“Equilibrar o ensino presencial e remoto é o principal desafio das universidades no pós-pandemia”, dizem reitores e ex-reitores na 74ª Reunião Anual da SBPC

As universidades não pararam durante a pandemia de Covid-19, em grande parte recorrendo ao que o ex-presidente da Andifes, reitor Emmanuel Tourinho (UFPA), denominou Ensino Remoto Emergencial. Entretanto, passado o pior momento das restrições impostas pelo vírus, as universidades, que em sua maioria já retomaram as atividades presenciais, têm agora o desafio de incorporar e equilibrar o uso das tecnologias digitais em suas novas rotinas.

“Temos, hoje, um aprendizado acumulado no uso de tecnologias e possibilidades de integração dessas tecnologias em experiências pedagógicas novas. Não faz sentido manter o ensino remoto, simplesmente substituindo o ensino presencial pela interação mediada por tecnologias. Podemos usar as tecnologias para ampliar o universo de interações científicas e culturais e para repensar o nosso modelo de formação”, afirmou Tourinho, durante o painel Desafios do Ensino Superior no pós-Covid, nesta segunda-feira (25), na 74ª Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade de Brasília (UnB).

Tourinho destacou os programas Promover Andifes e Destino Brasil. “Durante a pandemia a Andifes começou dois projetos importantes nessa área, de mobilidade virtual, e de mobilidade internacional virtual, então há um ganho no universo de interações e aprendizados que em certo sentido compensa a perda que há quando não estamos na presencialidade”, frisou o reitor.

Para o ex-reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, uma das lições importantes da pandemia é assimilar o que há de positivo no ensino remoto. “Temos um país de dimensões continentais, temos as ferramentas e agora temos o desafio de aproveitar o ensino híbrido. O obstáculo é a burocracia. Falta uma modernização em nosso currículo, e deveríamos aproveitar essa alavanca forçada do ensino remoto para ensinarmos melhor, para termos uma oportunidade de intercâmbio que seja mais proveitosa. Um dos nossos grandes desafios é conseguir com tranquilidade, mas rapidez, discutir essas questões e aproveitar essas possibilidades que a tecnologia oferece”, ponderou.

Equilibrar o ensino remoto e presencial e a comunicação das universidades e suas conquistas talvez seja o principal desafio do ensino superior público pós-pandemia, afirmou professora da Universidade de Brasília, Lícia Mota. “A forma de comunicação on-line é diferente da presencial e temos habilidades que devem ser desenvolvidas. Há aprendizados dos próprios docentes em utilizar as ferramentas, em saber como e para onde falar, como interagir em aulas remotas. Os ganhos são muito grandes, mas precisamos saber comunicar. A comunicação é absolutamente essencial para a sobrevivência de nossas universidades”, ressaltou a docente da UnB.

A 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, com o tema Ciência, independência e soberania nacional, terá atividades até o dia 30 de julho, na Universidade de Brasília, no Distrito Federal.

Acompanhe aqui a programação da 74ª Reunião Anual da SBPC.