UNIR – Pesquisadores criam aplicativo para rastrear peixes na Amazônia

Pesquisadores criam aplicativo para rastrear peixes na Amazônia

Rastrear e registrar a migração de peixes na Bacia Amazônica, por meio da participação de moradores locais, estudantes, indígenas, pescadores, associações de pesca e cientistas, para proteção e conservação dos ecossistemas de água doce da Amazônia. Este é o objetivo do Projeto Ictio, mesmo nome do aplicativo (app) desenvolvido para ampliar a facilitar o trabalho grupos envolvidos com esta ação liderada em Rondônia pelo Laboratório de Ictiologia e Pesca, LIP, Universidade Federal de Rondônia, UNIR, e pela ONG Ação Ecológica Guaporé, Ecoporé.

O app Ictio está disponível gratuitamente para download na play store e não requer conexão com a internet para funcionar. Por meio dele é possível conectar cientistas e comunidade local para reunir e compartilhar informações sobre peixes importantes para a população e ecossistemas da Amazônia. Para utilizá-lo, basta fazer o download e inserir os dados para cadastro.

Há 21espécies mais comuns listadas no banco de informações do Ictio e a possibilidade de informar “outras espécies”. O app permite a gravação de espécies, número de peixes, peso total, preço de mercado, localização, data da observação e fotografias. É possível registrar o percurso da pesca para facilitar a localização do ambiente (por meio do GPS), registrar um local manualmente e até mesmo um mercado/comércio onde as espécies estejam sendo comercializadas.

As informações geradas pelo Ictio ajudam os pesquisadores a entenderem como ocorrem e quais fatores ambientais influenciam as migrações de peixes na Amazônia, possíveis alterações ocorridas nos ambientes de pesca (rios, lagos e igarapés), além de fornecer dados sobre espécies nativas e não nativas. Assim, é possível planejar e implementar estratégias para conservação ambiental e manejo sustentável de psiculturas.

Conforme explica a mestranda Danielle Mendonça Pinto, do Programa de Pós-Graduação em Conservação e Uso de Recursos Naturais, PPGReN/UNIR, que estuda o aplicativo em sua pesquisa de mestrado – sob orientação da professora Carolina Dória, coordenadora do LIP/UNIR – o intuito é coletar o máximo de informações possíveis sobre os peixes migratórios da região da bacia do rio Madeira. “As espécies migradoras percorrem médias e longas distâncias ao longo dos rios para reprodução e alimentação. A migração da dourada, por exemplo, foi prejudicada pelo barramento do rio Madeira. Registros da dourada em diferentes pontos do rio pode fornecer informações sobre a migração, e se a espécie está conseguindo passar pelo sistema de transposição até o reservatório, por exemplo”, explica Danielle.

O Ictio integra o projeto Ciência Cidadã na Amazônia, uma rede de organizações em colaboração para envolver e mobilizar comunidades locais para o manejo sustentável da pesca e conservação das áreas úmidas da Amazônia. Ao mesmo tempo em que contribuem com a pesquisa científica, os cidadãos participantes, informados e capacitados pelo projeto, podem auxiliar ativamente nessas ações.

Para a professora Carolina Doria uma das maiores forças da ciência cidadã é que muitas pessoas de diferentes partes da Amazônia podem colaborar com registro de observações de espécies existentes na natureza, utilizando ferramentas tecnológicas de baixo custo, como os aplicativos para smartphone. “Com a ajuda dos cidadãos, especialmente pescadores e estudantes, temos mais olhos atentos às problemáticas que afetam os recursos pesqueiros e os impactos recorrentes sobre a atividade pesqueira na região”, conclui a professora.

Os dados obtidos dos registros no Ictio serão apresentados ao final de um ano do projeto aos pescadores esportivos, comerciais e estudantes que participarem. Os pesquisadores pretendem fazer essa devolutiva aos voluntários por meio de reuniões com pescadores nas colônias de pesca, que já são parceiros dos projetos, e em escolas locais.

Fonte: UNIR