Pesquisa da UFPE e do HC avalia até que ponto a Covid-19 pode impactar o fígado

O artigo foi elaborado pelos médicos do HC e professores da UFPE Carlos Brito e Edmundo Lopes e pelo hepatologista Fábio Barros, do Hospital Português

O artigo “Mechanisms and consequences of Covid-19 associated liver injury: What can we affirm? (Mecanismos e consequências da Covid-19 associada à lesão hepática: O que podemos afirmar?)” elaborado por professores da UFPE e médicos do Hospital das Clínicas da UFPE foi publicado no World Journal of Hepatology, no último dia 27, e pode ser lido aqui. O HC é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A partir da análise de dados disponíveis até o momento sobre lesão hepática em pacientes com Covid-19, o artigo elaborado pelos médicos do HC e professores da UFPE Carlos Brito e Edmundo Lopes e pelo hepatologista Fábio Barros, do Hospital Português, , avaliou que são necessários mais elementos (como estudos prospectivos sobre o vírus e pesquisas imunológicas) para cravar a associação entre a lesão no fígado com a síndrome respiratória aguda grave provocada pelo novo coronavírus.

“Nosso objetivo com este artigo de revisão foi avaliar até que ponto essa virose (a Covid-19) pode impactar o fígado, já que outras viroses comprometem o órgão, como as hepatites virais. Nele, concluímos que o ataque ao fígado não parece ser uma característica do novo coronavírus, mas sim um efeito do agravamento da doença com o processo infeccioso sistêmico (a tempestade de citocinas), que repercute em todo o organismo. Além disso, fatores como os fenômenos tromboembólicos e a hepatite medicamentosa podem provocar alterações importantes no fígado”, explica o hepatologista Edmundo Lopes.

Apesar das descrições comuns de alterações nos parâmetros das enzimas hepáticas observadas em pacientes com Covid-19, a intensidade e impacto da lesão hepática são discretos e têm pouco significado clínico em relação à Covid-19. “Não há evidências de que o dano hepático seja decisivo para a morte do paciente com a Covid, ao contrário de danos já verificados no coração, nos pulmões e nos rins, por exemplo. Essas alterações no fígado também podem ser provocadas por medicações não comprovadas para o tratamento da Covid, como a hidroxicloroquina, azitromicina e antivirais”, destaca o clínico Carlos Brito.

HIDROXICLOROQUINA – Um artigo também escrito por Carlos Brito, em associação com pesquisadores de Universidades da Bahia e do Ceará, e publicado no The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, em junho passado, chamado “Relato de caso: Hepatotoxicidade associada ao uso de hidroxicloroquina em paciente com Covid-19”, associou a hepatoxicidade (dano no fígado causado por substâncias químicas) como uma reação adversa ao uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.