UFSCar aplica tecnologia para preservação da palmeira-juçara

Camila Moreira da Silva, Breno Souza e Patrick Faria Fernandes, estudantes de Biologia do Campus Lagoa do Sino da UFSCar, aplicaram um modelo computacional que está servindo de base para o planejamento da dispersão de sementes da palmeira-juçara, como parte do Programa de Conservação da Palmeira-juçara (Pró-juçara) da Fundação Florestal do Estado de São Paulo.

Para prever a eficiência dos esforços de reintrodução da espécie, o modelo usa características da planta – como as taxas de crescimento e a capacidade de produção de sementes, entre outras – e do ambiente em que ela vive, tais como se há presença de animais dispersores, a adequabilidade de habitat etc. A tecnologia permite avaliar a efetividade da dispersão artificial de sementes da palmeira em termos de número de indivíduos ao longo do tempo e da colonização de novas áreas. “Em outras palavras, a ferramenta ajuda a otimizar os esforços de restauração das populações originais da palmeira, permitindo calcular, por exemplo, a quantidade de pontos de soltura de sementes e o espaçamento mínimo entre esses pontos, além de fornecer um resultado esperado que pode servir de parâmetro para avaliar o sucesso da iniciativa em médio e longo prazos”, descreve Vinícius São Pedro, professor do Centro de Ciências da Natureza (CCN) da UFSCar e coorientador do projeto.

O Pró-juçara é uma iniciativa da Fundação Florestal que visa recuperar as populações dessa importante espécie vegetal nas Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. Para tanto, as sementes são adquiridas de propriedades particulares do entorno dessas Unidades de Conservação – muitas delas de agricultores familiares tradicionais – e, a partir das informações estratégicas fornecidas pelo modelo computacional desenvolvido pelos estudantes da UFSCar, são dispersadas em áreas previamente selecionadas, com o uso de drones e helicópteros.

“A ferramenta, inclusive, foi criada a partir de demanda apresentada por Pietro Scarascia, gestor do Parque Estadual Carlos Botelho, que é uma das Unidades de Conservação do bioma Mata Atlântica, onde a população de palmito juçara deverá ser recuperada. O Parque está situado entre duas bacias hidrográficas, Alto Paranapanema e Vale do Ribeira, e sua área abrange os municípios de São Miguel Arcanjo, Sete Barras e Capão Bonito”, completa o professor.

Além de Vinícius São Pedro, o projeto contou com a coorientação das pesquisadoras Carolina Carvalho, do Instituto Tecnológico Vale (ITV), e Rita Portela, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de colaboração de Eduardo Teles, doutorando da UFRJ. A próxima fase do projeto, desenvolvida como Iniciação Científica do estudante Patrick Fernandes, prevê a aplicação do modelo em áreas fragmentadas, para estimar como a palmeira irá se dispersar em paisagens onde boa parte da Mata Atlântica já foi desmatada. Detalhes sobre o trabalho também podem ser obtidos no Relatório Técnico disponível no site da Fundação Florestal.

Esta matéria aborda contribuição da comunidade da UFSCar à concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030 (ODS15-Vida Terrestre).