UFRA – Conheça curiosidades sobre a Copaíba, árvore que tem 16 espécies encontradas no Brasil

Se tu moras na Amazônia provavelmente já ouviste falar das propriedades milagrosas da copaíba, principalmente pra curar inflamações. Mas como a ciência explica isso? Que propriedades a copaíba tem? Como é extraído o óleo? Posso plantar copaíba?

Foi pensando em estudar as propriedades medicinais e as áreas de manejo da copaibeira, além da botânica, fenologia, análise química e física do óleo, viabilidade econômica e outras, que foi iniciado o “Projeto da Copaíba”, coordenado pela professora Selma Goulart, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Campus Parauapebas.

“O óleo-resina da copaíba apresenta função bactericida, anti-inflamatória, antibiótica, e cicatrizante de feridas e úlceras, tendo em vista que o chá da casca também é bastante utilizado como anti-inflamatório”, afirma a professora.

De a acordo com a professora, os estudos do projeto vem contribuir para as comunidades locais, famílias extrativistas e povos da floresta, como alternativa de renda, já que a prática de atividades econômicas baseadas na extração dos recursos florestais tem grande aceitação no mercado. “O óleo-resina extraído das árvores de Copaíba é utilizado em diversas áreas como a farmacêutica, cosmética, na medicina popular e demais usos”, explica a professora.

Apesar disso, a professora explica que as pesquisas com a Copaíba ainda são raras e insuficientes. “Há um gargalo de informações para tomadas de decisões dos órgãos ambientais e gestores em relação a viabilidade da extração e também na elaboração de um plano de manejo participativo, que garanta a sustentabilidade das atividades a longo prazo”, diz.

As árvores
As copaíbas são árvores nativas da região tropical da América Latina e também da África Ocidental. Segundo o livro Index Kewensis da Universidade de Oxford (EUA), o gênero Copaifera possui 72 espécies, pertencente à família Fabaceae e no qual, 16 espécies são encontradas no Brasil, principalmente nas Regiões Amazônicas e Centro-Oeste.

Segundo a professora, as espécies do gênero Copaifera L., que se manifestam com mais frequência no Pará e principalmente no sudeste paraense são as: Copaifera duckei Dwyer, Copaifera martii Hayne e Copaifera reticulata Ducke “Na região Amazônica as espécies de Copaifera possuem características muito semelhantes entre si, com ocorrência em matas de terra firme, solos argilosos, arenosos e em todos os estados da região. As espécies de copaíba são encontradas na forma de arbustos ou árvores, com características de tronco cilíndrico e anéis circulares ao longo do mesmo”, explica a professora.

A pesquisadora diz ainda que a floração da copaibeira ocorre entre outubro e julho e a frutificação entre junho e outubro. “Há variações dentro destes intervalos, dependendo da região e clima, com ausência de florescimento anual, em algumas regiões. No Acre e Pará, a copaibeira floresce na estação chuvosa, entre janeiro e abril, e frutifica de maio até setembro”, fala.

Ela explica que as folhas servem apenas pra caracterização das árvores e a sementes só pra regeneração das florestas. É no tronco da árvore que se concentram suas maiores riquezas.

Cultivo
Selma Goulart afirma que o cultivo da Copaíba não é comum, havendo maior ocorrência de retirada do óleo de copaíba, ou “óleo-resina”, como também é chamado, de forma extrativista, ou seja, em áreas de floresta nativa. Por isso a necessidade de um plano de manejo.

“Devido a variabilidade entre as árvores, muitas acabam por não produzir o óleo-resina, sendo necessário adotar mecanismos de gestão social e ambiental para evitar perdas ambientais pelo manejo inadequado das árvores”, diz.

A pesquisadora explica que o correto é a extração por meio de perfuração no tronco, para que não ocorra o derrubamento ou o corte da árvore com machados, evitando o desmatamento da espécie.

E o óleo produzido pela planta nada mais é do que o produto da desintoxicação do organismo vegetal. “Funciona como defesa da planta contra animais, fungos e bactérias. Quando extraído, o óleo-resina apresenta cor que varia do amarelo ouro ao marrom escuro”, diz ela.

Indústria
Além de uso medicinal, a copaíba ainda tem uso na indústria de perfumes e cosméticos. “O óleo de copaíba é uma matéria-prima importante por ser um excelente fixador e por suas propriedades emolientes e relaxantes. O óleo também possui muitas outras aplicações, como combustível ecologicamente limpo e fixador de tinturas, evidenciando o seu alto potencial econômico por sua grande diversificação de mercado e ampla utilização”, afirma.

A professora também explica que além do óleo, a madeira das árvores da copaíba também é de grande utilidade para o mercado. “A madeira do gênero Copaíba possui características de alta resistência à umidade e ataque de xilófagos, o que a torna bastante interessante para o mercado madeireiro, na construção civil, construção naval, como também marcenaria em geral, pois além de alta durabilidade, apresenta características organolépticas desejáveis e alto valor comercial”, finaliza.

A equipe do Projeto da Copaíba conta ainda com os professores da Ufra: Marcos Rodrigues, Ângelo Augusto Ebling, Fernando C. B. Lacerda, Sintia V. Kohler e Fábio Israel Martins Carvalho. E também com discentes de universidades parceiras, como Simone Yasue Simote Silva e Sebastião Da Cruz Silva, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e Kelly Das Graças Fernandes Dantas e Heronides Adonias Dantas Filho da Universidade Federal do Pará (UFPA). Além do pesquisador André L. M. Vieira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e mais 13 discentes das três instituições.

Quem tiver interesse em acompanhar os trabalhos publicados pelo projeto pode acessar aqui.