A Educação Superior e Um Futuro Sustentável – Por Rui Oppermann

Esse é o tema central que a UNESCO propõe para a III Conferência Mundial de Educação Superior que ocorrerá, de 18 a 20 de maio, em Barcelona, Espanha, para a qual fui convidado. Nessa perspectiva, temas como o impacto da Covid-19 na Educação Superior (ES), a importância das interações regionais e internacionais na mobilidade acadêmica e na qualidade e pertinência da ES, onde a inclusão e a promoção da diversidade, especialmente nas questões de gênero, étnicas e socioeconômicas ainda são grandes desafios. Temas centrais como a autonomia, o financiamento e a governança transparente e democrática estão na agenda, especialmente na América Latina e Caribe onde ainda são entraves para a função social das Instituições de Educação Superior Públicas e Comunitárias.

No Brasil as Instituições de Educação Superior Públicas e Comunitárias preparam um documento a ser levado para a III CMES com um diagnóstico situacional e uma série de propostas para políticas públicas que garantam o acesso à Educação Superior de qualidade com pertinência, auxílio à inclusão e permanência de estudantes, superação de preconceitos e valorização das mulheres na ES, investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação, fomento às Artes e Cultura. Uma questão relevante é a ambiental e os riscos existentes, para os povos originários, na região amazônica.

Essa preocupação também consta do documento preparado pelo Espaço Latino-americano e Caribenho de Educação Superior (ENLACES) que representa a comunidade acadêmica regional. Nesse documento a integração regional é um ponto central no incentivo à participação em políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável de toda a região, interagindo com outras regiões do planeta, tendo como fundamento pesquisas e tecnologias voltadas para uma melhor qualidade de vida com inclusão e justiça social. Para tanto, políticas públicas e financiamento multilateral são necessários no entendimento de que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU necessariamente incluem interações regionais e internacionais.

Ambos os documentos ratificam a ES como um bem público e social, um direito das pessoas e um dever do Estado. Para tanto o tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, com qualidade e pertinência reconhecidas pela sociedade, devem ser asseguradas por políticas públicas.

*Rui Vicente Oppermann é professor titular da UFRGS desde 1983 e foi reitor da instituição na gestão 2016-2020.