4º Tech Talks das Federais aponta governança de TI como pilar estratégico para o futuro das universidades

Evento organizado por CGTIC/ANDIFES e Unifesp reuniu mais de 470 inscritos e destacou a importância do alinhamento entre tecnologia e a missão acadêmica, com palestras do MEC e da própria Unifesp

Debatendo um tema de alta relevância para a comunidade acadêmica e para o setor de tecnologia, a quarta edição do “Tech Talks das Federais” reuniu uma audiência engajada de todo o país e colocou em pauta um tema decisivo para o futuro das instituições de ensino superior: “Governança de TI em universidades: alinhando tecnologia e missão acadêmica”. A abertura do evento foi realizada pela vice-reitora da UNIFESP, Lia Rita Azeredo Bittencourt, e por Lidiane Cristina da Silva, presidente do CGTIC-ANDIFES. Realizado em 25 de setembro de 2025, o encontro online atraiu 472 inscritos e alcançou um pico de 360 espectadores simultâneos, evidenciando a urgência da discussão, que ocorre em paralelo a uma auditoria do TCU sobre gestão e governança de TI nas federais.

A organização, liderada pelo Colégio de Gestores de TIC (CGTIC/ANDIFES) e pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com coorganização nessa edição do Ministério da Educação (MEC), trouxe visões complementares sobre o cenário atual.

Na palestra principal, Marco Fragoso, Subsecretário de TIC do MEC, defendeu que a TI precisa urgentemente gerar valor que seja claramente percebido por alunos, professores e servidores, pois sem essa percepção, o investimento não é reconhecido. Ele frisou a importância de separar a governança (estratégica, “o que fazer”) da gestão (operacional, “como fazer”), para que as tarefas do dia a dia não anulem o pensamento estratégico. Segundo Fragoso, o Plano Diretor de TI (PDTIC) não deve reinventar a estratégia, mas sim detalhar como a tecnologia atenderá ao planejamento já definido pela alta administração. Ele detalhou os desafios crônicos da rede, como a falta de pessoal e a dificuldade em reter talentos, além da falta de patrocínio da alta gestão, que resulta em orçamentos que cobrem menos de um terço do necessário. Apontou também a lentidão nos processos de contratação, que faz com que a tecnologia já chegue defasada, e o desperdício gerado pela falta de padronização, como a existência de três ERPs diferentes nas federais. Por fim, reforçou que o MEC atua como um parceiro, apoiando o ecossistema via fóruns como o CGTIC, sem impor políticas.

Como exemplo prático de superação, Alexsandro Carvalho, Diretor de Governança de TI da UNIFESP, apresentou o relato técnico da reestruturação na universidade. Ele descreveu a jornada de transformação de uma TI fragmentada, com equipes isoladas em cada campus, para um modelo centralizado e coeso. A mudança, construída por meio do diálogo e da pactuação, resultou no fim da redundância de esforços e na padronização de soluções. Segundo Carvalho, o Programa de Gestão e Desempenho (PGD) foi fundamental para estruturar a mudança, focando a gestão em entregas e planejamento. Um modelo inovador de trabalho compartilhado permitiu que talentos antes subutilizados em campi remotos pudessem contribuir em projetos estratégicos para toda a universidade.

O evento também reconheceu o forte engajamento da rede. A anfitriã, UNIFESP, liderou com 94 participantes. O MEC ficou em segundo lugar, com 29 inscritos, seguido pela UFPR, com 14. O top 10 de instituições com mais participantes incluiu ainda UFRN e UFTM (11), UFCA e UFF (10), UFT (9), UFRJ (8) e UNIFAL-MG (7). A colaboração, como apontado no evento, segue sendo o caminho para otimizar recursos e fortalecer o ecossistema de TI das federais.

Escrito por: Fábio Luís Falchi de Magalhães – Coordenação científica do Tech Talks das Federais – Colégio Gestor de TIC das Universidades Federais (CGTIC) – ANDIFES.