UFSC – Artigo aborda uma antiga interação entre humanos e plantas comestíveis

Em artigo publicado na revista Science nesta quinta-feira, 10 de junho, os pós-doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Bernardo Flores e Carolina Levis descreveram uma antiga interação entre povos indígenas e plantas comestíveis em florestas tropicais. Por um lado, as comunidades locais se beneficiam dos alimentos encontrados nesses ambientes e, por outro, ajudam a aumentar a abundância das plantas que os fornecem. Essa relação é bastante antiga e tem o potencial de ajudar a aumentar a segurança alimentar nos trópicos.

Há pelo menos 12 mil anos, as florestas tropicais têm sido o lar de pessoas que domesticaram paisagens e populações de plantas. Vastas extensões de floresta ficaram repletas de frutas, castanhas e raízes a partir dessa interação com as populações humanas. A castanha-do-pará, por exemplo, é cultivada por indígenas há milênios e hoje é uma espécie dominante na bacia amazônica. Algo semelhante aconteceu com o pinhão: o cultivo por povos originários ampliou a distribuição da araucária pela Mata Atlântica.

Os pesquisadores apontam, contudo, que, sem a presença de povos locais, as espécies comestíveis se tornam menos competitivas e podem desaparecer com o tempo. Monoculturas industriais, pastagens, mineração, entre outras atividades, destroem o ecossistema e também o antigo conhecimento indígena e local. Como resultado, as florestas tropicais estão perdendo suas identidades biológicas e culturais. Para que esses ecossistemas continuem ricos em recursos alimentares, portanto, povos indígenas e comunidades locais precisam continuar gerenciando a paisagem, salientam os cientistas.

O artigo destaca, ainda, que, em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas dependem dos recursos florestais para nutrição e saúde, especialmente nas regiões tropicais em desenvolvimento. O feedback positivo entre os povos locais e a disponibilidade de alimentos revela a possibilidade de conservar as florestas tropicais e, ao mesmo tempo, aumentar a segurança e a soberania alimentar. Essa é uma oportunidade para desenvolver sistemas sustentáveis ​​de produção de alimentos, protegendo os ecossistemas florestais e promovendo a justiça socioambiental, ressaltam os pós-doutorandos.

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