Cefet-MG cria modelos matemáticos para a elaboração de cardápios escolares

“Joga o paio, carne seca, toucinho no caldeirão e vamos botar água no feijão!” Chico Buarque tem a receita da “Feijoada completa” na ponta da língua. Mas não é todo dia que a gente pode (ou deve) aproveitar dessa maravilha da culinária brasileira, principalmente a criançada. Nas escolas, a educação alimentar e nutricional atende aos requisitos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

Para ajudar a definir se vai carne seca, feijão ou outro alimento nas refeições escolares, a doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Modelagem Matemática e Computacional Rafaela Moreira desenvolveu dois modelos matemáticos para gerar cardápios que atendam os requisitos do Pnae, introduzindo hábitos alimentares saudáveis e que minimizem o custo total das refeições.

Um dos cardápios foi elaborado para cinco dias e inclui restrição a sódio e gordura saturada, por exemplo. Em outro, o número de dias pode variar de acordo com a demanda e traz exigências como porções de frutas, verduras e legumes; oferta de vitaminas; limite de margarina, lácteos adoçados e produtos cárneos; combinação e rejeição de preparações. As recomendações buscam contribuir para a redução do cenário crescente de obesidade mundial.

Ao ouvir as queixas de uma tia nutricionista sobre o esforço para elaborar o cardápio que respeitasse as restrições impostas, Rafaela teve a ideia de desenvolver os modelos. “Muitas das vezes, o nutricionista é sobrecarregado por outras atividades além do planejamento do cardápio. Automatizar esse processo economiza tempo do nutricionista, auxiliando-o em uma de suas muitas atividades e garantindo que as diretrizes do Pnae sejam atendidas”, explica a doutora em sua tese.

Coletividade

Para criar os modelos matemáticos, foram feitos estudos para entender como o problema foi abordado até então. A pesquisadora buscou entender os conceitos essenciais para a elaboração de cardápios, bem como as diretrizes exigidas para esse tipo de alimentação no Brasil. “O modelo visa à coletividade, é flexível (podendo ser aplicado em diversos contextos, como hospitais, clínicas, restaurantes) e também permite adap[1]tação de acordo com o cenário de cada usuário, respeita as restrições do Pnae, além de retornar o cardápio de menor custo”, avalia.

Os aspectos qualitativos dos cardápios foram avaliados por meio do Índice de Qualidade da Coordenação de Segurança Alimentar Nutricional (IQ COSAN), considerando também o recurso financeiro disponibilizado para as escolas. O sistema está pronto para ser aplicado. No momento, a equipe desenvolve uma interface gráfica que facilite o entendimento e o acesso aos usuários.

A tese “Modelagem matemática para o problema de elaboração de cardápios nutricionais” foi orientada pela professora Elizabeth Fialho e coorientada pelos professores Flávio Cruzeiro e João Fernando Sarubbi.

Por SECOM / CEFET-MG

Matéria originalmente publicada em Cefet-MG