UFRA – Projeto capacita famílias ribeirinhas a partir do empreendedorismo consciente

A comunidade do Laranjal, localizada em Cametá, no Pará, próximo a região do baixo Tocantins é uma comunidade quilombola e ribeirinha que tem como principal fonte de renda a pesca de camarão e agricultura, com a produção e comercialização de itens como açaí, pupunha e cacau. Pensando em capacitar os moradores da comunidade para empreender conscientemente a partir das atividades já desenvolvidas no local, foi criado o projeto “Gestão participativa para um empreendedorismo consciente da comunidade ribeirinha à jusante da Usina Hidrelétrica de Tucuruí”. O projeto é uma parceria entre Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Belém e a Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Cametá.

Mais conhecido como Matapi Gespar, abreviação para o termo Gestão Participativa, o busca integrar desenvolvimento sustentável e a conservação do rio. Segundo a professora Xiomara Díaz, que coordena o projeto pela Ufra, a ideia principal foi capacitar os moradores no empreendedorismo consciente, principalmente na atividade de captura e comercialização de camarão da Amazônia. “Mas, além disso, também é importante focar em outros produtos da biodiversidade local, para contribuir na valorização do papel dos habitantes ribeirinhos e da mulher, principalmente, nas atividades produtivas desenvolvidas por essa comunidade, que tem a pesca e o manejo de produtos da biodiversidade como principal fonte de renda e alimentação”, disse.

A intenção dos pesquisadores é melhorar a qualidade de vida da comunidade, ajudando a combater a pobreza, desigualdade, e contribuir na qualidade dos ambientes aquáticos. Aprovado em 2018 e com início em 2020, o projeto começou a ser desenvolvido de forma online por conta da pandemia, capacitando primeiro os integrantes do projeto, antes de partir para os encontros presenciais.

A partir das definições e identificações dentro da comunidade, começaram os trabalhos planejados. “Começamos assim a transferência da tecnologia em si, então foram realizados treinamentos, oficinas, cursos, seminários, para instrumentalizar o grupo na aplicação de ferramentas para desenvolvimento de produção e da gestão como negócio associativo. Uma coisa que foi muito importante, resultado de todo esse trabalho é a retomada de uma associação”, disse

Além do trabalho em gestão sustentável, o projeto também trabalhou o Matapi Ecológico. “O Matapi ecológico, é o instrumento de pesca de camarão que tem um espaçamento entre as talas do apetrecho, mais separadas do que normalmente se utiliza nas comunidades ribeirinhas. Esse que é utilizado comumente, em tese, para que os camarões menores possam sair da armadilha e justamente ajuda que a população se mantenha e que tenha um novo ciclo de produção, então a ideia era introduzir esse matapi ecológico, com isso eles conseguiriam extrair o camarão da região”, explica a professora.

Além do Matapi Gespar, o projeto Luneta, que é um projeto baseado no ensino lúdico das ciências aquáticas, e que já existia na Ufra, entrou de carona e também foi levado à comunidade do Laranjal. O projeto Luneta foi desenvolvido na formação de professores na escola, e foi trabalhado com os alunos do 6º ano do ensino fundamental temáticas relacionadas com o entorno, com o rio algumas características químicas dos organismos que habitam o rio, já que a comunidade é ribeirinha. Nós percebemos que as crianças passaram a se interessar mais sobre o assunto, a se empoderar mais do entorno, e, como habitantes ribeirinhos, compreenderem melhor o local onde moram”, disse.

O projeto é financiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), com recursos administrados pela Empresa Junior de Engenharia de Pesca (ACEEP Jr), do curso de Engenharia de Pesca da Ufra.

Por Andréia Santana, estagiária de jornalismo, Ascom Ufra.