Durante a 207ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Andifes, realizada nos dias 24 e 25 de setembro em Belém (PA), os reitores das universidades federais debateram os principais desafios relacionados aos hospitais universitários, em diálogo com representantes dos ministérios da Saúde e da Educação.

Evellin Bezerra da Silva, diretora de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde, e Lucia Pellanda, coordenadora-geral de Relações Estudantis da SESU/MEC, apresentaram o novo modelo de certificação de hospitais universitários e o Exame Nacional de Residência (Enare).
Os dirigentes das universidades federais destacaram dificuldades recorrentes, como a escassez de campos de prática, a situação das universidades que não possuem hospitais próprios e a necessidade de maior apoio estrutural. Outro ponto de destaque foi a diferença de concepção entre a gestão hospitalar e a lógica acadêmica: enquanto a primeira tende a priorizar resultados financeiros, as universidades têm como missão central a formação de profissionais e a produção de conhecimento.
A Andifes apresentou ainda um levantamento dos hospitais que já recebem estudantes de universidades federais sem hospital próprio, a ser utilizado como base para credenciamento e fortalecimento dos campos de prática.
O debate em Belém deu continuidade a uma pauta discutida em junho, em reunião da Andifes em Brasília com o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Felipe Proenço. Na ocasião, foram abordados a nova portaria conjunta de certificação dos hospitais de ensino, a priorização das instituições públicas no processo, a ampliação de campos de prática para estudantes das universidades federais e o financiamento das bolsas de residência médica, incluindo a regulamentação do auxílio-moradia para residentes.
Nesse sentido, o reitor Demetrius da Silva (UFV) ressaltou: “Desde 2018, a Comissão das Universidades sem Hospitais da Andifes vem demandando a publicação dessa portaria. Sua publicação representa um gigantesco avanço que vem preencher uma lacuna dramática vivida por todas as universidades que têm cursos de medicina e outras da área de saúde, mas não têm hospital universitário próprio. Aguardamos com ansiedade as portarias complementares para que possamos estabelecer as parcerias necessárias, que certamente vão contribuir muito para a excelência da formação oferecida pelas universidades públicas.”
Evellin Bezerra reafirmou o compromisso do Ministério da Saúde em revisitar os processos, propor complementações que contemplem as especificidades das universidades e avaliar novas medidas para atender às particularidades das instituições. Ela também destacou a atuação de uma Comissão Interministerial entre MEC e MS. A Andifes, por sua vez, propôs a criação de um Grupo de Trabalho permanente para tratar de forma sistemática as questões ligadas aos hospitais universitários.
Assim, o encontro em Belém reafirmou a importância do diálogo contínuo entre Andifes e governo federal na busca de soluções conjuntas para fortalecer a formação em saúde, a pesquisa e o papel estratégico das universidades federais no desenvolvimento e fortalecimento do SUS.