UFSJ pesquisa comportamento das variantes da covid-19

Os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciência da Computação da UFSJ (PPGCC/DCOMP) – Carolina Xavier, Rafael Sachetto e Vinícius Vieira –, em parceria com professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – Bárbara Quintela, Bernardo Rocha, Marcelo Lobosco, Rodrigo Weber e Ruy Reis, publicaram dois artigos em periódicos internacionais, sendo um deles no BioTech, categorizado pela equipe editorial como artigo de destaque (feature paper). Essa classificação é concedida para pesquisas com potencial significativo de impactar o campo científico.

De acordo com a professora Carolina Xavier, o diferencial da pesquisa publicada é que “os trabalhos mostram o padrão de comportamento das variantes e seus impactos: efetividade da vacinação, taxa de reinfecção, letalidade, entre outros. Tudo isso usando um modelo matemático epidemiológico criado pelo grupo e ajustado via algoritmos de inteligência computacional.”

No trabalho, foram analisados dados relacionados ao combate à pandemia da covid-19, que investiga os efeitos de vacinação combinados à cobertura vacinal, transmissão, letalidade e reinfecção da variante ômicron nos cenários epidemiológicos do Brasil, da África do Sul e da Alemanha.

As previsões específicas para cada país somente foram possíveis devido a adaptações de alguns parâmetros específicos para a covid-19 na utilização de um modelo clássico de modelagem epidemiológica, conhecido como SIRD. “Matematicamente, os modelos são os mesmos, mas os parâmetros que caracterizam cada país são estimados usando dados reais. Aí sim desenvolvemos um modelo específico para cada localidade com seus parâmetros distintos, o que nos permite fazer essas comparações entre os países e os parâmetros, além de confrontar o modelo com a realidade em si”, explica o professor Rodrigo Weber (UFJF).

Resultados da pesquisa
O contágio desenfreado da variante ômicron significou, em muitos países, um ressurgimento da pandemia, depois de meses de queda no número de casos e mortes. A pesquisa aponta que países que possuíam baixas coberturas vacinais, como a África do Sul, por exemplo, com aproximadamente 30% da população completamente vacinada em fevereiro de 2022, sofreram um impacto muito maior no número de casos e mortes pela doença.

O estudo também mostrou que pessoas não vacinadas nos países analisados têm três a quatro vezes mais chances de óbito pela doença do que aqueles que se vacinaram.

Para que as modelagens realizadas chegassem próximo aos resultados encontrados na vida real, foi necessário que os pesquisadores realizassem pequenos ajustes no modelo matemático utilizado nas projeções. Ao considerarem o número de possíveis indivíduos que poderiam ser infectados novamente, puderam chegar a números que correspondiam aos divulgados pelas autoridades nacionais de saúde. De acordo com os professores, esse é um demonstrativo de como o modelo desenvolvido é uma ferramenta de importância para órgãos governamentais e autoridades sanitárias.

Os pesquisadores explicam que, diante das análises realizadas no estudo que avaliou as consequências da variante delta, foi possível observar uma relação importante entre a perda natural de imunidade e o aumento de infecções na população. Observou-se uma relação importante entre a perda natural de imunidade e o aumento de infecções na população.

O Brasil atingiu metade de sua população vacinada no mesmo momento de expansão da variante no mundo, em outubro de 2021, um dos principais fatores para explicar a menor taxa de transmissão no país no mesmo período em que Israel enfrentava o pico dos casos. Outro fator que elucida a ausência de um crescimento vertiginoso no cenário brasileiro da variante delta se deve à alta transmissibilidade da gama, a variante predominante antes no Brasil. O trabalho também foi capaz de avaliar que, no Brasil, a imunização em massa contra a covid-19 foi responsável por salvar aproximadamente 300 mil vidas.

As pesquisas podem ser acessadas nos links:
1) Characterisation of Omicron Variant during COVID-19 Pandemic and the Impact of Vaccination, Transmission Rate, Mortality, and Reinfection in South Africa, Germany, and Brazil

2) Timing the race of vaccination, new variants, and relaxing restrictions during COVID-19 pandemic