Coordenado pela professora doutora de Relações Públicas (RP) Manuela Callou, com coordenação adjunta e idealização de marca da profissional de RP, assessora e militante da cultura Keka Rabelo, o Bureau foi realizado durante todo o ano de 2020 até o primeiro semestre de 2021 em meio a pandemia da covid-19.

O projeto contou com o apoio de estudantes bolsistas e voluntários da Pró-reitoria de Extensão (Proex-Ufal), Jamerson Soares, Júllia Barreto e Sérvio Túlio Diniz, ambos discentes de Jornalismo e RP. Também participaram do projeto a equipe da Agência Experimental de Relações Públicas (Agerp), professores e profissionais de Serviço Social da Ufal. O objetivo do projeto foi promover uma articulação entre os movimentos sociais e a universidade, considerando a importância do protagonismo das ações comunitárias no processo comunicativo e no fortalecimento de núcleos de memória.

Para a coordenadora do projeto, Manuela Callou, o prêmio foi o resultado de um trabalho extenso de RP e Jornalismo, em que os alunos colocaram em prática o que aprenderam em sala de aula.

“O Bureau é uma proposta da sociedade civil com a academia, a partir de um projeto de extensão produzido já nesse diálogo. Portanto, ganhar esse prêmio Expocom é o resultado de um trabalho extenso de relações públicas junto com os movimentos sociais e que, com a pandemia, foi intensificado no sentido de dar suporte comunicativo e visibilidade a esses movimentos que já vem trabalhando desde muito tempo, a partir da sociedade civil, representada por keka Rabelo, com técnicas e base de comunicação comunitária. Essa premiação é de todos nós, mas principalmente dos movimentos sociais e das comunidades que lutam tanto pelos seus direitos e que, muitas vezes, são considerados invisíveis na sociedade. Por Keka Rabelo, por sua incansável luta nos movimentos sociais e sua ampla experiência na comunicação comunitária”, disse a professora.

Tendo em vista os efeitos da pandemia, principalmente nas comunidades periféricas de Maceió e nos territórios de povos tradicionais de Alagoas, considerados os mais afetados pela pandemia, o Bureau deu um suporte na divulgação de ações solidárias que aconteciam nesses locais por meio de matérias jornalísticas, releases e materiais informativos. Esses materiais chamaram a atenção da imprensa alagoana e ajudaram na arrecadação de doações especialmente para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Keka Rabelo está há mais de 20 anos na área de comunicação popular em Alagoas, e foi uma das idealizadoras do projeto como também mediadora entre o projeto Bureau e os movimentos sociais. Segundo ela, o projeto é um núcleo de memória, que vai além de pauta/release, e que a sociedade civil propôs à universidade uma execução mais profunda nas áreas de atuação dos movimentos sociais.

“A importância do prêmio é a relação entre a universidade e a memória, a ocupação da cidade, os movimentos sociais e as comunidades tradicionais do estado de Alagoas. Estive no projeto como sociedade civil e profissional de Relações Públicas. Com a questão da perspectiva da narrativa dessas vozes dessas comunidades, desses mestres, desses movimentos, a gente pôde criar um registro único de memória através de portfólios e clipagens de matérias e conteúdos que nós mesmos produzimos.

E conclui. “Daí o Bureau gera um núcleo de memória, daí o Bureau vai para além da pauta/release.Também aprofundamos nomes de mestres no campo do patrimônio. Não paramos um segundo.

Esses movimentos são organismos, organizações, cruciais para a sobrevivência da democracia da sociedade civil organizada. Morro de orgulho de estar nisso”.

Participação ativa de estudantes de comunicação

Para uma organização mais efetiva e dinâmica no projeto, o grupo de professores e alunos realizaram diversas reuniões on-line para organizar em eixos de trabalho com base nos grupos de trabalhos criados por Keka Rabelo. Cada eixo tinha um movimento social ou instituição como o Fórum de Teatro de Maceió, Povos tradicionais da Mata da Cafurna, em Palmeira dos Índios, com o projeto Magia da Terra; Movimento dos Povos das Lagoas, Comunidade Quilombola Lunga, entre outros.

O material informativo era realizado pelos estudantes a partir de entrevistas on-line ou por ligação telefônica com líderes de comunidades tradicionais do estado, instituições da periferia da capital alagoana, personagens em situação de vulnerabilidade social na pandemia. O resultado do projeto se deu com a criação e produção de eventos online no Instagram @bureaucomunitario e pelo canal Prograd Ufal e Bureau Comunitário, no YouTube, em que foram convidados representantes de movimentos sociais para debater sobre diversos assuntos ligados às comunidades.

Para Sérvio Diniz, estudante líder do trabalho inscrito na Expocom, a conquista é muito boa pois é um projeto necessário que abarcou diversos movimentos sociais.

“É uma conquista muito boa, muito incrível, estamos todos felizes pelo Bureau de Comunicação Comunitária, um projeto que abarca muitos movimentos sociais e, principalmente, na questão da comunicação comunitária durante a pandemia. É um projeto muito necessário e é um projeto que precisa ser reconhecido. Então, a gente está batalhando para que esse projeto cresça em reconhecimento porque as pessoas precisam saber de todas as ações que foram feitas e de todas as ações importantes que iremos fazer”, disse Sérvio.

Júllia Barreto também ficou contente com o resultado do prêmio. “Me senti muito feliz e realizada, porque foi um projeto muito importante para minha construção da minha vida acadêmica e poder falar sobre esse projeto para outras pessoas, além de ganhar um prêmio na nossa área, me deixou bastante contente. Contente também por poder compartilhar isso com os meus amigos, que construíram e trabalharam junto comigo”, afirmou a estudante de Relações Públicas.

O projeto “Memoráveis Alagoas”, da Ufal, também venceu o prêmio Expocom Nordeste na categoria Produção Transdisciplinar – Projeto de Extensão. O trabalho foi realizado nas redes sociais, e tinha como mote as postagens de breves relatos de famílias das vítimas de covid. O projeto contou com estudantes de Jornalismo e foi coordenado pela professora Mércia Pimentel.

A Ufal, por meio da Proex, vem fazendo um importante trabalho de reconhecimento de pesquisas e projetos feitos por docentes e discentes da instituição como uma forma de integralização da universidade nas comunidades periféricas, construindo, assim, uma relação mais próxima com a comunicação popular.