UFSC liga Florianópolis a Salvador e Colômbia em vídeo-cartas de crianças por meio da extensão

Alunos irão produzir vídeo-cartas sobre os seus territórios (Fotos: Acervo do Projeto)

Um projeto de extensão da pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina está unindo cinema, arte e letramento digital para possibilitar que crianças e jovens se expressem em vídeo-cartas sobre seus territórios. O Cine.edu, coordenado pela professora Andréa Scansani, do curso de Cinema e do Programa de Pós-Graduação em Literatura, desenvolve uma série de atividades, no formato de oficinas, para que os participantes registrem histórias, paisagens e costumes do lugar onde vivem.

A iniciativa busca, também, que eles desenvolvam um olhar crítico sobre o território e troquem experiências com crianças e jovens de diferentes contextos. A Escola da Infância Professora Neuza Paula da Silveira, no bairro Ingleses, em Florianópolis, tem vivenciado as atividades como parte das aulas de informática da professora Nali Pedroso Nunes. Nos dias 6 e 8 de agosto, estudantes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas foram a Salvador para promover a troca com os alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Professora Marileine da Silva, no bairro Mata Escura, em Salvador, Bahia. As atividades foram realizadas em parceria com a professora de artes, Lilian Santos

A proposta, segundo explica Luz Mariana Blet, doutoranda em Antropologia Social, estudante de Cinema e integrante do Cine.edu, é fazer com que os estudantes troquem suas vídeo-cartas. Em Florianópolis, são aproximadamente 16 encontros com turmas do 5º ano. “A proposta foi inserida no plano de ensino da professora de Informática, de modo que venha colaborar com o letramento digital, estimular um pensamento crítico e a valorização da diversidade cultural”, comenta.

Segundo a pesquisadora, a escola tem muitos estudantes estrangeiros e crianças migrantes de outras cidades e estados. “Então, a gente adotou como temática norteadora a discussão sobre território, onde essas crianças vão criar essas cartas falando sobre seus territórios para crianças de outra localidade”, explica.

Crianças também aprendem sobre diversidade e cultura

Nas atividades conduzidas pelo projeto da UFSC, ocorre também a participação de convidados, como a do venezuelano que atualmente reside na Colômbia, Rafael Sifontes Bracho, do projeto Cine Caribe. “É um projeto de cinema comunitário com crianças lá na região da Guaquira, na Colômbia. Então, a presença de Rafael foi fundamental para abordar essa questão do respeito das diversidades culturais”, pontua. Agora, Rafel também irá realizar oficinas com os jovens que seu projeto atende e enviar vídeo-cartas para as crianças de Florianópolis.

Segundo Luz, a escolha dos convidados da oficina tem o objetivo de falar sobre diversidade e território, já que existem crianças venezuelanas na escola que sofriam bullying e tinham problemas com os colegas por conta do idioma. Ver um venezuelano na posição de professor, compartilhando experiências positivas, foi uma atividade considerada rica pelos participantes do projeto.

Diversidade

A partir de uma viagem virtual via Google Maps, Rafael apresentou às crianças de Florianópolis seu local de origem e a região onde vive atualmente, destacando também as distâncias geográficas em relação ao nosso território. Em seguida, contou sobre seu projeto inicial Cine Playa, que promovia oficinas e sessões de cineclube em uma praia da Guajira. Ele falou também sobre suas produções audiovisuais, seus podcasts e, atualmente, sobre o trabalho com o Coletivo Cine Caribe, com o qual realiza oficinas, exibições e produções de curtas-metragens. Um dos vídeos apresentados mostrava o território por meio de um passeio de bicicleta, proporcionando uma perspectiva afetiva e sensorial do lugar.

Outra convidada foi a jornalista e doutoranda em Antropologia, Priscila dos Anjos, que ministrou uma oficina de entrevistas. O fato de Priscila ser uma mulher negra, formada em jornalismo, conforme a pesquisadora, também gerou identificação com as crianças durante a atividade.

Além das oficinas e atividades com vídeo-cartas, o Cine.edu desenvolve ações de formação de professores, oficinas audiovisuais, debates cineclubistas sobre realidades latino-americanas e integração sociocultural de estudantes intercambistas, atuando em escolas, espaços culturais e comunidades para promover o cinema como ferramenta de educação, reflexão crítica e troca de saberes

Em Salvador, as oficinas foram conduzidas por integrantes do Coletivo Panelinha Audiovisual, formado por pesquisadores e realizadores audiovisuais vinculados à UFSC. A atividade foi ministrada por Luz Mariana Blet, Éder Braz, Aruanã do Amaral Gomes e Jefferson Vieira, todos mestrandos e doutorandos da UFSC, com atuação em fotografia, artes visuais, música e audiovisual.

Fonte: UFSC