“Apesar dos desafios, as universidades federais estão se adaptando às necessidades de TI impostas pela pandemia”, afirma ex-coordenador do CGTIC

No ultimo dia 5 de julho, Luciano Gonda, bacharel em Ciência da Computação, encerrou a coordenação à frente do Colégio de Gestores de Tecnologia da Informação e Comunicação das IFES (CGTIC). Em entrevista para o site da Andifes, ele falou sobre o desenvolvimento e soluções de tecnologia nas Universidades Federais e quais são os próximos desafios para que elas continuem fomentando o setor.

Quais foram os maiores desafios durante sua coordenação no CGTIC?
Em todos esses anos de coordenação, um dos desafios foi a articulação do CGTIC com entidades externas, como a Secretaria de Governo Digital, CGU e TCU. Mas com toda a certeza, o principal desafio foi a pandemia, pois muitos serviços digitais foram acelerados e novos serviços surgiram para serem implementados em curto espaço de tempo.

O senhor poderia listar as principais ações realizadas durante sua coordenação?
Acredito que uma contribuição importante da gestão foi a integração das Universidades, que passaram a ser bastante participativas e, consequentemente, fortalecer e enriquecer as discussões. Além disso, alguns serviços foram idealizados e desenvolvidos com o apoio do CGTIC, tais como: Diplomas Digitais, Alunos Conectados, Nas Nuvens, Eleições On-line. Outros serviços importantes foram ampliados, como o uso do SEI por nove instituições que estavam sem autorização de uso e a ampliação das salas de conferência Web para 150 pessoas. Um fato importante foi a realização do XIII WTICIFES em 2019, brilhantemente organizado pela professora Eunice Pereira dos Santos Nunes, Secretária de TI da UFMT até 2020. Apesar de ser restrito às IFES, com certeza o WTICIFES está entre os eventos mais importantes da área de TI no Brasil.

As universidades federais estão se adaptando às mudanças impostas pela necessidade de TI?
A maioria das universidades está se adaptando devido à necessidade imposta pela pandemia. Entretanto, muitas universidades ainda possuem poucos servidores da área de TI para conseguir implantar e manter serviços digitais. Mas mesmo assim, é importante que nossa comunidade entenda que a TI é uma ferramenta, mas que a mudança cultural e de processos é fundamental para que essa adaptação ocorra. O projeto Promover da Andifes é um exemplo prático dessa mudança nas nossas universidades.

A seu ver, quais são os maiores desafios para as universidades federais no que diz respeito à Tecnologia da Informação e Comunicação?
Um desafio é o processo de Transformação Digital inerente a todas as áreas, que envolve não só a Tecnologia da Informação, mas também a mudança de processos e pessoas em quantidade suficiente para manter os serviços implantados e propor novos serviços digitais. Acho que o principal desafio das Universidades Federais é fazer com que a Alta Administração enxergue o setor de TI como estratégico, assim como o TCU e o Ministério da Economia enxergam, como pode ser observado no questionário do IGG e no número de legislações inerentes à área de TI nos últimos anos. Outro desafio importante é enxergar a TI como investimento e não como custo, desde que aliada à melhoria de processos para nossos alunos e servidores. Para ser coordenador do CGTIC, tive muito apoio do professor Marcelo Turine e da professora Camila Ítavo, envolvendo tanto o aumento do número de servidores efetivos (a AGETIC/UFMS passou de 56 para 91 pessoas em quatro anos), quanto o aporte de recursos financeiros para melhoria dos serviços. Isso foi fundamental para que as atividades Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMS não fossem paralisadas na pandemia, além de possibilitar que diversos processos e indicadores da UFMS fossem melhorados, em especial, o índice IGovTI do TCU, que saiu de 45 para 92.

O que os novos coordenadores podem esperar para esse novo período? Quais conselhos o senhor daria a eles?
Os novos coordenadores podem esperar muitos desafios na Transformação Digital, mas também muito apoio dos demais membros do Colégio. Um dos pontos fortes do CGTIC é exatamente a colaboração e a troca de experiências entre as universidades para resolução de problemas e implantação de novos serviços. A Teresa (coordenadora) e o Andrés (vice-coordenador) são muito competentes e tenho certeza que conduzirão o CGTIC de maneira extraordinária. Como conselho, sugiro que façam uma gestão bastante integrada e colaborativa entre eles e que jamais se esqueçam de que a tecnologia é a nossa ferramenta, mas o nosso objetivo são sempre as pessoas, em especial, os servidores e alunos das nossas universidades. Por fim, adianto aos dois que essa oportunidade é um grande desafio, mas ao mesmo tempo é muito gratificante poder contribuir para o avanço da educação superior no Brasil.