Em abril, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) lançou a primeira edição do Programa de Mobilidade Virtual Internacional, com a oferta de cursos gratuitos com duração de seis semanas por plataforma 100% digital. De acordo com o coordenador do Conselho de Gestores de Relações Internacionais das IFES (CGRIFES), professor Waldenor Barros, os cursos serão todos de curta duração – seis semanas, oferecidos virtualmente pelas universidades federais brasileiras para seus alunos, com 30% das vagas, e para os nossos parceiros internacionais 70% das vagas. Os cursos devem ser ofertados em inglês, francês e espanhol, com possibilidade de ampliação das opções linguísticas.
Saiba mais sobre o programa Destino Brasil conferindo a íntegra da entrevista com o coordenador do CGRIFES.
O que é o Programa Destino Brasil?
É um programa de mobilidade virtual internacional, oferecido pela Andifes, em colaboração com as instituições federais de ensino superior brasileiras e destinado prioritariamente aos parceiros internacionais, com o intuito de dar visibilidade internacional ao Ensino Superior brasileiro na esfera federal. Esta é a edição piloto, com foco em cursos concentrados nos meses de julho e agosto, no período de recesso escolar de muitos de nossos parceiros em outros países.
Como o programa foi desenvolvido?
O programa foi desenvolvido a partir de um projeto proposto pela comissão temática 8 (CT8) do CGRIFES, que tem como meta pensar em ações e políticas para a internacionalização das IFES no período da pandemia e pós-pandemia. A proposta apresentada pela CT8 foi aprovada pela ANDIFES e teve adesão por unanimidade das IFES membros do CGRIFES. Esta ação tem foco específico em temas relativos ao Brasil e pretende ocupar um espaço provocado pela limitação nas mobilidades presenciais, bem como abrir caminho para outras ações de caráter mais regular.
Quais são os objetivos do programa?
Propor uma oferta coletiva, no âmbito da ANDIFES, de cursos em caráter extensionista livre, a serem oferecidos em língua estrangeira a parceiros internacionais, proporcionando uma imersão nas línguas e culturas brasileiras, através de um processo de mobilidade virtual. Dessa forma, pretende-se (1) estabelecer uma ação de internacionalização em nível nacional; (2) aumentar a visibilidade do Ensino Superior brasileiro no exterior; (3) valorizar e disseminar a língua e a diversidade cultural brasileira; (4) fortalecer o processo de internacionalização das IFES e (5) contribuir para o processo de internacionalização em casa.
Qual é o impacto do Destino Brasil para o Ensino Superior Público?
Para as instituições há fomento da visibilidade internacional da educação superior e das universidades federais brasileiras, fortalecimento da Internacionalização; aumento da atratividade institucional para o estrangeiro, valorização da diversidade brasileira, em um programa que envolve as instituições de todas as regiões do Brasil, retomada dos processos de mobilidade, ainda que virtualmente, fortalecimento do trabalho em Rede, além de ser piloto para projetos individuais de mobilidade virtual.
Qual é o público-alvo e quantas vagas serão disponibilizadas?
O público-alvo são docentes, discentes e staff de instituições estrangeiras, parceiras das IFES brasileiras, bem como as comunidades acadêmicas das próprias IFES ofertantes. Serão 103 cursos ofertados por 42 IFES. Cada curso oferece entre 20 e 50 vagas, com um total de aproximadamente 3000 vagas disponíveis. 70% das vagas são reservadas para os parceiros internacionais e 30% a membros das comunidades acadêmicas das IFES brasileiras. Os cursos estão organizados em um Catálogo disponível em https://www.destinobrasil-andifes.org.
Qual é a diferença do Destino Brasil em relação aos outros programas de Mobilidade Acadêmica da Andifes?
É a primeira iniciativa de mobilidade internacional virtual da Andifes, como uma ação realizada de modo articulado pela rede, voltada para o fortalecimento da internacionalização, com cursos em línguas estrangeiras e em português como língua estrangeira. Os cursos sendo ofertados nacionalmente têm o caráter curricular e são ofertados em Língua português, enquanto que esta experiência está focada na oferta de cursos de diversos níveis, em outros idiomas e de caráter extensionista, sem necessariamente vinculo curricular formal.
Como será o envolvimento dos estudantes no projeto?
Todos os estudantes das IFES brasileiras, bem como de seus parceiros internacionais poderão participar dos cursos oferecidos por meio de atividades remotas. As aulas serão no formato digital, com vídeos e interações em tempo real e também de modo assíncrono, considerando as diferenças de fusos horários em relação aos países parceiros.
Existe alguma relação entre o contexto das universidades durante a pandemia e o programa?
Com certeza, como já foi explicado o programa se originou de um projeto proposto pela CT8, que tem por objetivo propor ações de internacionalização no período da COVID-19 e pós-COVID-19. Em um momento em que a mobilidade presencial está comprometida, principalmente devido à Pandemia, mas também devido aos severos cortes orçamentários, o programa vem propor um processo de mobilidade virtual de curta duração, focado na temática “Brasil”, contribuindo para a continuidade de ações de internacionalização das IFES e dando visibilidade internacional positiva ao ensino superior brasileiro em um momento em que a imagem do Brasil no exterior tem sido negativa devido ao agravamento das crises que enfrentamos.
Quantas instituições estão participando do Destino Brasil?
42 universidades.
Quais são as características das instituições que integram o programa?
São todas instituições federais dos diversos estados brasileiros, membros da ANDIFES. As IFES participantes são aquelas que enviaram propostas de cursos em língua estrangeira, com a temática “Brasil” para compor o catálogo de cursos do programa.
O senhor pode enumerar os benefícios do Destino Brasil para os graduandos?
São vários. Além dos que já mencionei para as instituições, nesse primeiro momento, o programa oferece aos estudantes a possibilidade de fazer cursos em 42 instituições brasileiras, em outros idiomas; acesso ao multilinguismo e multiculturalismo; aumento do conhecimento sobre seu próprio país; participação em aulas internacionais, sem ter que deixar seu país, em um processo de “internacionalização em casa”; convívio com colegas estrangeiros nos cursos oferecidos; prática de uma língua estrangeira; enriquecimento do currículo; possíveis oportunidades de mobilidade presencial, após a mobilidade virtual.
O programa será permanente?
Este é um projeto piloto, mas a ideia é que seja mantido e ampliado, tanto no escopo quanto na abrangência, envolvendo a modalidade virtual, bem como a presencial (quando for possível) e também o formato híbrido. O CGRIFES já apresentou a proposta, ainda em construção, de um Programa ANDIFES de Mobilidade Internacional que também viabilize a oferta de cursos, de diversas naturezas e em diversos idiomas, que possam ser ofertados como extensão ou com vínculo curricular formal, aos nossos parceiros nacionais e internacionais, no formato virtual. Esperamos que esse Programa, quando implementado, abrigue ações presenciais e virtuais, como foco em atividades de capacitação e de formação de discentes, docentes e técnicos de membros da rede federal associada à ANDIFES. Nesse sentido, já iniciamos discussões com possíveis parceiros estamos em conversações com a Fundação Carolina, buscando alternativas para viabilizar esse Programa, em nossa relação com a Espanha.
Quais serão os próximos passos do Destino Brasil?
As inscrições estão abertas. O próximo passo é a divulgação do programa junto aos parceiros internacionais e às IFES brasileiras. Os cursos acontecerão em julho e agosto. Após a avaliação deste programa piloto, começaremos a pensar na próxima edição, com as ampliações mencionadas acima, a partir das avaliações e das possibilidades tecnológicas.
Se o senhor fosse estudante, por que participaria do programa?
Gostaria de ter contato com colegas estrangeiros, de praticar uma língua estrangeira em uma interação autêntica e em contexto acadêmico, de enriquecer meu currículo com uma experiência de “internacionalização em casa”, manter bons contatos com estrangeiros e conhecer mais sobre a beleza e riqueza de nosso país. Além disso, teria a oportunidade de conhecer experiências e visões de outros professores, de outras universidades públicas, distintas da minha, mas membros da mesma rede. Esse conceito de rede federal mostra a força do conhecimento construído de modo colaborativo e comprova a desterriteritorialização da universidade e da produção do conhecimento. Este programa demonstra ainda a força da universidade pública, a importância de ação em rede e resistência da academia frente às limitações trazidas pela pandemia e pelas limitações orçamentárias.