UFMT – Pesquisa descobre bioativos com potencial antimalárico

Cientistas avançam na pesquisa de tratamento de doenças graves

O grupo de pesquisa “Avaliação de produtos Naturais do Estado de Mato Grosso com Potencial Atividade Antimalárica”, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Câmpus de Sinop, tem avançado nas pesquisas sobre como os compostos bioativos do sapo-cururu (Rinella Marina-Bufonidae) podem ser utilizados em tratamentos de doenças como malária e câncer de mama. Com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), por meio do Edital Universal 2016, a pesquisa já está em fase de protocolo junto ao Instituto Nacional de Patentes Industrial (INPI).

Coordenada pelos professores Bruno Antonio Marinho Sanches e Fernando de Pilla Varotti, da área de Protozoologia Parasitária Humana, a pesquisa avalia as atividades antimaláricas e antitumorais dos compostos extraídos do veneno do sapo-cururu em cepas padronizadas de Plasmodium falciparum, protozoário parasita que causa a malária em humanos, e células tumorais de câncer de mama.

Até agora, os resultados vindos das análises apontam que o veneno deste sapo possui potencial atividade antimalárica e antitumoral, com baixa toxicidade para as células.

Segundo o professor Bruno Antonio Marinho Sanches, são pesquisas como essas que promovem a valorização da riqueza do bioma brasileiro e também demonstram a importância da ciência na melhoria da qualidade de vida da população.

“A problemática levantada pela pesquisa é muito relevante, existe a necessidade de buscar o conhecimento sobre os temas e também de mostrar para a população o potencial da ciência. Nosso trabalho ainda está nas fases iniciais de testes, contudo o grande objetivo é entregar um produto de qualidade a sociedade”, explica o professor Bruno Antonio Marinho Sanches, que, desde 2011, atua no grupo de pesquisa “Avaliação de produtos Naturais do Estado de Mato Grosso com Potencial Atividade Analárica” e, durante essa trajetória, aposta na descoberta da biodiversidade do Cerrado e da Amazônia.

“Nossos biomas são ricos, existe uma biodiversidade gigante, é necessário voltar atenção à ela, e com o tema da nossa pesquisa, buscamos a melhoria da qualidade de vida da população por meio dessa diversidade, ampliando o espectro de tratamento rápido e eficiente. E assim, acreditamos que seja uma maneira de devolver à sociedade o apoio à ciência e pesquisa”, completa.

Malária e sapao cururu
No Brasil, a malária é considerada endêmica, ou seja, ainda acomete um número grande de pessoas. No mundo, é uma das principais causas de morte,com cerca de 228 milhões de casos registrados. A resistência do plasmódio, parasita causador da doença, aos antimaláricos é considerada o maior problema no controle da doença. Por isso, a necessidade da descoberta de tratamentos novos e mais eficazes.

Rhinella marina, conhecido como sapo-cururu, sapo-boi ou cururu, é um sapo nativo das Américas Central e do Sul. Pertence ao gênero Rhinella, que inclui centenas de espécies de sapos diferentes, distribuídas principalmente pelo Brasil. O Mato Grosso se destaca por conter os três grandes biomas brasileiros: a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, biomas que apresentam condições favoráveis de vida para a espécie.