UFPel e Museu do Hip Hop selam acordo de cooperação técnica, científica e cultural

Promovendo a cultura hip hop em seus processos formativos, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) firmou acordo de cooperação técnica, científica e cultural com o Museu do Hip Hop, entidade com sede em Porto Alegre. A partir de agora, as instituições unem forças para desenvolver atividades de ensino, pesquisa, extensão e outras ações de interesse mútuo que incentivem encontros de saberes e dialoguem com as práticas, artes e ofícios relacionados ao contexto ampliado da cultura hip hop.

O documento foi assinado na manhã desta sexta-feira (04), na presença de representantes das duas entidades e da Prefeitura de Pelotas, que apoia a iniciativa, servidores, estudantes e, especialmente, de agentes da cena hip hop local.

A intenção é que as diferentes formas de conhecimento se unam em uma rede colaborativa, especialmente envolvendo a comunidade e a Universidade. A reitora, Ursula Silva, enfatizou a proximidade com as escolas, espaços de formação e de consciência, como uma tarefa importante para as articulações com o movimento, reconhecido pela crítica social e reflexão. Segundo ela, o trabalho que a UFPel desenvolve em 94 educandários do município será uma significativa parceria. “O Museu do Hip Hop é uma referência nacional, o que significa ‘puxar’ políticas públicas para a organização de uma rede coletiva”, disse, ressaltando a responsabilidade social da Universidade. “O trabalho com a comunidade é que vai fazer a real transformação social e a atuação de vocês [hip hoppers] é muito importante”, destacou. A gestora mencionou ainda o movimento da instituição para o reconhecimento de mestres do saber, proposta que deverá ser apresentada ao Conselho Universitário (Consun) e poderá oportunizar que pessoas da comunidade com notório saber possam atuar de forma equânime a docentes, por exemplo, em ações na Universidade. “Estamos juntos para fazer ações impactantes na sociedade”, pontuou.

O vice-reitor, Eraldo Pinheiro, definiu o momento como “histórico”. Ao ressaltar o trabalho do Museu como espaço de cultura e origem do povo, destacou que o convênio abrirá portas para todas as pessoas da cena hip hop local, que possui uma robusta trajetória. “Isso pode ser uma semente, mostrando ao país que a universidade, com toda a sua questão acadêmica, pode se aproximar e ganhar com o conhecimento das pessoas que estão há muito tempo nessa trajetória e nesse recorte da cultura nacional”. Pinheiro também aludiu a um momento necessário de união para enfrentamento de um futuro nebuloso no que diz respeito ao acesso à cultura.

O coordenador geral do Museu do Hip Hop e ativista da cultura hip hop no Brasil, Rafael Diogo dos Santos – o Rafa Rafuagi -, agradeceu a oportunidade do acordo e destacou como o hip hop, junto à educação, pode trazer a transformação social das comunidades periféricas do estado. Na ocasião, o artista anunciou uma verba de R$ 400 mil para Pelotas e região Sul nos próximos quatro anos, que, afirmou, poderá chegar à marca de R$ 1 milhão. Segundo ele, o Museu mobiliza, para o quadriênio, R$ 24 milhões, o maior investimento para a cultura hip hop do país. Rafuagi convocou os hip hoppers locais para articularem propostas e iniciativas com foco no impacto coletivo. “Esse acordo com a UFPel talvez seja o mais importante desses 18 meses do Museu. O Brasil todo vai ficar sabendo que a UFPel foi a universidade que abriu suas portas ao movimento hip hop”, comemorou.

Celebração da cultura hip hop

Presentes na cerimônia, o prefeito Fernando Marroni e a vice-prefeita Daniela Brizolara, agradeceram à reitoria pela possibilidade iniciada na aproximação com os artistas, que trarão sua colaboração para fomentar a cultura não apenas no município, mas no estado e no país. Os dirigentes salientaram que a parceria será um testemunho de avanços da cultura daqueles que sempre estiveram à margem, com resgate histórico do movimento, no que o prefeito chamou de “presente para os 213 anos de Pelotas”.

Com a palavra, diferentes representantes do hip hop do município ressaltaram as possibilidades que se abrem com o acordo de cooperação, incluindo a possibilidade de maior articulação conjunta e o fortalecimento das mulheres e pessoas LGBTI+ no movimento. “O hip hop em Pelotas vem desde os anos 80 e nunca parou. O Museu reflete algo que há muito queríamos e, estar aqui, só vai somar”, destacou Jair Brown.

Para Guido CNR, o hip hop sempre foi forte e se reinventou, mas em pequenos focos. “Estou enxergando um novo futuro. Esses grupos vão se coligar e ter uma visão coletiva”, observou. “Estamos carentes de espaços para a comunidade no hip hop. Nos falta apoio. Com esse auxílio a gente vai conseguir”, afirmou Daiane Moraes – Laddy Dee. Vagner Borges lembrou que o movimento já vem se aproximando da Universidade desde antes da pandemia e a união possibilitará frutos como a criação de uma associação.

Sobre o Museu

O primeiro museu do hip hop da América Latina está localizado em Porto Alegre. Inaugurado em dezembro de 2023, o espaço se propõe a preservar a história do hip hop gaúcho através de exposições interativas, eventos culturais e ações educativas.

O complexo conta com quatro edificações, abrigando salas expositivas, estúdio de gravação, biblioteca, loja, café, acervo, salas multiuso e para oficinas, área para graffite, breaking, discotecagem, espaços para shows, sala administrativa, horta, anfiteatro e quadra poliesportiva.

Nos espaços expositivos são exibidos artigos importantes da história do gênero, bem como itens de acervo de famosos nomes da cultura.

Fonte: UFPel