O primeiro dia da 203ª Reunião do Conselho Pleno da Andifes foi marcado por debates relevantes sobre a promoção da equidade de gênero. O evento, que teve início nesta quarta-feira (22), com o seminário “Políticas Universitárias e de Gestão para Promoção da Equidade de Gênero nas Universidades Federais”, foi realizado na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Ouro Preto (MG). A programação segue até a quinta-feira (23).








Na primeira etapa da programação, reitoras e vice-reitoras compartilharam experiências, discutiram os desafios enfrentados pelas mulheres na gestão universitária e celebraram a oportunidade de participar desse momento significativo, que deve resultar na elaboração da Carta de Ouro Preto. O documento trará diretrizes e estratégias para avançar nas políticas de promoção da igualdade de gênero nas universidades federais.
O papel das universidades
Em outro momento do seminário, reitoras e reitores receberam a ministra Cármen Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A presidente do TSE destacou a relação entre educação e democracia e o papel das universidades nesse contexto, indo além dos muros e provocando mudanças estruturais nos modelos de convivência de gênero: “A ideia é de que façamos uma campanha de educação pela paz a partir de casa, pois em cada casa há um estudante. E as universidades, que projetam para si o universo da sociedade em forma de educação, contribuírem no sentido de alcançarmos uma pacificação maior”, concluiu.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, apresentou dados sobre a violência contra a mulher e ressaltou o papel do ensino superior na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária: “Gostaria de salientar a importância da participação e do comprometimento das instituições de ensino superior no atingimento das metas da agenda 2030 da ONU, especialmente no que diz respeito ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5, que trata da igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas”, afirmou.
Troca de experiências
Wanessa Mello, representante do Tribunal de Contas da União (TCU), compartilhou o levantamento realizado pelo órgão sobre sistemas eficazes para prevenir o assédio em organizações, mostrando boas práticas adotadas por universidades federais. Segundo Wanessa, a expectativa é de que “o trabalho possa funcionar como um indutor para que as universidades federais sejam pioneiras na implementação da legislação (em especial, a Lei 14.540/2023, que institui o Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Sexual e demais Crimes contra a Dignidade Sexual e à Violência Sexual no âmbito da administração pública)”, ponderou.
A pró-reitora adjunta de Assuntos Comunitários e Estudantis da UFRRJ, Joyce Alves (UFFRJ), compartilhou iniciativas implementadas pela universidade, como um canal de denúncias, campanhas de combate à violência sexual e de gênero e a Cartilha de Prevenção às Violências. A universidade também adotou política de cotas para pessoas trans.
Flávia Máximo, ouvidora da Ouvidoria Feminina da UFOP, detalhou a implementação de uma ouvidoria da mulher e a realização de diagnósticos, campanhas e um protocolo de acolhimento adotado pela universidade. Além disso, foi desenvolvido um aplicativo com o objetivo de identificar locais seguros e não seguros para mulheres, que também serve como canal de denúncias.
Participação feminina na educação, ciência e tecnologia
A presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Denise Carvalho, apresentou um diagnóstico da participação feminina na pesquisa científica e nos cursos de pós-graduação, destacando o fato de que, mesmo em áreas ocupadas majoritariamente por mulheres, elas ainda encontram pouco espaço em cargos de liderança. “Precisamos avançar na redução da desigualdade social do Brasil, e tenho certeza que as universidades federais são a chave desse cofre. A redução da desigualdade social passa pelas universidades federais, que são o local do ensino, da pesquisa e extensão”, refletiu.
Andréa Latgé, secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, destacou os principais fatores que afastam meninas e mulheres da STEM: estereótipos de gênero, culturas masculinas excludentes e a falta de modelos femininos. Ela também mencionou o “efeito tesoura” na pesquisa e pós-graduação, que reduz a proporção de mulheres à medida que a carreira acadêmica avança, e reafirmou a disposição do ministério em firmar parcerias com as universidades federais: “A ciência do Brasil é feita dentro das universidades e queremos ser parceiros para construir um país mais justo e melhor”, disse.
Compromisso com a igualdade
O evento reforçou o compromisso das universidades federais, por meio da Andifes, em liderar iniciativas que promovam a igualdade e o respeito, consolidando a educação como uma ferramenta essencial para a transformação social.