Pesquisadores da UFRJ monitoram nova onda de fake news sobre vacinas

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro estão monitorando a nova onda de fake news sobre vacinas que tem circulado nas redes sociais.

O Movimento Nacional pela Vacinação marcou também o início de uma nova onda de ataques virtuais contra a vacina da Covid. Desde 26 de fevereiro, uma avalanche de fake news invadiu as redes sociais e sites especializados em divulgar mentiras.

Um relatório do NetLab, Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, identificou uma campanha orquestrada contra a vacina.

“É planejado e tem um método e um objetivo. É mais uma evidência de como que a vacina está sendo instrumentalizada por grupos que trabalham com questões ilícitas, grupos criminosos que trabalham nessa indústria de desinformação”, diz a diretora do NetLab/UFRJ, Marie Santini.

O levantamento do NetLab mapeou as postagens feitas em sete das mais importantes redes sociais e 600 sites. Segundo a coordenadora do estudo, a propagação de mentiras tem motivação política e rende lucros para os responsáveis, inclusive fora do Brasil.

“Existem muitos sites que vendem cursos, livros, tratamentos milagrosos. Muitos falsos médicos, falsos cientistas. Esse mercado, hoje, movimenta muitos bilhões de reais”, conta Marie.

Levantamento do NetLab mapeou as postagens feitas em sete das mais importantes redes sociais e 600 sites — Foto: JN

O estrago causado pelas fake news levou o Ministério da Saúde a vir a público reafirmar a segurança da vacina, reforçar que o imunizante evita mortes e também as manifestações mais graves da Covid. O ministério também rebateu as principais mentiras divulgadas sobre a vacina.

Veja as principais fake news

O Jornal Nacional convidou a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, para comentar essas informações falsas.

A vacina causa miocardite

“Isso não procede. O que causa miocardite é a Covid-19. Nós vimos causas de miocardite, de doenças cardiovasculares e cardíacas, sobretudo, doenças do pericárdio, derrames pericárdicos causados pela Covid, e não pela vacina”.

A vacina causa câncer

“Isso é mais uma tolice absoluta, porque nenhuma vacina, nenhuma das vacinas até hoje utilizada, são capazes de penetrar no núcleo da célula. Portanto, não são capazes de modificar o nosso DNA, portanto não são capazes de causar coisa alguma como alguma doença que seja, enfim, da natureza dos cânceres”.

A vacina gera danos cerebrais e cardíacos.

“Não são as vacinas que causam isso. O que causa doença dessa natureza é a Covid-19, e não as vacinas”.

“Que iria ficar mais doente, que não era para tomar, que ia ficar mais gripada, que não faz bem para saúde”

“A vacina é capaz de causar algumas reações inflamatórias, digamos assim. O que nós recomendamos quando isso ocorre: fale com o seu médico ou com alguém de sua confiança. Absolutamente não é algo para ninguém ficar preocupado com isso”.

Repórter: Tem vacina contra a mentira na internet?
Marie Santini: A gente não vai conseguir fazer política pública ampla se a gente não voltar a confiar nas instituições: no SUS, na imprensa, na ciência, na academia, nos estudos das universidades e etc. Então, é superimportante. Eu acho que esse é o grande antídoto.

Matéria originalmente publicada em Jornal Nacional