Abertura econômica sozinha não garante avanço, diz sociólogo

A abertura da economia é um passo importante para o desenvolvimento de um país, mas não é suficiente.

Para Glauco Arbix, presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, instituição de fomento à tecnologia e à inovação), sem a seleção de setores e a ajuda de subsídios as empresas não fazem investimentos arriscados.

“Desenvolvimento não é destino. As nações que se desenvolveram utilizaram essas práticas de forma intensiva”, afirma.

Embora defenda maior abertura da economia, Arbix critica economistas que acreditam que a “tecnologia e inovação são bens que podem ser encontrados no mercado”.

“Só a abertura não leva a lugar nenhum em termos de tecnologia”, diz. Leia, a seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha.

Folha – O governo vem incentivando a indústria e, mesmo assim, o setor está em crise. A política não está dando certo?

Glauco Arbix – Décadas de economia fechada, protegida como a brasileira, geraram uma acomodação das empresas. Você não se livra dessa herança por decreto, nem de uma hora para outra.

Uma política que tem foco, recursos, prioridades, definição de áreas e é voltada para pesquisa e desenvolvimento está sendo feita agora pela primeira vez. O Brasil demorou de 2004 a 2014 para reaprender a fazer aquilo que soube no passado.

Por que demorou tanto?

Precisa ter persistência, insistência. Nem sempre é possível avançar porque o ambiente institucional no Brasil não é amigável à inovação, há incompreensões de todo o tipo.

Há leis que precisam ser interpretadas, e há órgãos diferentes, que interpretam as leis de uma maneira que nem sempre é clara. Para dar um salto efetivo, o Brasil não depende só de uma política de inovação ou de uma política de financiamento.

Dado que o diagnóstico sobre o ambiente de negócios é claro, por que é tão difícil mudar?

Porque tem sempre gente que ganha com o jeito que as coisas estão. Não basta todo mundo concordar, não basta dar uma ordem ou assinar um decreto. Há um jogo de forças que esbarra no Congresso Nacional, nas instituições reconhecidas, nos cartórios, nas reservas de mercado.

Todo mundo sabe que a gente precisa criar um sistema de registro de empresas em quatro, cinco dias como muitos outros países fazem. O nosso demora mais de cem dias. Por quê? Porque tem gente que ganha ao longo do processo.

Como isso pode mudar?

Quando cheguei à Finep, em 2011, a análise de um projeto [para receber o financiamento] levava 454 dias. Instalamos um processo que demora 30 dias.

Como foi possível?

A visão simplista é achar que tudo é um problema de gestão, que faz com que as pessoas trabalhem de forma ineficiente. Mas o que fizemos foi o que a economia brasileira precisa fazer: colocamos inteligência no processo. Fizemos acordos com instituições internacionais, como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Desses acordos, foram elaborados 86 indicadores de inovação. Isso abreviou o trabalho dos analistas. Desde setembro, qualquer empresário pode pedir empréstimo à Finep do seu smartphone.

Isso também alterou toda a estrutura e as relações de poder que existiam dentro e fora da Finep. Você acha que os consultores que viviam de formatar projetos falando “finepês” ficaram contentes?

E o que foi feito?

Primeiro conseguimos envolver a Finep para aceitar a mudança. Nem sempre é fácil. É uma instituição pública, não se pode demitir, porque os funcionários têm estabilidade, é impossível dar prêmio, porque o salário não é definido por mim, e não consigo punir. Então, quando se fala em gestão, se no setor privado já é difícil, no setor público é um Deus nos acuda.

Qual é a única arma? O convencimento. Muita gente se envolveu, ajudou. Dialogamos com as empresas e agora preparamos o Finep 30 dias para as universidades.

Como estimular as empresas a buscar recursos para inovar?

Nós fazemos oficinas com as empresas antes de conceder o empréstimo. Muitas vezes elas não conseguem traduzir muito bem o que querem, do que precisam. Mas o mais importante é que temos a oportunidade de questionar por que não estão avançando mais, para que tenham maior pretensão do ponto de vista tecnológico.

Isso não será feito se você só abrir um guichê e dizer ‘venha buscar suporte’ ou simplesmente abrir a economia. Isso é um trabalho de diálogo, de persuasão, de convencimento, porque as empresas nem sempre conseguem enxergar em suas estratégias a tecnologia como parte integrante dos caminhos que ela definiu para crescer.

Isso ocorre porque o mercado é protegido e elas sentem que não precisam?

Estamos pagando o preço de 50 anos de uma economia fechada. As empresas brasileiras sempre viveram uma competição mutilada. E as multinacionais que vieram para cá transferem tecnologia apenas a conta gotas. Nós aprendemos a viver durante décadas com produtos de segunda categoria.

A economia deveria ser mais aberta?

A economia brasileira ainda é muito fechada, é possível abrir mais. A abertura agiliza o mercado, exige que as empresas respondam à pressão da competição com novos produtos e processos. Mas só a abertura não leva a lugar nenhum em termos de tecnologia. Quando o assunto é inovação, você tem investir seletivamente. Você tem que oferecer condições excepcionais porque são áreas de risco, de incerteza, e as empresas não entram. Nem aqui, nem no Japão, nem na China, nem nos EUA, em lugar nenhum.

Um dos grandes erros de alguns economistas é acreditar que tecnologia e inovação são bens como quaisquer outros, que podem ser encontrados no mercado. Isso é um engano gigantesco, porque o mundo inteiro tem políticas orientadas, seletivas e subsidiadas. Todas as nações que se desenvolveram se utilizaram dessas práticas de maneira intensiva. E o Brasil está chegando tarde.

Quantos países se desenvolveram nos últimos 50 anos? Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura. Quantos tentaram se desenvolver e não conseguiram? Muitos. Desenvolvimento não é destino. Pouquíssimos conseguem chegar lá, e os que conseguiram foram exatamente os que selecionaram, subsidiaram.

Existe restrição orçamentária do governo, temem um corte?

 O governo é uma fonte inesgotável de surpresas. Mas eu não gostaria, porque a produtividade é a agenda chave da economia brasileira. Podem dizer que é preciso discutir juros, câmbio, inflação, as variáveis macroeconômicas. Eu acho que a produtividade é a única agenda relevante que o Brasil tem e que deve enfrentar nos próximos 10 anos.

Podemos discutir se a questão primeira é a qualificação da mão de obra, mas este é um processo que demora. A tecnologia é um processo mais rápido, mas é mais complexo. Misturar isso em um ambiente mais amigável às empresas, menos burocratizado, com mais agilidade é a fórmula que todo mundo vai atrás. Se a Dilma ganhar ou se outro candidato ganhar, essa agenda terá que ser feita.

Eu só não acredito em vodu, que com abertura da economia automaticamente a luz se faz. Não se fará, continuaremos no escuro.

Érica Fraga & Mariana Carneiro – Folha de S. Paulo

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