UFU busca melhorar tratamento de doenças que afetam os pés

Cientistas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com uma clínica de podologia, estão pondo em prática um projeto de extensão associado à pesquisa para melhorar o tratamento de pessoas com onicomicose (micose nas unhas), verrugas plantares (causadas pelo Papilomavírus Humano e que afetam pés e mãos) e úlceras nos pés por causa de diabetes.

A intenção do grupo coordenado por Tayana Tsubone, docente do Instituto de Química, é confirmar que a união de duas terapias já aprovadas e utilizadas nos tratamentos das três doenças pode potencializar os resultados esperados.

Uma das terapias é a aplicação tópica (no local da lesão) do ácido tricloroacético. A outra é a terapia fotodinâmica (TFD) — que consiste na emissão de um feixe de luz no local da lesão para ativar um composto químico (azul de metileno) aplicado na pele do paciente. A reação causada é capaz de oxidar as membranas de vírus e bactérias, matando ou inativando esses micro-organismos.

Os testes em laboratório unindo o ácido tricloroacético e a TFD já deram bons resultados. Agora, os pesquisadores estão verificando a combinação em colaboração com podólogos (profissionais que se dedicam ao exame, diagnóstico, tratamento e à prevenção das doenças que afetam os pés). O projeto, inclusive, tem o aval do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFU.

A reação causada pela terapia fotodinâmica é capaz de oxidar as membranas de vírus e bactérias. (Foto: Marco Cavalcanti)

“A proposta do projeto de extensão é colocar na prática clínica alguns conhecimentos que são gerados dentro dessa área de terapia fotodinâmica no laboratório de pesquisa, só que com compostos que já são aprovados para isso. A gente não pode testar compostos novos. Para isso, a gente teve que fazer parcerias com pessoas da área clínica, com as podólogas. São elas que fazem a aplicação clínica”, revela Tsubone.

Desde 2015, a podóloga Vilma Carvalho participa e coordena atendimentos voluntários em podologia para idosos em Uberlândia. Em janeiro deste ano, ela iniciou sua participação no projeto de extensão dirigido a pacientes acometidos por alguma das três doenças.

“Em apenas duas sessões, já tivemos uma grande diferença de um acompanhamento para o outro. A extensão desse conhecimento tem como objetivo melhorar os resultados nesses tratamentos e diminuir de forma bastante significativa os gastos com medicamentos e complicações no pé diabético, principalmente evitar o número de amputações”, relata Carvalho.

Tsubone comenta que os profissionais podólogos têm uma certa limitação, pois a habilitação em podologia não permite que eles dêem, por exemplo, um medicamento sistêmico para o paciente. “O projeto é uma forma de valorizar esses profissionais e mostrar para eles que eles podem atuar de forma bem eficaz com outros tratamentos locais, como esse, da terapia fotodinâmica associada com ácido tricloroacético”, afirma a coordenadora.

Tayana Tsubone lidera o Laboratório Interdisciplinar de Fotobiologia e Biomoléculas, no qual pesquisadoras trabalham para buscar novos fármacos fotossensíveis. Também fazem parte da equipe as docentes Daniele Lisboa Ribeiro, do Instituto de Ciências Biomédicas (Icbim), e Renata Galvão de Lima, do Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal (Icenp/UFU).