CEFET-MG pesquisa monitoramento de barragens por meio de estatística

Atualmente há 75 barragens de dejetos da mineração em situação de alerta ou emergência no Brasil, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Os desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) colocaram o país de sobreaviso quanto ao risco de novas tragédias. Nesse contexto, pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, no campus Araxá, aprimorou o controle de barragens por meio de dados estatísticos.

Barragens são estruturas usadas para acúmulo de rejeitos, que podem ser líquidos ou líquidos misturados com sólidos, gerados no processo de beneficiamento do material extraído das minas, podendo ser construídas com aterro ou com os próprios rejeitos. O monitoramento e a inspeção desses depósitos, que podem operar por décadas, são imprescindíveis para a proteção das áreas em que estão instalados, devido ao volume e à toxidade dos rejeitos. De acordo com a ANM, são 924 barragens cadastradas no Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM), sendo que 465 são acompanhadas pela Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), do Governo Federal. Elas podem ter mais de 15 metros de altura e capacidade superior a três milhões de metros cúbicos.

Entre os métodos de acompanhamento de segurança, está a auscultação rotineira dessas estruturas. “Para compreender o complexo desempenho e comportamento das barragens, a supervisão deve integrar as tecnologias de monitoramento, instrumentação automatizada, plataforma amigável e intuitiva para visualização de resultados e a implantação de controles operacionais determinísticos e estatísticos”, afirma o pesquisador João Antônio Soares em sua dissertação.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O pesquisador, durante o mestrado, elaborou um estudo sobre controles operacionais estatísticos que acompanham a identificação de padrões, de movimentações sazonais e de mudanças preocupantes no comportamento das barragens. Nível de água do reservatório, volume de chuvas, vazão da drenagem, entre outros indicadores, geram dados que foram analisados por meio de modelos de Regressão Linear Múltipla (RLM), que é uma das técnicas mais utilizadas para acompanhar a relação linear entre variáveis.

Após a criação dos modelos, foi possível caracterizar cenários, como sazonalidades, e mesmo anomalias, como a infiltração de água de chuva. Os estudos apontaram que entre os 25 indicadores, a RLM se mostrou satisfatória para 16 deles, com capacidade de predição de até 97%. “Após a conclusão da pesquisa, certificou-se que a utilização de Regressão Linear Múltipla aplicada para controles operacionais estatísticos de segurança de barragens está em linha com as melhores práticas de monitoramento de barragens”. João Antônio avalia a evolução da área em dois períodos: em 1950, com o avanço do setor hidroelétrico e a implantação de barragens de grande porte; e 2015, com a difusão da instrumentação automatizada no mundo.

A pesquisa “Segurança de barragens a partir de controles operacionais estatísticos” foi orientada pelo professor Thiago Bomjardim Porto, demonstrou o potencial de aprimoramento das condições de segurança de barragens a partir da implantação de controles operacionais estatísticos sob a perspectiva do modo de falha.