Por: Vitória Marcelino
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará, inicia nesta segunda-feira, 10 de novembro. O evento reúne mais de 50 mil participantes e líderes do mundo todo para debater soluções contra o aquecimento global e fortalecer políticas de adaptação à crise climática. Entre as contribuições que chegam ao encontro está a Carta de Uberlândia, documento feito de forma coletiva durante a Pré-COP 30, sediada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Durante a Pré-COP 30, realizada no dia 31 de outubro, foram promovidas atividades que reuniram representantes de movimentos sociais, comunidades tradicionais, pesquisadores e a sociedade civil para debater desafios e soluções diante da crise climática global. Durante o evento, uma dinâmica reuniu mensagens e propostas que serão levadas até o evento internacional.

O encontro incluiu mesas de debate, palestras e grupos de trabalho, que discutiram cinco eixos principais: mitigação, adaptação, justiça climática, governança e educação ambiental, e transição ecológica. “O objetivo é conectar movimentos coletivos, organizações socioambientais e a sociedade civil. Esses diálogos são fundamentais para ouvir as realidades locais e propor soluções que possam ser levadas à COP30”, destacou Samara Carbone, do Observatório de Política Ambiental da UFU e uma das organizadoras da Pré-COP.

Samara Carbone durante abertura da Pré-COP – Foto: Vitória Marcelino

O evento foi marcado pela diversidade de saberes e experiências. Para Gabriel Miranda, da Comissão da Amazônia dos Povos Originários e Tradicionais, a construção de políticas climáticas deve nascer do diálogo com as realidades locais: “Nossa proposta é trazer essa discussão para o cotidiano das pessoas, para o trabalhador e para o território.”

Representantes da cultura popular e dos saberes tradicionais também estiveram presentes no encontro. Iara Aparecida, madrinha do Moçambique Estrela Guia e representante do Congado de Uberlândia, ressaltou que sustentabilidade e ancestralidade caminham juntas. “Falar de Meio Ambiente é falar da nossa própria existência. Pensamos nas próximas gerações e na conscientização sobre o planeta que deixaremos para nossos filhos e netos”, afirmou a congadeira.

Também esteve presente a Cacica Kawany Tupinambis Yberaba, que além de participar da fala inicial de abertura, em entrevista reforçou um dos aspectos mais importantes da Pré-COP 30: que discutir o clima também é debater a continuidade da vida: “Se não buscarmos soluções agora, sofreremos com a falta de oxigênio e o aumento das doenças. Precisamos de sabedoria e união para salvar o planeta.”

Cacica Kawany Tupinambis Yberaba, durante a Pré-COP 30 – Foto: Vitória Marcelino

O texto da Carta inclui todas essas reflexões e contribuições, além de pautar outros temas, como as recentes enchentes na cidade — não apenas na Avenida Rondon Pacheco, mas também em bairros periféricos mais vulneráveis — e as ondas de calor extremo que têm afetado Uberlândia e todo o Triângulo Mineiro.

Em paralelo às discussões, a Feira de Economia Popular Solidária reuniu empreendimentos locais vinculados ao Fórum Regional de Economia Popular Solidária do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, com apoio do Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (Cieps), Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). O espaço apresentou produtos agroecológicos, artesanato e culinária popular, promovendo o consumo consciente e o fortalecimento das economias locais.

Observatório de Política Ambiental da UFU / Foto: Vitória Marcelino

UFU como espaço de diálogo e transformação

A COP 30, que está sendo realizada em Belém do Pará, marca a primeira edição sediada na Amazônia, destacando o papel estratégico das florestas tropicais, dos biomas brasileiros e dos povos tradicionais na luta contra as mudanças climáticas.

Ao sediar a Pré-COP 30, a UFU reafirma seu compromisso como instituição pública a serviço da sociedade brasileira, comprometida com a promoção do conhecimento, o fortalecimento da democracia participativa e o desenvolvimento sustentável.

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