A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), por meio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Naebi), está presente na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), em Belém (PA), com o painel “Justiça Climática e Mineração: Diálogos sobre os casos Samarco (Mariana-MG) e Braskem (Maceió-AL)”. A apresentação acontece nesta terça-feira (18), no pavilhão Ciclo dos Povos.

A professora Deborah Kelly Nascimento Pessoa, do Departamento de Administração da UFOP, e o artista mineiro Marcelino Xibil conduzem a exposição, que combina mostra teórica e artística. O trabalho é resultado do estágio pós-doutoral da professora na Universidade de Brasília (UnB) e conta com a parceria da Casa de Cultura Negra de Ouro Preto, do Movimento Negro de Mariana e do Cotidiano Fotográfico.
TRAJETÓRIA – Natural de Maceió, Deborah cresceu em uma das áreas afetadas pelo caso Braskem, onde a extração de sal-gema pela empresa provocou instabilidade no solo, levando à desocupação de mais de 14 mil imóveis e afetando aproximadamente 60 mil pessoas. Desde 2010 atuando como professora de Administração na UFOP, em Mariana, testemunhou em 2015 os impactos do rompimento da Barragem de Fundão, que vitimou 19 pessoas e causou destruição ao longo do Rio Doce.
ARTICULAÇÃO – A similaridade entre os casos de Mariana e Maceió motivou a pesquisa “Crimes Socioambientais e as Lógicas das Respostas às Crises: Teorizando os Desastres da Samarco e da Braskem”, que Deborah desenvolve atualmente. Ambos os eventos evidenciam impactos ambientais e sociais decorrentes da lógica extrativista, com graves consequências para populações vulneráveis. O coordenador geral do Neabi, Clézio Roberto, destacou a relevância do estudo na COP 30 como “uma proposta de debate e reflexão sobre o racismo ambiental, que afeta a qualidade de vida da população e agrava as desigualdades”.
VULNERABILIDADE – Dados do sexto relatório de mudanças climáticas do IPCC das Nações Unidas indicam que populações vulneráveis têm 15 vezes mais chances de morrer em decorrência de eventos extremos. A apresentação de Deborah na COP30 se configura como oportunidade para reflexão de líderes, acadêmicos e gestores públicos sobre esses desafios urgentes.