UFTM apresenta técnicas para ampliar produção de milho na agricultura familiar

O estudante Guilherme da Silva Xavier, do 7º período do curso de bacharelado em Agronomia/PRONERA da UFTM – Campus Universitário de Iturama, aplicou conhecimentos obtidos na sua graduação em curso, além de aprendizado adquirido anteriormente em curso técnico em Agropecuária, para melhorar o sistema de produção de milho na propriedade de sua família, localizada na comunidade Quilombola São Pedro do Alagadiço, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Os resultados foram alcançados em 2021, após o primeiro ano de produção em que utilizou técnicas de análise de solo, controle de plantas daninhas e aplicação de calcário. A produção saltou de 40 sacas/hectare para 120 sacas/hectare, triplicando o resultado obtido na colheita anterior. A safra que sempre foi destinada para consumo dos animais, neste ano atenderá a demanda interna da propriedade com excedente, abrindo possibilidade para a comercialização.

Segundo o discente, o cultivo de milho na comunidade é tradição desde os antepassados. Há plantação anual pelo mesmo processo desenvolvido pelo pai. Contudo, após cursar as disciplinas do curso da UFTM, o futuro engenheiro agrônomo sugeriu à família uma mudança. “Pedi que investissem no lote de nossa propriedade para melhorar o sistema de produção e a condição do solo, tanto física quanto química. Com a análise de solo em mãos, aplicamos calcário na terra, uma etapa em que o apoio dos professores foi fundamental. Eu fazia os cálculos e passava para o professor Aguinaldo corrigir e a Luci sempre me ajudou intermediando essas conversas”, relata Guilherme.

A coordenadora pedagógica do Pronera, Luci Aparecida Souza Borges de Faria, explica que a turma de Agronomia da UFTM/Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), da qual o Guilherme faz parte, foi viabilizada por meio da parceria com o INCRA/MAPA, tendo como fundamentação pedagógica a alternância. “Nesse sentido, o ensino dessa turma foi planejado para que o aprendizado durante o Tempo Universidade seja implantado e desenvolvido durante o Tempo Comunidade. São construídas junto ao corpo docente, coordenação pedagógica e geral, em todas as etapas, propostas de ensino a serem desenvolvidas nas comunidades de origem dos discentes, propostas sempre focadas no desenvolvimento, entendimento e aprendizagem das questões sociais, ambientais e produtivas dessas comunidades”, afirmou Luci.

O professor Aguinaldo José Freitas Leal, coordenador geral da Agronomia/Pronera, apontou que, no caso específico do Guilherme, o impacto produtivo foi gerado em grande parte pela adoção pelo discente e seus familiares de recomendações técnicas realizadas com base em análise de solo, a qual foi examinada e interpretada por todos os discentes da turma durante o tempo universidade, na disciplina de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas. “Com essa interpretação, verificou-se que o magnésio era um nutriente limitante, sendo utilizado o calcário como insumo fonte, além das demais recomendações de adubação. Isso permitiu elevar o teto produtivo da cultura do milho, o qual foi mantido com a adoção de técnicas de cultivos e manejo fitossanitário aprendido nas demais disciplinas já cursadas”, explicou o professor.

O estudante conta que sempre foi possível pagar os custos do plantio com a produção, mas era perceptível a possibilidade de melhoria, principalmente pela região onde estão inseridos. A produção superou até as expectativas mais otimistas. “Estamos muito felizes pelos números atingidos já no primeiro ano que mudamos o sistema de plantio, principalmente porque a maioria das etapas que acontecem de forma manual (plantio, tração animal, aplicação de herbicidas) são os recursos disponíveis em nossa comunidade”, concluiu o discente.

Fabiano Moreira Xavier, pai de Guilherme, aposta que o sucesso poderá estimular a comunidade. “Foi muito satisfatório quando vimos que o milho estava rendendo aos montes e eu fiquei muito feliz em ver a satisfação do Guilherme quando chegou em casa e viu a quantidade de sacas da produção. E isso é muito importante porque incentiva outros produtores a fazerem um trabalho em sua propriedade para também aumentar a produção. O Guilherme já está querendo aumentar ainda mais nossa produção”, diz Fabiano.

A gestão do campus Iturama e do curso Agronomia/Pronera comemoram o resultado, “fruto do trabalho dos docentes, servidores técnico-administrativos, lideranças administrativas da UFTM, do INCRA/MAPA, lideranças de movimentos sociais da reforma agrária que permitiram e contribuíram com a concretização desta turma com estudantes oriundos de dez estados do Brasil”, conclui o professor Aguinaldo.