A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou, nos dias 18 e 19 de novembro, em Brasília, a 208ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno, reunindo os reitores das universidades federais para debates estratégicos sobre políticas públicas, avaliação, inovação tecnológica e marcos regulatórios que envolvem diretamente a educação superior pública.
O primeiro dia foi dedicado ao seminário “Política Nacional de Educação Superior”, promovido em parceria com a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC). A programação discutiu diretrizes, diagnósticos e perspectivas para a consolidação da política.

No segundo dia, o Conselho Pleno aprofundou o debate sobre a PEC 32/2020, que trata da Reforma Administrativa. O consultor legislativo Rafael Amorim, que participou da construção do texto da proposta, apresentou os principais pontos da reforma e sanou dúvidas dos reitores. Também participaram do debate o coordenador do Forgepe, Ícaro Duarte Pastana (UFPA), que detalhou possíveis impactos da PEC nas instituições, e o deputado Rogério Correia (PT-MG), que tratou da articulação política no Congresso Nacional e dos caminhos possíveis para uma proposta que contemple os anseios das universidades federais.

O encaminhamento do debate foi a elaboração de um documento a ser consolidado pelo Forgepe, proposta apresentada pelo presidente da Andifes, José Geraldo Ticianeli (UFRR), com o objetivo de registrar, de forma organizada, as contribuições das universidades federais. Esse material servirá de base para o trabalho político e técnico da Associação junto aos poderes Executivo e Legislativo.

Ainda durante a reunião, o Conselho Pleno recebeu a diretora de Avaliação da Educação Superior substituta do INEP, Suzi Mesquita Vargas, que apresentou informações atualizadas sobre exames, instrumentos e processos avaliativos, reforçando a importância de alinhamento permanente entre INEP e universidades.

Boas Práticas
O reitor Fernando Carvalho Silva apresentou a experiência da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) com uso de inteligência artificial aplicada à gestão universitária, destacando ganhos de eficiência, redução de esforço manual e modernização institucional. Entre os avanços, mostrou resultados da integração de IA ao Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que tem garantido melhoria da qualidade documental, economia de tempo e maior produtividade, com redução de até 20 horas semanais na análise de processos.
Também foi implementado um Hub de Agentes Inteligentes, ambiente digital que reúne ferramentas para gestão administrativa e suporte acadêmico. A plataforma integra assistentes virtuais especializados que utilizam IA para atendimento automatizado e personalizado a estudantes, servidores e docentes.
Outras duas grandes inovações trazidas pela IA implementada na gestão da UFMA estão ferramentas de acompanhamento da trajetória acadêmica do estudante e a interligação de sistemas da assistência estudantil e da Pró-Reitoria de Ensino, que permitem identificar dificuldades pedagógicas e antecipar possíveis intervenções de apoio ao estudante. O reitor apresentou, ainda, um dos próximos passos da implementação da inovação tecnológica: Agentes pessoais para apoiar as necessidades específicas de cada estudante.
Durante sua fala, o reitor destacou que o domínio da inteligência artificial nas universidades é também uma questão de soberania, fundamental para garantir autonomia científica, segurança de dados e capacidade de produção de conhecimento no setor público. Ele entregou, ainda, o documento “Diretrizes para o uso da IA nas instituições federais de ensino superior”, que reúne orientações para uma adoção ética e estratégica da tecnologia.

O encontro foi encerrado com o debate sobre a regulamentação da Política de Educação a Distância, conduzido por Alexandre Brasil, da Secretaria Executiva do MEC; Eduardo Cezari, ex-coordenador do Cograd; e Daniel de Aquino Ximenes, diretor de Regulação da Educação Superior do MEC. A discussão abordou diretrizes, desafios regulatórios e a importância de atualizar o marco normativo da EaD, considerando a expansão da modalidade e a necessidade de garantir qualidade e responsabilidade pública na oferta de cursos.