças para que a gente sempre pense na educação antirracista, que tem papel fundamental, até porque a formação de caráter e o desenvolvimento da personalidade são na primeira infância”.

Por Bárbara SouzaFotos: Bárbara Souza e Yuri Conceição (IFBA).