UFPel e IPHAN realizam novas ações nas Missões no contexto do “Programa Conviver – Canteiros Modelo de Conservação”

Entre os dias 07 e 13 de setembro de 2025 uma equipe formada por professores e estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e do Centro de Engenharias da Universidade Federal de Pelotas estiveram em São Miguel das Missões e região a fim de realizar atividades vinculadas ao projeto intitulado “Saberes das Missões”, desenvolvido no contexto do “Programa Conviver – Canteiros Modelo de Conservação”.

Essas ações têm origem na parceria firmada pela UFPel com o IPHAN entre os anos de 2023 e 2024 sob a coordenação geral do Professor Eduardo Grala (FAUrb/UFPel) e com a participação das professoras Adriane Borda Almeida da Silva (FAUrb/PROGRAU/UFPel), Aline Montagna da Silveira (FAUrb/PROGRAU/UFPel) e Isabela Fernandes Andrade (CEng/PROGRAU/UFPel), da Técnica-Administrativa Cíntia Grupelli da Silva (FAUrb/UFPel), do Pós-Doutorando Darlan Marchi (PROGRAU/UFPel) e de estudantes de graduação e de pós-graduação da UFPel. Participaram da missão também o professor Luís Antônio Franz (CEng/PROGRAU/UFPel), a arquiteta contratada Maria Matilde Villegas Jaramillo e os técnicos do IPHAN Vladimir Stello, Renata Fortes e Bibiana Rosa (essas últimas lotadas na sede do IPHAN em Brasília).

Durante a semana foram realizadas atividades de formação de artífices (pedreiros e serventes) e qualificação da mão de obra local voltada à conservação e manutenção dos quatro sítios missioneiros da região.

Nessa oficina, que terá continuidade até o dia 19/09, estamos qualificando 18 artífices da região no espaço da adega, em São Miguel das Missões, onde estamos realizando a consolidação das estruturas existentes.

Também foram realizados encontros de educação patrimonial com artífices em formação e professores, no âmbito da ação “Diálogos sobre o patrimônio”. As atividades desenvolvidas com os artífices em formação ocorreram no sítio arqueológico da cidade de São Miguel das Missões. Os encontros buscaram dialogar sobre o patrimônio cultural e, a partir das atividades programadas, aproximar os participantes do saber-fazer dos artífices e contribuir para o fortalecimento do senso de pertencimento da comunidade detentora desse patrimônio a partir do reconhecimento das suas referências culturais.Os encontros com os professores tiveram como foco a reflexão a respeito da Educação Patrimonial e a construção de instrumentos de mediação. Estes ocorreram nas cidades de São Miguel das Missões, São Nicolau, Entre-Ijuís e São Luiz Gonzaga, em uma parceria com as Secretarias de Educação das respectivas cidades.

Foi dada continuidade ao levantamento fotogramétrico em São Miguel das Missões e a equipe deu sequência ao levantamento de informações a fim de construir um diagnóstico das condições de acessibilidade espacial aos sítios missioneiros a partir do ponto de vista da legislação brasileira e, também, dos possíveis usuários com algum tipo de limitação e/ou deficiência. Na sequência, espera-se propor soluções para sanar os problemas identificados, compatibilizando a preservação com a garantia do direito de ir e vir de todas as pessoas.

Ainda, foi realizado um levantamento sobre a situação das políticas públicas. Ao longo do período, a equipe entrevistou gestores federais (IPHAN e IBRAM) e municipais dos quatro municípios que possuem sítios tombados em seus territórios, com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre as dificuldades e as possibilidades de parceria na gestão dos bens culturais. Também foram ouvidas as lideranças Mbya Guarani da Aldeia Tekoa Koenju, que apresentaram suas demandas relacionadas ao patrimônio e à manutenção de seu modo de vida na aldeia e junto à Tava (ruínas missioneiras).

Ademais tivemos a honra de contar com a presença do Arquiteto Luíz Antonio Custódio, que atuou na formação com os diferentes públicos: artífices, guias, estudantes e pesquisadores. O servidor aposentado do IPHAN trabalhou na gestão do patrimônio na localidade desde os anos 80, e possibilitou um panorama técnico sobre a organização do patrimônio. Além disso, por ser pesquisador da história da arquitetura missioneira, também contribuiu em proposições de interpretação dos sítios.

Durante a semana, o grupo que participou da missão esteve reunido com Instituições de Ensino Superior que atuam na região das Missões (UFFS, IFFAR e URI) para dar continuidade as parcerias iniciadas em maio/2025 e planejar o seminário sobre conservação de sítios históricos, que deve ocorrer em março/2026.
As próximas etapas do projeto estão centradas na continuidade da formação e qualificação da mão de obra local voltada à conservação e manutenção dos quatro sítios missioneiros da região. Além disso, o projeto prevê a edição de um livro com as principais ações já desenvolvidas, o diagnóstico das condições de acessibilidade sob o ponto de vista técnico e dos usuários em São Miguel Arcanjo, a continuidade das atividades de educação patrimonial, o fortalecimento das parcerias com as instituições de ensino da região e a experimentação com maquetes táteis e interfaces tangíveis, situadas in loco, relativas as representações dos quatro sítios, dirigidas à comunicação acessível para pessoas com deficiência visual.