Com a presença do reitor Custódio Almeida e da vice-reitora Diana Azevedo, o momento relembrou a trajetória da cearense na luta pelos direitos das mulheres e pela condenação de seu agressor

Agora Maria da Penha se soma a outras doutoras, como as escritoras Rachel de Queiroz (1981) e Ana Miranda (2015), a médica e pesquisadora Mary Flowers (2023) e, mais recentemente, a pedagoga Ruth Cavalcante e a cantora Maria Bethânia (ambas em 2024). Foto: Guilherme Silva/UFC
Em retorno à Universidade Federal do Ceará (UFC), a farmacêutica e ativista pelos direitos humanos e direitos das mulheres, Maria da Penha Maia Fernandes, a Maria da Penha, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará, na noite desta quinta-feira (20). Com a presença do reitor Custódio Almeida e da vice-reitora Diana Azevedo, o momento relembrou a trajetória da cearense. Ela dá nome à Lei nº 11.340, que modificou o Código Penal após anos de luta pela condenação de seu agressor e por justiça em casos de violência contra a mulher e feminicídio.
A cerimônia contou também com a presença de autoridades, incluindo a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Conforme a instituição de ensino, depois de Maria Bethânia, em novembro do ano passado, Maria da Penha foi a sexta mulher, em 70 anos de UFC, a receber uma das principais honrarias da instituição.
A ativista, que fez parte da primeira turma do Curso de Farmácia, relembrou sua história com a UFC, onde iniciou sua vida acadêmica. O título Honoris Causa é concedido a personalidades de fora da Universidade que tenham contribuído de forma notável nas ciências, no ensino, na cultura ou na política e que tenham beneficiado a humanidade. “É um sentimento emocionante pelo reconhecimento. Eu merecia esse título, então eu sei que eu represento esperança para muitas mulheres, minha luta contribuiu para que mulheres vivessem livres, longe da violência, e isso me emociona porque e tô recebendo uma homenagem por algo que sofri e eu não me calei”, comemorou.
Agora Maria da Penha se soma a outras doutoras, como as escritoras Rachel de Queiroz (1981) e Ana Miranda (2015), a médica e pesquisadora Mary Flowers (2023) e, mais recentemente, a pedagoga Ruth Cavalcante e a cantora Maria Bethânia (ambas em 2024).
LUTA POR JUSTIÇA
Farmacêutica bioquímica formada pela UFC, Maria da Penha foi vítima de diversas agressões domésticas por parte de seu então marido, Marco Antônio Viveiros, que culminaram com uma dupla tentativa de feminicídio, ainda em 1983.
Ela conseguiu sobreviver, apesar de ter ficado paraplégica, com diversas complicações físicas e traumas psicológicos. A partir do trauma, Maria da Penha deu início a uma longa batalha judicial para conseguir justiça pelos crimes. Embora tenha sido condenado duas vezes na Justiça, o ex-marido seguiu em liberdade. A ativista relatou sua história por meio do livro “Sobrevivi… posso contar”.
Por sua persistência, chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 2001, após quatro ofícios sem resposta, o Estado brasileiro foi responsabilizado pela Comissão Interamericana por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra mulheres. Três anos depois, após aprovação do Congresso Nacional, o Poder Executivo sancionou a Lei nº 11.340/06, com o nome de Maria da Penha, que trata do combate à violência doméstica e familiar contra a mulher.
Fonte: Direto ao Ponto/ CE