É a primeira viagem ao exterior de estudantes que vieram do ensino público

Alunos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Física, Química e Matemática da UFTM, todos do Icene, Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação, correm para deixar tudo pronto para a viagem que vai mudar a vida deles. A graduação-sanduíche que terá duração de dois anos será oferecida pela Universidade Pierre et Marie Curie, em Paris. O embarque está marcado para o dia 9 de julho. Será a primeira vez que os 14 estudantes selecionados sairão do Brasil.

A UFTM é a primeira insituição ensino superiror de Minas Gerais, e  está entre os doze projetos selecionados para enviar estudantes para realizar a graduação sanduíche, com dupla diplomação, pelo Programa de Licenciaturas Internacionais, na França, uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Capes. A Universidade Paris-Sorbonne também é parceira do PLI França  para os projetos das licenciaturas em Letras ou Artes.

Segundo informações da Capes, entre os benefícios previstos para o projeto estão bolsas de estudo, auxílio-instalação, seguro-saúde, auxílio-deslocamento, diárias internacionais, repassadas para docentes participantes da equipe, verba de custeio de até R$ 10 mil por ano de projeto e verba para participação em eventos científicos no país e no exterior.

Alexandre Rossi, professor do Curso de Química, é coordenador do projeto e vai acompanhar o processo de instalação dos alunos em Paris numa missão com duração prevista de dez dias. “O Programa é especial no sentido de oportunizar aos estudantes um enriquecimento curricular. Eles estão em uma universidade confederada a uma das melhores dentro da Europa. Também irão vivenciar outras culturas. Vejo como uma grande oportunidade de melhoria da formação desses futuros professores, após esse tempo de estudos numa Universidade francesa. Com certeza contribuirão muito para melhoria da qualidade da educação em nosso país”, analisa Alexandre.

O impacto entre os alunos

Ana Carolina Silva Soares, de 21 anos, está no 3º período da Licenciatura em Ciências Biológicas e ficou sabendo no início de junho que estava entre os selecionados para a graduação sanduíche. Uma notícia que a pegou de surpresa. “Eu não imaginava que pudesse fazer parte da minha graduação fora do Brasil. Eu sabia que havia o Programa Ciências sem Fronteiras, mas não imaginava que iria tão rápido assim. É a primeira vez que vou para o exterior. E já vou para morar! Não é nem para passear, é para morar!”

A família e os amigos de Natali Cardoso da Silva, de 20 anos, aluna do 3º período da Licenciatura em Química ficaram muito felizes e apoiaram a decisão dela de participar. “Mas eu fiquei com muito medo e ansiosa. Não estava acreditando que isso estava acontecendo. Minha maior preocupação é com a adpatação. Acho que todos têm esse medo. Quando a gente chegar lá, em um país que nunca fomos, tem comida e cultura diferentes. Mesmo assim, está valendo!”

Entre os requisitos para receber a bolsa, o aluno deveria ter cursado todo o ensino médio e pelo menos dois anos do ensino fundamental em escola pública ou ter cursado parcial ou integralmente o ensino médio em escolas privadas na condição de bolsista em função de baixa renda familiar, considerando o caráter social do Programa. A oportunidade de estudar fora do país é reconhecida por todos os aprovados. “Sempre estudei em escola pública, do fundamental ao médio. Eu sempre gostei muito de Matemática, mas nunca imaginei que eu fosse cursar parte da minha graduação fora do Brasil! Uma oportunidade que a gente ainda não acredita!”, exclama Jaqueline Roberta da Silva, de 19 anos, aluna do 2º período de Licenciatura em Matemática.

O desafio de uma língua diferente

O grupo também vai enfrentar outro aprendizado desafiador: o da língua francesa. “Vamos ter essa dificuldade. Mas um ajudando o outro vamos vencer essa barreira”, acredita Natali.

O professor Alexandre explicou que antes da viagem os alunos já estão fazendo aulas intensivas da língua na UFTM. Um trabalho que continuará em solo francês. “Num primeiro momento, a Universidade de Paris está preparando um estágio linguístico onde serão ministradas aulas de língua francesa por dois meses. É um curso preparatório para que os estudantes possam iniciar o semestre letivo que começará só em setembro. Dentro dos planos de estudo que estamos propondo para cada estudante, eles continuam o estudo da língua francesa, oferecido pela Universidade francesa.”

E mesmo depois que os alunos estiverem instalados na França, a equipe de professores da UFTM participantes do projeto não perderá o contato com o grupo. “Estaremos sempre em contato por meio de ferramentas virtuais, por vídeo-conferências. E ainda mais, o Programa prevê missões onde nós professores estaremos em visita lá na Universidade. Durante estes dois anos, estão previstas cinco missões. Vamos estar com eles, ver como as coisas estão caminhando, não só de longe, mas passaremos um tempo com os estudantes. É uma grande conquista”, conclui, Alexandre.

Depois de encerrados os quatro semestres na Universidade francesa, os estudantes retornarão ao Brasil para finalizarem os estudos na UFTM.

Ascom UFTM