I Congresso Andifes destaca ações das universidades federais no combate ao coronavírus

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou nos dias 17 e 18 de junho o I Congresso Andifes, sob o tema “Realidade e Futuro da Universidade Federal”. Totalmente virtual, o evento foi composto por atividades em todos os estados brasileiros, com o envolvimento direto de 33 universidades federais, seis colégios e cinco fóruns assessores da Andifes. Com a participação de especialistas e estudiosos, foram apresentadas ações realizadas pelas universidades federais desde o início da pandemia, além de proposições para os próximos meses.

Reitor João Carlos Salles

De acordo com o presidente da Andifes, reitor João Carlos Salles (UFBA), a pandemia trouxe desafios para as universidades federais. “Embora seja um período desafiador, o conjunto de nossas universidades tem respondido de forma decidida no combate à Covid-19”, disse.

Salles também destacou que o sistema de universidades federais é composto por realidades diferentes, de acordo com o local em que cada campus se insere. Logo, isso faz com que as ações nesse momento de pandemia sejam de acordo com a necessidade de cada região.

“No momento da pandemia, cada realidade, cada universidade, na sua diversidade, tem uma reflexão própria e está tomando medidas, está avançando com o consenso da sua comunidade para enfrentar essa situação absolutamente inusitada. E nós estamos trabalhando para ter padrões comuns, que respeitem a diversidade, mas, ao mesmo tempo garantam a qualidade da universidade pública, o orçamento da universidade pública e o investimento necessário”, frisou.

Secretário executivo Gustavo Balduino

O secretário executivo da Andifes, Gustavo Balduino, responsável pela idealização, planejamento, organização e realização do I Congresso Andifes, disse que o evento se apresenta como um marco na história da associação. “O sistema de universidades federais se apresentou com toda sua diversidade e pujança. Respeitando a autonomia de cada universidade, dezenas de atividades, variados enfoques profissionais, com a participação de milhares de pessoas, ocorrendo simultaneamente, de norte a sul do país, é uma demonstração da excelência e capacidade dessas instituições e da Andifes. Foi possível perceber que, mesmo durante a pandemia, as universidades estão todas com intensas atividades. O I Congresso da Andifes cumpre também o papel de compartilhar desafios e soluções para que essas instituições possam retomar mais atividades, inclusive de aulas, com maior segurança e qualidade, no menor tempo possível.” Balduino destacou que três fatores foram determinantes para a realização e o sucesso desse primeiro Congresso da Andifes: a decisão política da Diretoria em fazer o I Congresso em plena pandemia, o engajamento de dezenas de reitores e suas universidades, e o envolvimento de todos os fóruns e colégios assessores da instituição.

AÇÕES DE COMBATE AO CORONAVÍRUS
De acordo com levantamento feito pelo Colégio de Gestores de Comunicação da Andifes, foram disponibilizados 656 leitos de UTI em hospitais universitários, além de 2.502 leitos específicos para pacientes infectados pelo coronavírus. Há 1.265 pesquisas específicas sobre o vírus em andamento. As universidades também disponibilizaram 230 sondas endotraqueais e realizaram mais de 71 ações de testagem do coronavírus, o que significa 2.600 testes por dia.

CAMPANHAS EDUCATIVAS
As universidades também estão realizando campanhas educativas, ações solidárias de extensão, parcerias com prefeituras e com governos estaduais, além de ações diversificadas e específicas realizadas nos diversos campi em todo o Brasil.

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ACADÊMICA
Segundo o secretário executivo da Andifes, Gustavo Balduino, o congresso teve a participação de 33 universidades realizando atividades simultâneas. “As universidades têm a cara do Brasil e, assim, foram realizadas atividades desde a região dos Pampas gaúcho até Roraima, do Mato Grosso do Sul à Paraíba, passando por todas as regiões. Durante os dois dias de evento, foram milhares de acessos”, comemorou.

Somente no canal do Youtube da Andifes, foram mais de 2.700 internautas, além daqueles que acompanharam diretamente pelas plataformas disponibilizadas por cada universidade. Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Teresina, Rio Branco e Belo Horizonte foram as capitais com maior número de acessos. Ainda de acordo com o secretário, o congresso comprova que as universidades federais não estão paradas diante da crise ocasionada pelo coronavírus. “Ao contrário, elas estão pesquisando meios inteligentes de sairmos desse momento delicado que vivemos”, pontuou.

Reitor Edward Madureira

RESULTADOS DO I CONGRESSO ANDIFES
O vice-presidente da Andifes, reitor Edward Madureira (UFG) também comemorou os resultados das discussões e levantamentos de dados apresentados pelo congresso virtual.

“As universidades federais foram desafiadas pela história e a resposta não poderia ser outra, que é de mostrar a relevância e a excelência desse sistema. Logo, eu destaco uma característica que percebi com muita força nesses três meses de pandemia: a capacidade das universidades, através da Andifes, de articular todos os atores da sociedade. As universidades são como uma grande figura que envolve toda a sociedade. Ou seja, a universidade é o local de socorro de todas as instituições, seja governo, seja setor privado. Elas souberam, com maestria, atender aos anseios dos brasileiros. Eu me orgulho muito de termos universidades com essa força e ter a Andifes, que consegue unir os reitores e enfrentar essa pandemia, diante de tantos números absurdos resultantes dessa pandemia”, afirmou.

Reitora Guida Aquino

Na avaliação da reitora da Universidade Federal do Acre (UFAC) Guida Aquino, a sociedade reconhece sim o trabalho e o papel das universidades, sobretudo, nesse período da covid-19.

“A boa audiência do nosso congresso mostra que a sociedade reconhece o trabalho das universidades, que, apesar de todos os cortes de investimentos nesses últimos tempos, continuam sendo protagonistas nas ações do combate de enfrentamento à pandemia nos seus estados, assessorando governos e prefeituras. Está sendo difícil para todos os brasileiros e para nós, que estamos gestando as universidades nesse momento de pandemia”, disse.

Reitor Antônio Cláudio da Nóbrega

O reitor Antônio Cláudio da Nóbrega (UFF) lembrou que o I Congresso Andifes estava programado antes do início da pandemia, com previsão de realização para abril desse ano. Em virtude da mudança no cenário mundial, o formato do evento precisou ser adaptado. “O desafio de mudar algo que já vinha sendo organizado com tanta dedicação mostra a capacidade da universidade de se reinventar. O congresso virtural foi um grande desafio que se tornou um grande sucesso”, celebrou.

Professor Roberto Romano

CONVIDADO
O segundo dia do congresso foi encerrado com uma conferência do professor de Ética e Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano. Ele manifestou preocupação com os efeitos da pandemia. “A crise causada pelo coronavírus está gerando uma recessão quase sem precedentes, de alto impacto no cenário tributário. Assistimos a um nível dramático de investimento em políticas de desenvolvimento, ciência e tecnologia. Sem um plano nacional de educação técnico, dificilmente uma economia sobreviverá às doenças coletivas, com todos os reflexos de uma pandemia.”

HOMENAGEM
Durante o segundo dia de congresso, a Andifes prestou homenagem ao ex-presidente Tomaz Aroldo da Mota Santos, por ocasião do falecimento ocorrido na manhã de quinta-feira (18), em Belo Horizonte.

O ex-reitor Tomaz Aroldo Mota dos Santos recebe homenagem da Andifes

Primeiro reitor negro e defensor da universidade pública, Tomaz da Mota tinha 76 anos e foi presidente da Andifes entre 1997 e 1998, quando criou a Rede Negritude. Muito antes do sistema de cota racial ter sido implementado nas universidades, já defendia direitos e inclusão. Em sua ampla trajetória acadêmica, foi reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entre os anos de 1994 a 1998 e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) entre 2015 e 2016. O ex-reitor Tomaz da Mota era professor emérito da UFMG.

O PAPEL DA ANDIFES
João Carlos destacou que a Andifes tem desenvolvido um papel fundamental nessas ações promovidas pelas universidades. “A Andifes é grande em suas ações conjuntas, as quais têm permitido a elaboração de políticas decisivas para a educação pública brasileira, realizando um trabalho muito importante na defesa do conjunto das universidades federais, que, com muita frequência, têm sido alvos de ataques contra a nossa autonomia e contra o exercício da nossa natureza”, lembrou.

Por fim, o presidente celebrou o sucesso do I Congresso Andifes. “Quero aqui agradecer a cada instituição que organizou os teus trabalhos, às pessoas envolvidas nessas atividades que tiveram grande audiência no país inteiro”, finalizou.