
Iniciativas
Dentre as principais demandas levantadas pelo grupo (e compartilhadas com o público da UnB) estão a promoção de discussões em todos os Centro de Ensino a fim de que professores, técnicos e estudantes possam problematizar as consequências da adoção da IA em suas respectivas áreas; a criação de oportunidades de formação transversal em IA em todos os Centro de Ensino, tanto na graduação quanto na pós-graduação, inclusive para servidores; e a facilitação do acesso às tecnologias de IA por estudantes assistidos pelo Programa de Assistência Estudantil (Proaes/Ufes), por meio da qualificação dos laboratórios de informática da Ufes para uso dessas tecnologias ou da oferta de formação complementar que diminua eventuais desigualdades de acesso e de manejo da IA.
A iniciativa de oferecer uma Oficina de Inteligência Artificial para Apoio aos Estudos para 25 estudantes cadastrados na Proaes foi uma das ações relatadas. Idealizada pela equipe do Departamento de Assistência Estudantil (DAE/Propaes), a oficina foi conduzida por Cristo na Biblioteca Central. “Apresentamos recursos de IA para apoiar as habilidades de estudo desses alunos. Vamos replicar a oficina ao longo dos anos e em outros campi, pois precisamos fortalecer o acesso e o domínio dessas ferramentas dentro desse público, que geralmente tem menos acesso a dispositivos e tecnologias”, ressalta o professor.
Algumas iniciativas relacionadas à inteligência artificial (IA) e seus efeitos na atividade do Design e na educação, que estão em desenvolvimento no âmbito da Ufes, chamaram a atenção de grupos de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB). A convite da universidade, o professor do Departamento de Design, Hugo Cristo, esteve na Faculdade de Comunicação da instituição e apresentou para gestores, professores, pesquisadores e estudantes alguns projetos da Ufes, e falou sobre como o design contribuiu para o surgimento e sucesso das inteligências artificiais generativas (IAGs).
Segundo Cristo, a UnB demonstrou interesse porque “eles estão nos estágios iniciais dos debates nos seus cursos de Design e Comunicação. Estamos adiantados no tema”. Um dos pontos apresentados na palestra Design em tempos de IA generativa foi a discussão promovida pela Superintendência de Projetos e Inovação (Spin/Ufes) sobre o plano de IA da Ufes e a Estratégia Capixaba de IA, que envolve também atores como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e o governo do Estado. O papel do professor, neste plano, é mobilizar outros pesquisadores das áreas de humanidades da Universidade para levantar questões fora das Engenharias: “Realizamos uma série de discussões com professores dos demais centros e identificamos ações necessárias para enfrentar a dimensão humana das transformações causadas pela difusão da IA generativa”.
Outra experiência compartilhada foi o ensino de IA na disciplina Design Computacional do curso de Design da Ufes: “Nosso objetivo é testar e implantar uma disciplina específica de IA na reforma curricular que estamos planejando para 2027. Dados os efeitos da ferramenta na atividade dos designers, acho que precisaremos de uma disciplina específica, com o objetivo não de ensinar a usar IA, mas de construir novas aplicações para ela. Acredito que o curso de Design da Ufes será o primeiro do país a ter uma disciplina específica de IA fora das Exatas”.
Cristo ainda mencionou o Seminário de Pesquisa em Psicologia, do qual participaram 30 estudantes de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP). Entre os meses de abril e maio, os participantes tiveram contato com informações sobre origens e evolução das IAs como objeto de estudo da Psicologia; produtividade e pesquisa com IA em Psicologia; consequências dos modelos atuais de IA para o estudo da cognição humana; e limites e possibilidades da IA para a prática do psicólogo. Os textos e vídeos utilizados neste evento podem ser consultados gratuitamente neste link.
Intercâmbio
Para o professor, o convite da UnB foi importante, por manter o intercâmbio de ideias e o diálogo entre as universidades. “A gente precisa estreitar esses laços entre as instituições de ensino federal, pensar no que fazer para enfrentar os desafios da educação atual. Temos uma série de questões acontecendo na nossa frente, muitas mudanças foram iniciadas na pandemia e a aprendizagem pela tecnologia é irreversível. A troca de experiências é fundamental, especialmente no nosso caso, em que o curso de Design é mais novo [surgiu em 1998]. Acho que tanto os alunos da UnB quanto os da Ufes se beneficiam desse intercâmbio”, destaca.
Texto: Adriana Damasceno. Edição: Thereza Marinho