Andifes debate o papel das universidades federais no combate à fome e na produção de alimentos, com sustentabilidade ambiental

Tema estratégico de trabalho para a Andifes durante o ano de 2024, o papel das universidades federais brasileiras no combate à fome e na produção de alimentos, com sustentabilidade ambiental pautou seminário que reuniu reitoras, reitores e convidados na tarde da quarta-feira (24), na sede da entidade, em Brasília.

Na abertura do seminário, a presidente da Andifes, reitora Márcia Abrahão Moura (UnB) destacou importância de as instituições de ensino superior tratarem deste tema em 2024.

“Esse é um tema aprovado pelo nosso Conselho Pleno para ser trabalhado pela Andifes nesse ano, que tem tudo a ver com as prioridades do governo brasileiro no G20 e, também, com as necessidades do nosso País e da humanidade”, disse.

Na primeira mesa de debate, que tratou sobre atuação das agências de fomento e das redes de cooperação internacional no combate à fome e na produção de alimentos, a reitora da Universidade Federal de Ouro Preto, professora Cláudia Marliére, detalhou a importância das políticas públicas de combate à fome para a soberania de um país e sobre como é dicotômico o fato de o Brasil ser produtor e exportador de alimentos, mas ainda ter tantas pessoas padecendo de fome.

“Esse é um problema que afeta ainda tantos brasileiros e brasileiras e, em especial, crianças, que têm seu desenvolvimento comprometido. Isso se reflete de tantas formas, inclusive no acesso à educação e ao ensino superior”, afirmou.

Na avaliação da presidente da Capes, Mercedes Bustamante, combater a fome está numa agenda vinculada a questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável e elogiou a iniciativa da Andifes em tratar o assunto.

“Não se pode falar de fome, sem falar do direito humano fundamental à alimentação, e sem nos lembrarmos de como é um tema vinculado a tantos outros. A maneira como produzimos e distribuinos nossos alimentos precisa ser parte da solução, não do problema”, enfatizou.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, (ONU), 70% da água utilizada para o plantio de alimentos vem direto da natureza, ou seja, Não possuem um sistema de irrigação.  Ainda segundo a ONU, a atual produção de alimentos global impacta em 60% a perda da biodivesidade. Além disso, pelo menos 1/3 de todo alimento produzido no mundo é perdido ou jogado no lixo.

O chefe de gabinete da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fernando Peregrino, trouxe um panorama dos projetos que estão em execução, sobretudo, aqueles ligados a mudanças climáticas.

“Temos uma pauta muito comum com a Andifes, que é a questão do combate à fome e sustentabilidade. Nesse sentido, temos trabalho com o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, por meio do Programa Missões. Entre eles são o que diz respeito recuperação e infraestrutura das universidades e outro sobre segurança alimentar e erradicação da fome”, detalhou.

Para o coordenador de Comunicação do G20 Brasil na Secom da Presidência da República, Carlos Alberto Júnior, as universidades federais podem firmar parcerias para participar dos principais temas que envolvem o G20, especialmente a questão da fome e da pobreza.

“Podemos pensar em estudantes de jornalismo que podem se credenciar junto ao G20 para compor coletivas, viver no ambiente de cobertura internacional em também, envolver outros cursos das universidades,” disse.

Na abertura da Segunda Mesa de debate, Rodrigo Rollemberg, secretário de economia verde do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio, destacou a importância das parcerias com as universidades federais, citando como exemplo projetos de pesquisa e extensão que já estão firmadas com a UnB, envolvendo comunidades quilombolas e, inclusive, a questão da sustentabilidade ambiental. Rollemberg afirmou que na semana do pleito, o ministério havia lançado um novo programa de neoindustrialização, com base em cadeias agroindustriais sustentáveis para segurança alimentar, nutricional e energética.

“Nós estamos muito alinhados com o tema deste debate. Hoje, nós temos inúmeras famílias em situação de fome e isso é um desafio muito grande de promover uma economia que produza riqueza para essas pessoas”, afirmou Rollemberg.

Representando a direção nacional do Coletivo de Bioinsumos do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Bárbara Loureiro disse que o movimento, em seus 40 anos, tem trabalhado em inúmeras ações voltadas no combate à fome.

“Há uma profunda desigualdade no modelo de produção de alimentos. De um lado temos o agronegócio e do outro a agricultura familiar camponesa. Vejamos o plano Safra que por mais que tenha tido um volume considerado para a agricultura familiar, ainda oferece um aporte de cinco vezes maior ao agronegócio”, disse.

Segundo Bárbara, o MST tem trabalhado em quatro eixos centrais: realização da reforma agrária, relacionamento com os bens comuns com a natureza, a soberania alimentar e a agroecologia.

“Como a gente cria um relacionamento do homem com a natureza, como manejamos o sistema produtivo diversificado que tem a natureza e a biodiversidade como aliadas”, concluiu.

Assista ao seminário na íntegra: