UFRJ desenvolve teste que identifica coronavírus em menos de uma hora e por R$ 30

Meta prioritária é fazer a distribuição de testes ao SUS

Testes feitos em 60 pacientes revelaram que a invenção da UFRJ é 100% eficaz quando comparada ao tradicional PCR, que é mais caro | Foto: Artur Moês (Coordcom/UFRJ)
Cientistas do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM/UFRJ) e do campus Duque de Caxias da UFRJ criaram um kit que diagnostica a presença de coronavírus a partir de amostras de saliva e de secreção nasal. A novidade é que em menos de uma hora e ao custo de apenas R$ 30 é possível concluir se o Sars-CoV-2 está no organismo.

O kit desenvolvido pela UFRJ identifica pedaços do RNA do coronavírus, usando um banho-maria a 60º C, pipetas e tubos de ensaio. Exames realizados em 60 pacientes revelaram que a invenção é 100% eficaz quando comparada ao tradicional PCR, que é mais caro. O Centro de Triagem Diagnóstica para COVID-19 da UFRJ, coordenado pela pesquisadora Terezinha Castiñeiras, cedeu as amostras. O Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da UFRJ, coordenado pelo cientista Amilcar Tanuri, também apoiou a iniciativa.

Teste Lamp-COVID-19 da UFRJ

O Lamp-COVID-19, como o teste desenvolvido é chamado, amplifica o genoma viral em menos de meia hora e consegue encontrar até dez cópias do vírus considerando uma única amostra. O exame pode ser realizado em lugares com pouca infraestrutura, inclusive em clínicas, e o resultado é conferido de forma colorimétrica, ou seja, a partir da cor exibida pelo material. A amostra fica rosa se o resultado der negativo; ou amarela, se positivo.

 À esquerda, a docente Mônica Lomeli (IBqM/UFRJ), que coordena os estudos e, à direita, a professora Fabiana Ávila Carneiro (campus Duque de Caxias), vice-coordenadora | Fotos: Reprodução

Exames a partir da coleta da saliva são menos invasivos e, portanto, uma saída quando falamos de crianças, ainda mais quando estão hospitalizadas e precisam se submeter a testes por várias vezes. Sem causar o incômodo da coleta nas vias do nariz e garganta, os pequenos continuariam sendo testados.

A pesquisadora Fabiana Ávila Carneiro, vice-coordenadora da pesquisa dirigida pela cientista Mônica Lomeli, afirma que o envio ao SUS é a meta prioritária.

“Queremos tornar possível a comercialização dos testes, por isso estamos em busca de parceiros que nos ajudem a produzir em larga escala. O SUS, nosso Sistema Único de Saúde, é a meta prioritária, pois dessa forma poderemos contribuir para o maior acesso da população ao diagnóstico e cooperar para o enfrentamento da pandemia em nosso país.” – Fabiana Ávila Carneiro, pesquisadora do campus Duque de Caxias da UFRJ e vice-coordenadora da pesquisa

A equipe de pesquisa conta com cinco estudantes. Eles fundaram a startup Osiris Life Sciences, que desenvolveu a proteína a ser usada como reagente nos kits de diagnóstico. O time é multidisciplinar e integra alunos de Biotecnologia, Engenharia Química, Engenharia de Bioprocessos e Nanotecnologia.