UFRPE desenvolve novos estudos no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Um mar de possibilidades para a construção de conhecimento científico, a formação de profissionais e os consequente impactos na soberania nacional. Esse é o cenário da estação científica do Arquipélago São Pedro e São Paulo, no qual a UFRPE, junto com outras instituições brasileiras, desenvolve uma série de estudos e para onde pesquisadores embarcaram numa missão promovida pela Marinha do Brasil nos últimos dias de julho. A equipe da UFRPE, com a presença do reitor, Marcelo Carneiro Leão, seguiu, a bordo do Navio-Patrulha Oceânico “Araguari”, em expedição ao Arquipélago, a fim de avaliar e executar projetos de pesquisa já existentes e novos.

A missão faz parte do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Proarquipélago) – coordenado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), que conta com a participação da Marinha do Brasil, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), entre outros órgãos de ensino e pesquisa.

Em área dinâmica e interligada a diversos ecossistemas, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) é o menor e mais distante grupo de ilhas oceânicas entre os quatro conjuntos insulares oceânicos do Brasil. Considerado um hotspot de biodiversidade, o ASPSP apresenta o mais elevado grau de endemismo insular (9%) no país, sendo considerado um importante sitio de reprodução e alimentação para diversas espécies pelágicas e migratórias. Além disso, compreende um dos mais remotos pontos de pesca comercial.

Região de extrema importância para o estudo de peixes, aves, sismologia, monitoramento de golfinhos, tubarões entre outras áreas de pesquisa, o local é palco para diversos estudos realizados pela UFRPE. Entre eles, destaca-se atualmente o projeto Ecotuba, que permitirá melhor compreensão sobre estrutura populacional dos tubarões no entorno do ASPSP, bem como um melhor entendimento do comportamento das espécies.

Outro projeto dos pesquisadores da UFRPE em andamento é sobre Ecologia, pesca e genotoxicidade de peixes no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. A pesquisa é referente à ecologia reprodutiva e trófica, comportamento, estrutura populacional, uso do habitat, e monitoramento da pesca de peixes pelágicos, com intuito também de avaliar a genotoxicidade ambiental e investigar o uso de marcadores moleculares para estudar o ciclo reprodutivo das principais espécies de peixes capturadas no arquipélago.

reitor com bandeiraO reitor da UFRPE, acompanhado de pesquisadores do Departamento de Engenharia de Pesca, acompanhou os projetos desenvolvidos e renovou as parcerias institucionais para o desenvolvimento de estudos e ações no arquipélago. Para o gestor, as expedições promovidas pela Marinha permitem indispensável apoio logístico para o desenvolvimento das pesquisas, que impactam diretamente no desenvolvimento do país e na sociedade.

Local

Arquipélago de São Pedro e São Paulo é uma formação rochosa que recebeu o nome após o resgate, em 1511, pela caravela portuguesa São Paulo, de marinheiros que haviam caído da embarcação São Pedro, também de origem lusitana, e lá sobrevivido. A área é o topo de uma montanha formada na região de encontro de placas tectônicas que separam os continentes americano e africano.

Com uma área total emersa de aproximadamente 17 mil m2 e uma elevação máxima de 18 m acima do nível do mar, há o registro que um dos primeiros cientistas a estudar o local foi o naturalista inglês e autor da Teoria da Evolução, Charles Darwin, a bordo do “HMS Beagle” em 1832.

Aves do local

O conjunto de ilhas oceânicas brasileiras tem recebido cada vez mais pesquisadores brasileiros, e tem se tornado estratégico para o país nos aspectos econômico, já que a área é rota migratória de peixes e incrementa a atividade pesqueira nacional; político, possibilitando o alargamento da fronteira brasileira; além de científico, em virtude da rica biodiversidade e condições únicas para realização de pesquisas, visto que muitas espécies migratórias passam pela ilha, existem diversas espécies endêmicas no local, bem como há o registro frequente de atividades sísmicas.